Quem ensina
aprende.
Os adultos têm
muito o que aprender com as crianças, mas é preciso ter "olhos",
"ouvidos", "sentidos"... abertos e disponíveis.
Em um novo
momento de estudo com Isabela, aos 8 anos e no segundo ano, tínhamos uma lição
sobre o desenvolvimento das plantas e suas estruturas. O conteúdo do livro
abordava os ciclos de desenvolvimento e também as estruturas dos seres vegetais,
além das diversidades, como as plantas mas rasteiras, as árvores, os cactos,
etc.
Falávamos também
de como os seres mudam a depender da fase que eles se encontram, como a
sementinha que germina, que vira um broto, que nasce a primeira folha, que
cresce, que aparece a flor e assim por diante.
Comentei que
esses processos, em certa medida, também acontecem com as pessoas. Ao dizer
isso notei que Isabela virou os olhos e parou. Reparei que estava a refletir.
Perguntei então o que pensava. Ela então disse que aceitaria crescer (deixar de
ser criança), mas que não iria nunca parar de brincar de boneca, nunca iria
abandonar suas bonecas. Sorri para ela e entendi o quanto ela experienciava
essa lição. Isabela vivia o luto ao ter consciência sobre suas transformações e
consequentes mortes, ou seja, estava deixando algumas fases, mas também vivia a
abertura de outras vindouras.
O que parecia
mais incomodar Isabela não era deixar de ser criança, como ela mesma disse, mas
sim abandonar suas "amigas e filhas". Além disse, pude entender o
quanto aquele assunto mexia com ela, aliás, acredito que todo assunto (conteúdo),
quando devidamente significado, tem algo vivido, experienciado por aquele que
aprende. E por vezes o vivido, o experienciado, não é nada aprazível, vem com angústia,
com ansiedade...
Isabela terminou
aquele momento sobre o desenvolvimento das plantas e foi para o seu quarto
brincar com as bonecas.
Eu fiquei na
sala a pensar sobre tudo aquilo. Disse para mim mesmo: “Acho que eu posso
brincar!”