sábado, 28 de agosto de 2010

TEMPO PARA TUDO

(Acho que essa bela passagem bíblica é de grande sabedoria e pode ser muito educador para nós professores...)


Tudo neste mundo tem seu tempo;
cada coisa tem sua ocasião.
Há um tempo de nascer e tempo de morrer;
tempo de plantar e tempo de arrancar;
tempo de matar e tempo de curar;
tempo de derrubar e tempo de construir;
Há tempo de ficar triste e tempo de se alegrar:
tempo de chorar e tempo de dançar;
tempo de espalhar pedras e tempo de ajuntá-las;
tempo de abraçar e tempo de afastar;
Há tempo de procurar e tempo de perder;
tempo de economizar e tempo de desperdiçar;
tempo de rasgar e tempo de remendar;
tempo de ficar calado e tempo de falar.
Há tempo de amar e tempo de odiar
tempo de guerra e tempo de paz.

Eclesiaste 3, 1-8

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Universidade compromissada com o desenvolvimento da região ou redentora?

Desde que a UNIVASF foi criada ou até mesmo no período das articulações para sua criação, havia uma expectativa acentuada a respeito do que uma universidade federal poderia impactar na região do Vale do São Francisco. Ao estabelecer contato com diversas pessoas, sobretudo dos municípios de Juazeiro, Petrolina e circunvizinhos, é fácil notar o quanto essas pessoas esperam da UNIVASF. As demandas, as expectativas e a ânsia em suprir tantas necessidades reprimidas têm nos preocupado em termos da articulação entre universidade e comunidade.
Uma das características da UNIVASF é sua vinculação com a região, tendo isto como missão explicitada em seu Estatuto e no Plano de Desenvolvimento Institucional - PDI. Assim, é imprescindível que a articulação e o diálogo entre a universidade e a comunidade possam existir. A grande questão é buscar essas articulações e diálogos de maneira tal que se efetive a missão, mas sem alimentar a ideia de que a UNIVASF poderia ser uma espécie de redentora da região. Isso nos inquieta, sobretudo quando nos lembramos das críticas já consagradas sobre o mito da ciência como salvadora do mundo. A universidade, como locus que privilegia a produção de conhecimento científico, pode “colar” com a ideia desse mito.
Depois de tanto tempo de quase inexistência de políticas públicas efetivas que provoquem transformações na região é de se esperar que as expectativas sejam muito grandes em relação a UNIVASF. Contudo, há um risco de se reforçar a ideia de uma universidade que pudesse resolver todos os problemas crônicos que assolam a região. Quando estávamos coordenador do colegiado de psicologia era rotineiro recebermos visitas das mais diversas representações da sociedade demandando (no que tange ás competências de um curso de psicologia, bem verdade) intervenções, ajudas, cooperações, projetos, etc. Na experiência da pro-reitoria de ensino e observando as demais pro-reitorias, percebemos que as demandas são ainda maiores. Muitas dessas relações são estabelecidas e profícuas, mas outras tantas não são atendidas.
Na nossa avaliação, a UNIVASF pode ainda fazer muito mais, dialogando e se articulando com a região, mas ao mesmo tempo ela não vai ser a redentora. Evitar os extremos e seguir o caminho do meio parece-nos ter sido princípios de sabedorias milenares. Sendo assim, pensamos ser urgente afirmar políticas universitárias que fortaleçam as relações com a comunidade e que potencializem o desenvolvimento regional. Ao mesmo tempo, consideramos prudente não reforçar a ideia de uma instituição “salvadora da pátria”. Não que alguém ou algum grupo (da Universidade ou fora) esteja reforçando tal ideia. Simplesmente abordamos isso para chamar atenção à necessidade de potencializar mais essa concepção elementar da UNIVASF, mas tendo o cuidado de não nutrir uma frustração a partir da universidade como redentora.
Entre Brasília e Recife
Agosto de 2010

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

DIMENSÃO DA GESTÃO NA DOCÊNCIA - GOVERNABILIDADE E GOVERNANAÇA: UMA QUESTÃO DE VÍNCULOS


Dando prosseguimento as nossas discussões sobre a questão da dimensão da gestão na docência, queremos chamar atenção para dois aspectos que consideramos importantes: a chamada governabilidade e governa. Estes dois conceitos são oriundos das áreas relacionadas à gestão (administração, economia, ciências políticas, etc.). A governabilidade se refere as condições de legalidade e de credibilidade de um determinado governo para atentar às transformações necessárias. Já a governança está relacionada à capacidade de colocar as condições da governabilidade em ação, executá-las.
Os dois aspectos dizem respeito ou estão relacionados a condição de vínculos estabelecidos no interior da equipe que compõe a gestão, mas também entre a equipe e a comunidade diretamente ligada a ela.
Para que um gestor, ou uma equipe de gestão tenha condições de efetivar suas ações é necessário que as pessoas, diretamente ligadas, endossem, apóiem, acreditem, sustentem e interajam construtivamente com o gestor e ou a equipe de gestão. De maneira semelhante, para que o gestor possa executar ou colocar em ação as condições de governabilidade é preciso que os parceiros e a equipe tenham um bom nível de comunicação, que tenham cadência, sintonia e reverberação entre o que emana do gestor e o que é transmitido em toda a escala da gestão.
A governabilidade e a governança necessitam de uma qualidade de vínculo entre as pessoas. É óbvio que, quando se refere ao nível de uma sociedade a coisa se torna muito mais complexa e entram muitos outros elementos que vão influenciar a governabilidade e a governança.  Quando se trata, contudo, de uma gestão no campo da educação (e este é o nosso caso) a qualidade dos vínculos entre as pessoas é o que marca como fundamental.
A qualidade dos vínculos, portanto, deve trazer características de diálogo, de compreensão, de abertura, de participação, de liberdade (sem excesso, não confundido com libertinagem), de confiança, respeito mútuo, transparência e, acima de tudo, atitudes que potencializem o SER MAIS dos outros.
A responsabilidade maior, obviamente, para que essas características possam preponderar recai sobre o gestor. Ele, nesse sentido, ganha um papel análogo ao do maestro que conduz sua orquestra. Ele opera um ritmo, dá o seu exemplo, se coloca a frente, orienta o compasso, aponta para as ações e coordena o processo. O gestor no campo da educação precisa estar atento a qualidade dos vínculos, das relações, porque esta é indissociada da governabilidade e governança.
A dimensão da gestão para a docência diz respeito, sobretudo, a qualidade dos vínculos que são estabelecidas. Para dar um exemplo, citemos as inúmeras situações já vivenciadas por algumas escolas que obtiveram sucesso na implantação de algum programa (há pesquisas interessantes sobre esse assunto). Conheci algumas diretoras que assumiram a questão da inclusão e que por isso foi fundamental para o sucesso do programa. Em outras escolas que também conheci, a inclusão não se deu de maneira satisfatória porque não houve a adesão das diretoras. Pude também constatar que além da adesão das diretoras estas foram cativantes, comunicativas, motivadoras, líderes... Estes elementos, por sua vez, dizem respeito as qualidades dos vínculos e atuam diretamente sobre a questão da governabilidade e governança.