quinta-feira, 19 de agosto de 2010

DIMENSÃO DA GESTÃO NA DOCÊNCIA - GOVERNABILIDADE E GOVERNANAÇA: UMA QUESTÃO DE VÍNCULOS


Dando prosseguimento as nossas discussões sobre a questão da dimensão da gestão na docência, queremos chamar atenção para dois aspectos que consideramos importantes: a chamada governabilidade e governa. Estes dois conceitos são oriundos das áreas relacionadas à gestão (administração, economia, ciências políticas, etc.). A governabilidade se refere as condições de legalidade e de credibilidade de um determinado governo para atentar às transformações necessárias. Já a governança está relacionada à capacidade de colocar as condições da governabilidade em ação, executá-las.
Os dois aspectos dizem respeito ou estão relacionados a condição de vínculos estabelecidos no interior da equipe que compõe a gestão, mas também entre a equipe e a comunidade diretamente ligada a ela.
Para que um gestor, ou uma equipe de gestão tenha condições de efetivar suas ações é necessário que as pessoas, diretamente ligadas, endossem, apóiem, acreditem, sustentem e interajam construtivamente com o gestor e ou a equipe de gestão. De maneira semelhante, para que o gestor possa executar ou colocar em ação as condições de governabilidade é preciso que os parceiros e a equipe tenham um bom nível de comunicação, que tenham cadência, sintonia e reverberação entre o que emana do gestor e o que é transmitido em toda a escala da gestão.
A governabilidade e a governança necessitam de uma qualidade de vínculo entre as pessoas. É óbvio que, quando se refere ao nível de uma sociedade a coisa se torna muito mais complexa e entram muitos outros elementos que vão influenciar a governabilidade e a governança.  Quando se trata, contudo, de uma gestão no campo da educação (e este é o nosso caso) a qualidade dos vínculos entre as pessoas é o que marca como fundamental.
A qualidade dos vínculos, portanto, deve trazer características de diálogo, de compreensão, de abertura, de participação, de liberdade (sem excesso, não confundido com libertinagem), de confiança, respeito mútuo, transparência e, acima de tudo, atitudes que potencializem o SER MAIS dos outros.
A responsabilidade maior, obviamente, para que essas características possam preponderar recai sobre o gestor. Ele, nesse sentido, ganha um papel análogo ao do maestro que conduz sua orquestra. Ele opera um ritmo, dá o seu exemplo, se coloca a frente, orienta o compasso, aponta para as ações e coordena o processo. O gestor no campo da educação precisa estar atento a qualidade dos vínculos, das relações, porque esta é indissociada da governabilidade e governança.
A dimensão da gestão para a docência diz respeito, sobretudo, a qualidade dos vínculos que são estabelecidas. Para dar um exemplo, citemos as inúmeras situações já vivenciadas por algumas escolas que obtiveram sucesso na implantação de algum programa (há pesquisas interessantes sobre esse assunto). Conheci algumas diretoras que assumiram a questão da inclusão e que por isso foi fundamental para o sucesso do programa. Em outras escolas que também conheci, a inclusão não se deu de maneira satisfatória porque não houve a adesão das diretoras. Pude também constatar que além da adesão das diretoras estas foram cativantes, comunicativas, motivadoras, líderes... Estes elementos, por sua vez, dizem respeito as qualidades dos vínculos e atuam diretamente sobre a questão da governabilidade e governança.

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