sábado, 17 de outubro de 2020

terça-feira, 16 de junho de 2020

A ESCOLA DE CRONOS: O “DEUS” QUE DEVORA CONTEÚDO E GERA ANGÚSTIA EM TEMPOS DE PANDEMIA



Em relação com o que estamos vivendo nestes últimos meses, observamos um cenário mundial inusitado, onde somos afetados pela pandemia decorrente da COVID- 19. Pode-se refletir que o tempo vivido e o tempo cronológico estão em real descompassos. Os números de casos de infectados pelo coronavírus em nosso país, está cada vez mais alarmante e todos estamos impactados, inclusive no meio educacional, pois, além das angústias próprias dessa situação, há obrigatoriedade de cumprimento da carga horária e dias referentes aos conteúdos escolares, via atividades remotas, numa ação que supõe garantir o ensino e a aprendizagem.

Na Lei de no 9.394 de 1996, também conhecida como a Lei de Diretrizes e Bases da Educação, é sinalizado em seu artigo 24 e 31, que no ensino fundamental e médio e na educação infantil, respectivamente, o ano letivo será organizado por intermédio da carga horária mínima de 800 horas, distribuídos em 200 dias letivos. Os professores, nesse caso, são incumbidos de ministrar os dias-letivos, além de horas dedicados ao planejamento, avaliação e a formação profissional.

Alguns meses do ano letivo 2020 se passaram e o desafio do cumprimento legal é posto à prova, demandando respostas à comunidade escolar que podem ter interpretações variadas. Há um tempo que está sendo perdido? O tempo está sendo devorado? Ou seria tempo de criação e valorização da experiência vivida?
Lembremos que a escola está para-além dos seus muros, e que é lugar facilitador das aprendizagens, sendo espaço de convivência e, por tudo, formativa. Nesse sentido, qual melhor interpretação, ou ainda, qual resposta poderia a escola produzir, no veio legal, considerando a situação angustiante que todos estamos a viver?

Na mitologia grega, Cronos é conhecido por ser o deus do tempo, que controla o início e o fim de tudo, que consome as coisas, as pessoas e rege os destinos. O deus Cronos destrona o senhor do céu Urano - seu pai, para comandar o princípio e o fim de tudo. A escola disciplinar, conteudista, adestradora de corpos, como outrora já nos apontava Michel Foucault, está bastante envolvida em suprir um tempo que considera perdido perante o perigo à sua porta. A escola, pelo viés Cronos, destrona a vida, marcando-a com a exaustão de envio de “tarefas e mais tarefas” em regime domiciliar, levando ao ambiente doméstico o “correr contra o tempo”. As escolas impõem, ao assistirem aulas remotas no modo virtual, uma preparação do ambiente doméstico comparado a escola, inclusive, em alguns casos, obrigando os alunos a utilizarem o fardamento escolar, orientando os pais a fotografar e comprovar que o tempo estava sendo destinado a execução das tarefas.

O Cronos neste tempo de pandemia vai ordenando que todos, absolutamente todos, estejam em torno do foco conteudista, de tentar dar conta de uma lista de conteúdos que talvez, para muitos, nesse dado momento, seja vazio de sentido, já que o saber se dá na relação de “ensinagens e aprendizagens”, em que as engrenagens funcionam pelo o envolvimento de todos.

Após destronar o pai Urano, todos aqueles que nasciam de sua mãe Gaia eram devorados por Cronos, assim também nossos estudantes estão sendo devorados” por uma série conteudista e disciplinadora, para sanar a preocupação de pais quanto ao investimento escolar”, as ameaças em ter que passar de ano e estar competitivo para o ENEM ou para as avaliações educacionais, que visam produzir índices.

Cronos é o devorador do destino, assim há picos de ansiedade em todos os lados, e na família não é diferente, já que, atualmente, o lar virou também o home office. Para uns é a experiência da crueldade vivida na própria condição de trabalho docente, que já era precarizado. Os professores, arremessados à boca devoradora de Cronos, têm que atender a todo momento demandas de alunos e pais via as telas, como um buraco negro a sugar suas energias.

Se antes o professor tinha um tempo já reduzido para recompor sua vitalidade, nos raros momentos de descanso, agora o seu tempo não o pertence mais, definitivamente. As cobranças ilimitadas do sistema educacional, seja na rede privada ou pública, via de regra, consomem o tempo vida...

Diante disso, podemos refletir sobre várias questões, dentre elas elencamos: esse contexto de isolamento social está sendo considerado como uma “perda de tempo” para os escolares e famílias? O que pensam os estudantes sobre? Será que há aprendizagens do viver capazes de agregar a essas e as próximas gerações diante da gravidade de tudo o que vivemos? Vale a pena continuar realizando aulas remotas para suprir o que se considera “tempo perdido”?

Cronos é o deus que controla o tempo desde o nascimento até à morte. Ele é cruel, escraviza os seres dentro de seu tempo, nos mantém na sensação do tempo que passa e se perde. Em nossa sociedade sente-se profundamente isso porque vivemosenquadrados nas horas contadas do relógio, encaixados nas expectativas sociais e tantas vezes nos perdemos de nós mesmos. Cronos é também o deus da agricultura, que assim como nós humanos com nossas polaridades entre aspectos favoráveis e desfavoráveis, ele também nos indica que há tempo para plantar e tempo para colher. Ou seja, há tempo para tudo, tempo para refazer o tempo, seja na escola ou na própria vida.

Assim como no mito de Cronos, a escola está abarcando a luta para vencer o tempo estipulado por um sistema, que devora e aprofunda a angústia, levando a todos a viverem impactos e distanciando ainda mais o prazer pelas “ensinagens e aprendizagens” que acontecem com o próprio viver, com as experiências, com a convivência com quem está mais próximo, com todo o planeta que tenta se equilibrar dia após dia em torno de conflitos que impossibilitam a integridade humana.

Que as nossas preocupações sejam reservadas para o agora, sabendo viver o hoje com o que nos é possível realizar, adotando medidas que pensem no aluno, no professor, no pai/mãe/cuidador enquanto pessoa e não alguém que precisa produzir para alimentar os números de um sistema que a todo custo quer devorar e consumir o que ainda há de humanidade.

Clara Maria Miranda de Sousa
(Psicóloga, Pedagoga e Mestra em Formação Docente e Práticas Interdisciplinares)

Marcelo Silva de Souza Ribeiro
(Dr. em Educação e Prof. da Univasf)
Pesquisadores no Laboratório de Estudos e Práticas em Pesquisa-Formação (LEPPF).

sábado, 6 de junho de 2020

“EDUCAÇÃO CRÍTICA EM TEMPOS DE PANDEMIA” INFODEMIA E FAKE NEWS



Em tempos de pandemia, a educação crítica nos impulsiona a refletir acerca da veracidade e autenticidade das informações que circulam nos ambientes digitais. O excesso e a poluição de informações, chamada de infodemia, compondo o ecossistema virtual da fake news, passa a ser um dos principais desafios a ser encarado nos processos educativos da contemporaneidade.

Este é um panorama realmente novo. Os processos educativos com foco na criticidade nos apontam o caminho, que seria o mais apropriado para a convivência harmônica nos espaços midiáticos, sobretudo quando permeados intensamente pela emoção e polarizações, obliterando a consciência, a responsabilidade e empatia. Diminuir o abismo proporcionado pelas novas tecnologias entre aqueles que sucumbem na infodemia e os que a ultrapassa, é um processo gradual, que muito nos desafia.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) anunciou que vivemos uma infodemia contexto, está relacionada ao exponencial de informações, com todo tipo de qualidade e credibilidade (KALIL & SANTINI, 2020)infodemia relacionada à desinformação, é rapidamente difundida nas mídias sociais e associadas a determinado assunto, como o próprio vírus de uma pandemia, no qual estamos expostos, dificultando a localização de fontes confiáveis.

Esse movimento da infodemia é uma ameaça eminente à saúde global, dando corpo a todo tipo de visão, com ênfase a desinformação propagada, inclusive, por autoridades governistas. A infodemia chancelada por governos, geralmente de matiz autoritário, amplia o poder de convencimento, contagiando mais fortemente a opinião coletiva. Concomitante a isso, os meios difusores oficiais e as mídias reproduzem seus discursos alavancando e dando maior amplitude, levando informação (im)precisa a todos os lugaresEssa customização da desinformação propagada pela infodemia, incita, via de regra, o ódio, gerando nessa vertente conflitos ideológicos, partidários e identitários. Os efeitos desse contágio são deveras perniciosos, uma vez que ocasiona fissuras partidárias, seguindo a antiga estratégia de guerra do império romano: dividir para conquistar (BICHARA, 2020).

Ainda nesse contexto, como já implicitamente apontado, é importante enfatizar que uma forte vertente da infodemia é a fake news, notícias falsas, que costumam serem definidas como notícias, estórias, boatos, fofocas ou rumores deliberadamente criados para ludibriar ou fornecer informações enganadoras. A fake news visa ainda influenciar as crenças das pessoas e manipulá-las em prol de interesses escusos (SANTAELLA, 2018). A fake news sempre existiu, mas ganhou nova roupagem com a expansão das mídias digitais. Atualmente, conta também com perfis nas redes sociais programados por computadores para fazer tudo o que contas comuns fazem, espalhando informações de maneira automatizada-bots (robôs), tendo inserções também na internet profunda, obscura e escondida - dark web (internet obscura).

Em 30 de abril, a infodemia de fake news, “caixões vazios”, rendeu 1,9 mil compartilhamentos. As imagens continham caixões vazios e abertos. Segundo a Agência Lupa, especializada em fact checking, uma das imagens tinha sido feita há mais de dois anos, e a outra em 2015, sem nenhuma relação com o contexto de pandemia. Com isso, o intuito era descaracterizar os dados oficiais divulgados diariamente pelo Ministério da Saúde, inflando a população ao pânico e relaxamento do isolamento social, que seria, segundo a OMS, a medida mais eficaz para diminuir a circulação do vírus. A notícia foi associada às cidades de Manaus e São Paulo. Casos como este, fortalecem a narrativa perpetrada pelos produtores de fake news e negacionistas, emplacando uma narrativa que reforça a retórica do pensamento de colmeia/bot (robô), de que tantas mortes não são por Covid-19.

Dessa forma, é nítido que a infodemia tem sido fortalecida no domínio público, e se ancora no direito a opinião resguardada pela lei. Essa livre expressão é a válvula de escape em momento de privação social. É relevante pontuar que as tecnologias e sua expansão, transferiram o polo massivo de produção de notícias, das mãos dos jornalistas para cidadãos comuns, em considerável escala. Isso, em virtude do barateamento relativo à produção e a disseminação de conteúdos duvidosos.

Em virtude da relação emocional com a informação e do pouco conhecimento seguida da insipiência nos conhecimentos referentes à checagem, surgem às agências de fact checking, com o objetivo de verificar informações, que, quando falsas, podem comprometer o debate público e mesmo a integridade das pessoas. Com destaque maior, as seguintes: Agência Lupa, Aos Fatos, Boatos.org, E-Farsas, Fato ou Fake e o Projeto Comprova - atuante em período eleitoral que conta com outras entidades do meio jornalístico. A elas são vinculadas algumas estratégias para a inserção do senso crítico e verificador:
  •   Recebeu uma notícia inédita, urgente ou com pedidos de compartilhamentos? Fique atento!
  •   Observe sempre a data e o contexto em que aquele conteúdo foi publicado.
  •   Duvide de sites estranhos e de cópias de jornais conhecidos.
  •   Cuidado com impostores, por isso, verifique a informação na fonte oficial.
  •   Leia além do título.
  •   Situações de pânico? Desconfie.
  •   Nem todo áudio é verdadeiro, não confie em tudo que você escuta.
  •   Fotos são facilmente adulteradas, não confie em tudo o que você ver.
  •   Na dúvida não compartilhe.
  1. A educação crítica é, nesse cenário, a defesa primeira, pois é na escola que habilidades e competências, como a capacidade crítica, podem ser desenvolvidas, elevando o potencial investigador, de modo a instigar a análise de conteúdos em contextos diversos, levando em conta, inclusive, que a sociedade está se (re)configurando.

    Estimular os estudantes a se direcionarem a fontes confiáveis, propiciando a eles conhecerem quem publica, se é respeitado, o que omite, a quem direciona e, principalmente o quão é subjetivo, no que diz respeito às parcialidades, passa a ser tarefa primordial para formação de cidadãos em mundo da cibercultura (LEVY, 1999).

    Portanto, a infodemia de fake news gera bolhas com percepções perigosas e que podem comprometer a integridade das pessoas, principalmente em tempos de pandemia. Assim, se por um lado as plataformas digitais nos entretêm, por outro, requer um pensamento crítico e ético a ser mediado, dentre outros espaços, desde cedo pelos atores escolares. A escola, nesse sentido, precisa ser ratificada como sendo um espaço privilegiado de formação baseada na educação crítica.
Referências

BICHARA, Marcelo. Sars-cov-2: Infodemia, pós-verdade e guerra híbrida. [Revista Estudos Libertários (REL), UFRJ,VOL.2.No3; ED.ESPECIAL No1] 1o semestre, 2020. Disponível em: <revistas.ufrj.br/index.php/estudoslibertarios/article/view/34123/19090>. Acesso em: 30 maio, 2020.
Disponível em: <www.bbc.com/portuguese/brasil-52584458>
Disponível em: <
www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2020/05/familia-abre-caixao-em-velorio-e-cinco-sao-
contaminados-por-covid-19-na-bahia.shtml>
FERRARI, Pollyiana. 
Como sair das bolhas. - 1a reimpr. - São Paulo: EDUC/Fortaleza: Armazém de Cultura, 2019.
KALIL, I. & SANTINI, R.M. Coronavírus, Pandemia, Infodemia e Política. Relatório de pesquisa. Divulgado em 01de abril de 2020. 21p. São Paulo/Rio de Janeiro: FESPSP/UFRJ. Disponível em: <https://www.fespsp.org.br/store/file_source/FESPSP/Documentos/Coronavirus-e-infodemia.pdf>. Acesso em: 30 maio, 2020.
LÉVY, Pierre. Cibercultura. São Paulo: Ed. 34, 1999.
SANTAELLA, Lúcia. A pós verdade é verdadeira ou falsa? Barueri, SP: Estação das Letras e Cores, 2018.

Por:
Lucinalva de Almeida Silva
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(Professora e Mestranda em Formação Docente e Práticas Interdisciplinares/Educação na UPE)page4image7988224 page4image7985728
Marcelo Silva de Souza Ribeiro
(Dr. em Educação e Prof. da UNIVASF e UPE)
Pesquisadores no Laboratório de Estudos e Práticas em Pesquisa-Formação (LEPPF). Instagram: @leppfsertao

segunda-feira, 25 de maio de 2020

A “RODA VIVA” DA HISTÓRIA EM MEIO A DISSEMINAÇÃO DO ÓDIO

Saudações!

Mais um texto dos nossos rumores reflexivos em meio a disseminação do ódio, agregada a retrocessos e desigualdades sociais.
Ótima leitura e lembrar que a “roda viva” está sempre em movimento!
Nosso abraço

Clara Sousa
Marcelo Ribeiro
Pesquisadores no Laboratório de Estudos e Práticas em Pesquisa-Formação (LEPPF)
Instagram: @leppfsertao



segunda-feira, 11 de maio de 2020

ENEM EM TEMPOS DE PANDEMIA: PARA QUEM?




Ingressar no ensino superior ou em um curso técnico é um sonho de muitos jovens e que demanda elevado empreendimento de energia. Mas em tempos de pandemia, como isso fica? As diferenças já existentes em relação as condições de investimento se ampliam? Em situações de ensino-aprendizagem online, as lacunas que distanciam brilhantes estudantes sem condições materiais dos estudantes relativamente abastados, têm aumentado?
A propaganda do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) deste ano, estampa nos rostos dos jovens atores escolhidos a frase: “Você que lute!”. Isso quer dizer que realizar as provas do ENEM 2020 será puramente uma questão de mérito e não de oportunidades e de garantia de direitos básicos, como rege a Constituição Federal de 1988, em seu artigo 206: “I - igualdade de condições para o acesso e permanência na escola;”.
É notório que o acesso às oportunidades de preparação para o ENEM tem se precarizado para muitos estudantes da rede pública, justamente pela intensificação do abandono do estado em relação a sociedade de um modo geral, provocando maior impacto aos extratos sociais mais vulneráveis, onde estão localizados parte significativa dos estudantes dessa rede.
Muitos alunos só vão adquirir, por exemplo, seu primeiro computador quando ingressam no mercado de trabalho, isso sem falar da dificuldade de acesso a internet. Uma grande parte das famílias brasileiras vive em condições básicas de vida deficitária, então chega a ser algo perverso propor que cada um lute por si.
Como conseguir acompanhar e acessar as aulas online?
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O espanto toma maior dimensão quando redes municipais e estaduais, ecoando a campanha do Ministério da Educação do Sr Weintraub, demandando dos professores, de modo intempestivo e sem as devidas preparações, o planejamento e a execução de aulas. Será que o Brasil conhece mesmo o Brasil? Ou será cinismo?
Mesmo que se diga que as famílias brasileiras já têm acesso praticamente universalizado a internet, poucas conseguem manter uma rede de qualidade suficiente que favoreça assistir vídeo aulas, pesquisas e outras atividades. Há realidades em que o estudante anda quilômetros para chegar à escola, a exemplo da educação no campo onde muitos ainda sequer têm energia elétrica e acesso a água de qualidade em suas residências.
O que se levanta aqui é a necessária explicitação das reais condições básicas de uma boa parte dos estudantes de escola pública para fazer face ao ENEM nesse contexto de pandemia e isolamento social.
É sabido que as injustas diferenças sociais dos estudantes mais pobres elevam seus esforços para ingressar numa universidade ou curso técnico via ENEM. Daí intensificar as injustiças com discursos hipócritas é algo inadmissível porque evidencia- se um retrocesso na sociedade brasileira. Prefeitos, governadores e políticos em geral que apoiarem aulas online nesse contexto e sem as devidas condições para os mais vulneráveis vão ficar marcados na história nacional como páreas da cidadania.
Na propaganda oficial do MEC, há a imagem de jovens, provavelmente de classes sociais mais favorecidas, com espaço reservado para estudos em casa, com acesso a internet de boa qualidade e dispositivos como smartphone e notebooks. Certamente não são jovens que necessitam trabalhar, além de manter os estudos e que, em suas casas, carecem até mesmo de água para tomar banho ou um pão para comer.
Os jovens da propaganda do MEC indicam frequentar escolas com toda sorte de recursos e pertencer a famílias onde os pais possuem alta escolaridade. Tudo incide nas condições de vantagem na hora de concorrer a uma vaga no ENEM.
Felizmente circulam nas mídias sociais outros vídeos viralizados”, mostrando jovens conscientes do momento atual e que sinalizam que dias piores virão, além de denunciar a perda das garantias de direitos ao acesso à educação de qualidade.
Para quê e para quem o ENEM 2020 favorecerá via propagandas do MEC e ações reproduzidas em redes a educação?
Ano após ano percebe-se que de milhares de jovens conseguem ingressar no ensino superior de universidades públicas não por falta de capacidade, mas sim por falta de condições. Perdemos gênios, jovens inteligentes e com potenciais fantásticos por uma infeliz mazela social que é ratificada por campanhas como a do MEC. Governos municipais e estaduais terão coragem de por em prática se o mínimo de questionamento?
O Brasil e o mundo estão impactados com a situação da pandemia. Isso é fato. A questão é se esse impacto vai ser aprofundado ou não via políticas de tomem direção da exclusão ou da inclusão. A visão e as ações reduzidas a meritocracia (“só depende de você), torna o futuro mais funesto para os que têm menos oportunidades, potencializa a
a pobreza e joga um sem número de jovens as condições marginais de uma sociedade cada vez mais deteriorada.
Clara Maria Miranda de Sousa
(Psicóloga, Pedagoga e Mestra em Formação Docente e Práticas Interdisciplinares)
Marcelo Silva de Souza Ribeiro
(Dr. em Educação e Prof. da Univasf)
Pesquisadores no Laboratório de Estudos e Práticas em Pesquisa-Formação (LEPPF).


Fonte: @desenhosdonando
Disponível em: 
https://www.instagram.com/p/B_41WUDJH8K/?utm_source=ig_web_copy_link

quinta-feira, 9 de abril de 2020

O BOM USO E O MAL-USO DA EAD EM TEMPOS DE EPIDEMIA




Muito tem se falado sobre a importância da educação a distância (EaD) nesse contexto de pandemia e o consequente isolamento social, principalmente com a suspensão das aulas nas redes escolares.
Não há dúvidas de que a EaD tem um papel fundamental na contemporaneidade, ainda mais com os sempre atualizados recursos das novas tecnologias da informação e comunicação (NTIC) e a ampliação ao acesso da internet.
Particularmente, eu sou entusiasta da EaD e das NTIC. Tenho atuado como professor e pesquisador nesses campos que se mostram ricos em possibilidades de interações, aprendizagens, etc.
Contudo é necessário reconhecer certas limitações e condições necessárias para que a EaD possa cumprir, com qualidade, seus propósitos. Há especificidades irredutíveis na EaD. 
Algumas dessas condições dizem respeito, só para ficar em dois exemplos: ao necessário preparo dos docentes e equipe técnico-pedagógica para preparar os ambientes virtuais de aprendizagem (AVA) e os devidos conteúdos de aprendizagem; uma outra coisa muito importante é a condição do estudante. Este precisa ter acesso a internet e aos dispositivos (seja computador, smartphone, tablet..), além de relativo preparo.
O que está acontecendo em algumas redes de educação, sobretudo na rede pública da educação básica, onde boa parte dos estudantes oriundos de famílias de baixa renda estudam, é algo totalmente antipedagógico e um insulto à educação, principalmente aos professores e mesmo às famílias. Não somente importante frisar os cuidados quanto ao uso das tecnologias, mas também ao contexto em que muitas famílias estão inseridas, em que pais são demandados a mediar as lições aos seus filhos. Mas quando os pais são analfabetos ou não conseguiram galgar nem a finalização do ensino fundamental? 
A questão do isolamento social é muito séria e tem repercussões profundas em vários aspectos de nossas vidas. Uma dessas repercussões tem a ver com o afastamento de milhares de crianças e adolescentes do espaço escolar. É até compreensível buscar alternativas para dirimir possíveis prejuízos decorrentes desse afastamento, mas daí, simplesmente e de modo intempestivo, substituir o modelo convencional pela EaD, mesmo que temporariamente, não faz sentido do ponto de vista pedagógico, além de ser algo extremante comprometedor em relação ao trabalho docente e também para as famílias.
Os professores dessas redes estão enlouquecendo, pois estão sendo obrigados a lidar com recursos (EaD, NTIC...) que não estavam preparados, a organizar materiais sem a devida formação, além de contar com precárias condições de trabalho já existentes, e agora agravadas com o contexto do isolamento.  Os professores que já vivenciam uma carga de angústia em seus postos de trabalhos, precisam agora aprender de uma hora para outra as metodologias de ensino a distância. Pela pouca formação ou habilidade, o ensino acaba ficando comprometido, já que os recursos tecnológicas não favorecem a grande parte dos inúmeros estudantes dos meios populares. Fazem home office? Se sim, em que condições?
Do lado dos alunos, estes oriundos de famílias de baixa renda, têm dificuldade de acesso a internet e mesmo aos dispositivos. E os pais, já atormentados com as questões da epidemia, problemas econômicos e toda instabilidade social e política que assola o país, se veem agora demandados a mediar os processos de ensino e aprendizagem em suas casas (muitas dessas casas de um ou dois cômodos, com acesso precário a energia e a água, e até mesmo famílias com restrições alimentares). 
Sim, a EaD tem suas exigências mínimas para “um bom uso”. É necessário estrutura em termos de internet e dispositivo, além da rotina e disciplina nas atividades, geralmente mediadas por adultos quando se trata de EaD voltada para crianças. Como ter isso em muitos lares?
Ademais, os pais estabeleceram com contrato em relação com atividades escolares convencionais... Como é isso do ponto de vista do direito? 
Bem, uma coisa seria lançar mão da EaD e das NTIC para manter os vínculos entre famílias-estudantes-escolas, como por exemplo, disponibilização de livros digitais, mensagens dando dicas acerca de atividades educativas que possam ser feitas em casa, mensagens e lives sobre a pandemia, datas comemorativas ou mesmo comunicações que expressem afetos e cuidados da escola para com os alunos e famílias. Isso sim seria fazer um bom uso desses recursos e não um faz de conta que mais traz prejuízos do que outra coisa. Até mesmo como um gesto de humanização e não pensando na sequência de conteúdos de maneira alienada. É necessário termos uma visão interdisciplinar, em que a aprendizagem acontece a todo momento na relação em que se mantém uns com os outros. 
Se o isolamento é algo temporário por que então não assumir realmente esses possíveis prejuízos de um, dois ou até mesmo três meses? Não seria melhor assumir essas limitações e recomeçar as aulas com qualidade? O que realmente se quer com essas imposições intempestivas de se voltar para EaD sem as condições mínimas? Garantir o ano letivo? Mas a que custo? Onde está a importância verdadeira da educação? 
            Estas podem ser algumas sinalizações de angústias de muitos espalhados pelo nosso país, quiçá no mundo. A ideia aqui é provocar reflexões e contribuir para práticas que com realidade, equilibrando a construção de aprendizagem permeado pelo momento em que vivemos, sem fugir e nem deixar de se responsabilizar do que poderá nascer deste tempo tão instável. 

Marcelo Silva de Souza Ribeiro
(Dr. em Educação e Prof. da Univasf)

Clara Maria Miranda de Sousa 
(Psicóloga, Pedagógica e Mestre em Formação Docente e Práticas Interdisciplinares)

domingo, 2 de fevereiro de 2020

Disciplina Educação e Políticas Públicas 2019.2

É com alegria que concluímos mais um semestre letivo da nossa disciplina Educação e Políticas Públicas.

Parabéns as queridas estudantes e querido estudante. Forem ricas aprendizagens e a nossa culminância (último dia de aula) foi especial.
Layla, Regina, Queila, Samara, Andreia, Ozeni, Tereza, Adjácia e Eralina.




Para quem quiser conferir algumas das produções dos graduandos é só clicar nos seguintes links:

Desaprender














Desaprender

Queila Andrade Haine Campos
(Graduanda de Psicologia - Univasf. 
Disciplina Educação e Políticas Públicas.
Prof. Marcelo Ribeiro)


Algo mágico acontece aos vintes e cinco anos, perspectivas e as prioridades mudam, não sei, tenho a impressão que isso chegou cedo pra mim, esperava que viesse lá pelos 30. Sinto que cheguei na fase Rubem Alves, de Desaprender. “[...] desaprender para aprender de novo. Raspar as tintas com que me pintaram. Desencaixotar emoções, recuperar sentidos”. E como se a escola e as universidades tivessem se perdido em sua missão. Não falamos sobre isso na sala de aula e nem precisamos recorrer aos índices do Pisa (2018), INEP... para perceber que há tempos a escola deixou de explorar o desejo de conhecer. 
 Passamos em média 14 anos na escola, somado uns cinco na graduação e caso queira prosseguir na academia, vão-se anos em mestrado e doutorado. Fato que passamos boa parte de nossa vida na escola e universidade e talvez nem 10% desses saberes realmente nos acompanhem. Para além de culpar professores, alunos e gestores precisamos repensar a quem realmente a escola está a serviço, pois apesar de sua inegável importância tem sido tratada como secundária, um exemplo é a aprovação da Proposta da Emenda Constitucional (PEC) 241 que limitou os gastos públicos pelos próximos 20 anos. (Agência Senado, 2018)
Contudo, fazer uma retrospectiva da educação brasileira principalmente no contexto econômico pode nos ajudar a compreender o processo de falência das escolas, considerando alguns acontecimentos históricos e suas implicações na conjuntura atual. Uma vez que, a educação pública há tempos sofre cortes orçamentários, os quais segundo Dusek (2019) tem contribuído para evasão e má formação do aluno e tem impactado no alcance de direitos, aumento das desigualdades sociais e também na construção da cidadania.
         Voltando até o fim da segunda grande guerra, por volta de 1945, com a vitória dos aliados, o Brasil passou por um intenso processo de modernização que provocou mudanças em vários setores da sociedade, em especial, devido a influência do Keynesianismo cuja proposta é a ampliação dos gastos públicos objetivando aquecer o setor privado (Morais, 2014 citado por Dusek, 2019). Juscelino  Kubitschek  (1956-1960) abraçou as concepções keynesianas focou em produção, em acúmulo de capital e seu plano desenvolvimentista composto de cinco eixos. Todavia, “apenas 3,4% das verbas foram previstas para e educação, enquanto 93% de recursos foram destinados à energia, transporte e indústria de base” (Strassburg, 2015, p. 27, citado por Dusek, 2019). Já começamos a perceber como a educação foi menosprezada e que a ausência desse financiamento levou a consequências a longo prazo.
         Pulando para a Ditadura Militar que começou em 1964, nesta houve inúmeros retrocessos muito custosos aos brasileiros, como a supressão de direitos civis, políticos e sociais. Obviamente, esse rompimento com a democracia repercutiu nas escolas e universidades, as quais tiveram sua autonomia reduzida, conteúdos alterados e desigualdades corroboradas (Dusek, 2019). Nesse contexto, as políticas públicas educacionais estavam a serviço dos grupos que apoiaram o golpe militar, promovendo a rápida expansão do ensino privado. (Cunha, 2014, p. 363, citado por Dusek, 2019).
         Chegando na contemporaneidade, a educação continua não sendo uma prioridade para os governantes, ainda mais devido a vigência da ideologia econômica neoliberal. Entretanto, é importante ressaltar que apenas o investimento financeiro não será a solução de todos nossos problemas, mas o comprometimento desse setor, impacta, reforçando as desigualdades sociais, com mais veemência o pobre que sofre com o sucateamento das instituições de ensino.
         O que faremos com todos esses números e fatos? Penso que é urgencial a “democratização da vida nas escolas”, o poder precisa ser diluído por toda comunidade escolar. Rubem Alves (2011) sugere que comecemos de fato a escutar as crianças e adolescente e que eles realmente sejam levados a sério nas tomadas de decisões na escola. Há tanta pressa em se memorizar o máximo de conteúdo que puder, passar no vestibular (Enem), passar em um concurso; como todos entraram no ritmo frenético das máquinas, ninguém quer ficar pra trás e as linhas de chegada vão ficando cada vez mais inatingíveis, porque falta o deleite do caminho e dos dias comuns. Nesse sentido, é preciso que a escola “gaste” mais tempo se interessando por seus alunos, por seus sonhos, medos, alegrias do que em cumprir um programa. A gente precisa reaprender a pedagogia do encanto e, cá entre nós, suspeito que acontece “Devagar.  Por  causa  do  prazer.  O  prazer  anda  devagar.” (Alves, 2011, p.63). 


Agência Senado. (2018).Promulgada Emenda Constitucional do Teto de Gastos Públicos. Disponível em:https://www12.senado.leg.br/noticias/materias/2016/12/15/promulgada-emenda-constitucional-do-teto-de-gastos  Acessado em 25/01/2020

Alves, R. (2011). A pedagogia dos caracóis. Verus editora.

Dusek, P. M., & Avelar, K. E. S. (2019). A trajetória da educação brasileira no contexto econômico. Revista Brasileira de Política e Administração da Educação-Periódico científico editado pela ANPAE35(2), 369.

Orientação Profissional em Políticas Públicas: processo emancipatório na Educação Básica


Layla Feitosa Maia Reis
Graduanda em Psicologia - Univasf. 
Disciplina Educação e Políticas Públicas.
Prof. Marcelo Ribeiro.


Diante da aprovação da Lei 13935/19 que se refere à prestação de serviços de psicologia e de serviço social nas redes públicas de educação básica (BRASIL, 2019), faz-se importante discutir sobre as ações realizadas pela Psicologia que possam ser introduzidas na regulamentação da lei. Neste caso, explorando especificamente a Orientação Profissional como promotora de liberdade e autonomia.
A Orientação Profissional não se reduz apenas a escolha de uma carreira, mas a facilitação da tomada de decisão através do reconhecimento de aspectos socioculturais, familiares e psicológicos que influenciam os sujeitos que dela participam (MOURA & SILVEIRA, 2002 apud MOURA, 2004). 
Embora essa seja uma possibilidade para a equidade e ascensão social ao favorecer o desenvolvimento da empregabilidade (WATTS, 1996 apud SILVA, 2010), o Brasil tem o histórico de beneficiar principalmente estudantes com alto poder aquisitivo de maneira individualizada, sendo sua inserção dada em contextos mais populares através de ações gratuitas realizadas por universidades públicas e privadas (SILVA, 2003 apud SILVA, 2010). 
Dessa forma, não há seguridade para que pessoas de baixa renda possam participar de programas de Orientação Profissional e, consequentemente, terem mais chances de atingirem o sucesso na carreira ao conhecerem suas possibilidades. Isso ocorre através das etapas de autoconhecimento, conhecimento das profissões e aprendizagem para a tomada de decisão (MOURA, 2004).
Estudantes com condições socioeconômicas mais baixas demonstram dificuldades em concretizar seus projetos profissionais por desconhecerem a realidade das profissões, assim como a necessidade de trabalharem mais cedo e enfrentarem obstáculos em investir na formação profissional (SPARTA, BARDAGI, & ANDRADE, 2005). 
Freire (1998) propõe que transformação social só é possível ao romper com as desigualdades sociais existentes que bloqueiam as atitudes de pessoas que se encontram à margem da sociedade. Para que isso ocorra, é necessário desvelar aspectos socioculturais estabelecidos enquanto regras sociais para a manutenção do poder (FREIRE, 1998).  Essa transformação pode ser auxiliada pelo profissional de psicologia, pois é sua função atuar de forma a minimizar as exclusões sociais, bem como potencializar o desenvolvimento dos indivíduos (CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA, 2019).
Portanto, o processo de orientação profissional deve romper com crenças que atribuam apenas ao sujeito a responsabilidade do fracasso e sucesso profissional ao ampliar a visão sobre as questões sociais que perpassam suas vidas (SPARTA et al. 2005), o que é possível já que tem como função contribuir  para que o indivíduo discrimine elementos que controlem seus comportamentos (MOURA, 2004). Assim, a Orientação Profissional em contexto escolar pode contribuir para que os alunos venham a transformar a realidade a partir da compreensão das relações sociais, bem como propiciar a realização pessoal e o reconhecimento social. 
A elaboração de um modelo de Orientação Profissional que seja ampliado para todas as camadas sociais, e contextualizado com os aspectos socioculturais de cada localidade, faz com que esse seja um mecanismo de justiça social por possibilitar oportunidades de estudo e trabalho iguais (MCMAHON et al., 2008a apud SILVA, 2010). Por isso a importância de inserir a Orientação Profissional no âmbito das Políticas Publicas, uma vez que estas são ações elaboradas pelo governo com a finalidade de assegurar direitos de cidadania e promover o bem-estar social (HÖFLING, 2001).
No entanto, para implantação da Orientação Profissional, deve-se ainda atentar para outras dificuldades, como a falta de profissionais capacitados e o direcionamento do trabalho para problemas de aprendizado, comportamentais e socioeconômicos, tidos enquanto questões emergenciais (MELO-SILVA et al., 2004 apud SILVA, 2010). 
Esses fatores não devem, entretanto, ser considerados obstáculos para a concretização da ação, mas sim uma análise para a modificação da atuação do profissional de Psicologia, tornando possível transformar as realidades acerca da área debatida, em um caminho rumo à emancipação dos estudantes, a partir do compromisso ético-político da Psicologia.

Referências
                                                                                                                       

BRASIL. Decreto-lei nº 13935, de 11 de dezembro de 2019. Dispõe sobre a prestação de serviços de psicologia e de serviço social nas redes públicas de educação básica. Brasília: Presidência da República [2019]. Disponível em:http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2019/lei/L13935.htm. Acesso em: 25 Jan. 2020.

 

 

CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA. Referências técnicas para atuação de psicólogas(os) na educação básica.2a Ed. Brasília: CFP, 2019. Disponível em: https://site.cfp.org.br/publicacao/referencias-tecnicas-para-atuacao-de-psicologasos-na-educacao-basica/. Acesso em: 25. Jan. 2020.


FREIRE, P. Pedagogia do Oprimido. 25 ª ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1998. 


HÖFLING, E. de M. Estado e políticas (públicas) sociais. Cadernos Cedes, v. 21, n. 55, p. 30-41, 2001. Disponível em: http://dx.doi.org/10.1590/s0101-32622001000300003Acesso em: 25 Jan. 2020.


MOURA, C. B. Orientação profissional sob o enfoque da análise do comportamento. Campinas: Aliança, 2004. 


SILVA, F. Construção de projetos profissionais e redução da vulnerabilidade social: subsídios para políticas públicas de orientação profissional no ensino médio. 2010. Tese (Doutorado em Psicologia Social) – Instituto de Psicologia, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2010. Disponível em: https://teses.usp.br/teses/disponiveis/47/47134/tde-06052010-120018/en.phpAcesso em: 25 Jan. 2020.


SPARTA, M.; BARDAGI, M.; ANDRADE, A. Exploração vocacional e informação profissional percebida em estudantes carentes. Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S14130394200500020000.  Acesso em: 25 Jan. 2020.