segunda-feira, 1 de novembro de 2021

CONSEQUÊNCIAS PSICOSSOCIAIS DO ENSINO REMOTO EMERGENCIAL: ANSIEDADE CAUSADA EM ALUNOS NO FIM DA GRADUAÇÃO, DURANTE O ENSINO REMOTO EMERGENCIAL NO PERÍODO DA PANDEMIA

 


Fonte: https://www.correiobraziliense.com.br/euestudante/educacao-basica/2021/02/4906892-ano-letivo-de-2021-apresenta-novos-obstaculos-para-o-ensino.html

Damiana Janaina Dias Ferreira 

Gabriela Mota Sampaio Lopes 

Gabriel Antonio Barão da Costa 

José Nilton dos Santos Filho 

Kamylla Viana Dantas


Graduandos em Psicologia da Universidade Federal do Vale do São Francisco



Introdução 

O presente trabalho tem o objetivo de refletir sobre as consequências psicossociais do ensino remoto emergencial, principalmente a ansiedade causada em alunos no fim da graduação, durante o período da pandemia da COVID-19. Visto que no momento atual os países de todo o mundo estão enfrentando o caos trazido pela pandemia, na qual está incluída um vírus altamente transmissível, morte em massa e sentimento de luto, oscilação e queda da economia e alteração do funcionamento do mercado de trabalho, pode-se afirmar que com a educação não seria diferente. Os estudantes brasileiros, de todas as idades e níveis de formação, estão sofrendo com as mudanças drásticas nos métodos de ensino, falta de condições financeiras e recursos necessários para o suporte adequado, além de muitos terem afirmado sentir grandes alterações no estado de humor, indicando assim sinais de Transtorno de Ansiedade. 

Trata-se de um trabalho, no qual, para alcançar o objetivo de investigar essas alterações de humor e a situação das consequências do ensino remoto emergencial (ERE) em alunos no fim da graduação, foi feita uma pesquisa de levantamento. Para a coleta de dados, foi utilizado um questionário online criado na plataforma “Google Forms” e baseado na “Escala Likert” de resposta. A população amostral foi reduzida a discentes universitários estudantes do oitavo período em diante e que estavam vivenciando o ensino remoto emergencial. 

Portanto, a seguir serão descritas características mais específicas sobre como esses estudantes estão vivendo esse momento complexo de mudanças, fim de mais um ciclo, que é a graduação, e as expectativas para o ingresso ao mercado de trabalho, bem como a investigação de como essas pessoas se sentem preparadas ou não para uma nova etapa. 

Método

Este trabalho solicitou às pessoas informações sobre seu contexto pessoal e profissional e como ele está sendo afetado pelo ensino remoto emergencial. A população consiste em estudantes universitários experienciando o ensino remoto emergencial. O único critério de inclusão foi ser um aluno universitário estudante do oitavo período em diante, através do ensino remoto. 

Utilizou-se um questionário online criado na plataforma “Google Forms” e compartilhado via internet para possíveis participantes. Primeiro, foi solicitado aos participantes informar algumas características pessoais sobre si, como idade, gênero, curso de graduação e vínculo empregatício. Depois, utilizando-se da “Escala Likert”, foi questionado o quanto os participantes concordavam ou discordavam de afirmativas relacionadas à sua percepção pessoal acerca das consequências do ensino remoto emergencial. 

Resultados e Discussão 

A primeira questão diz respeito a se o contexto da pandemia afetou sua satisfação com o curso e com a profissão, na qual 9,5% não concorda, 47,6% concorda em partes e 42,9% concorda plenamente; dos que concordam em partes, a maioria tem entre 22 e 26 anos, são do sexo feminino, não trabalham, não possuem filhos, a mesma quantidade de pessoas reside com 4 pessoas e com 2 pessoas e estão cursando o 8º período de nutrição. Na segunda questão, considero que o ambiente doméstico dificulta a minha aprendizagem/o meu aproveitamento, 14,3% não concorda, 47,6% concorda em partes e 38,1% concorda plenamente; a maioria que concorda em partes tem entre 22 e 26 anos, são do sexo feminino, a mesma quantidade de pessoas responde que trabalham e não trabalham, não possuem filhos, residem com 4 pessoas e estão cursando o 8º período de psicologia. Na terceira questão, considero que o período remoto tem influenciado negativamente na minha saúde mental, me deixando ansioso (a) ou retraído (a), 19% não concorda, 28.6% concorda em partes e 52.4% concorda plenamente; a maioria que concorda plenamente tem entre 22 e 26 anos, são do sexo feminino, não trabalham, não possuem filhos, a mesma quantidade de pessoas reside com 4 pessoas e com 2 pessoas e estão cursando o 8º período de nutrição. Na quarta questão, que trata sobre o acesso para a participação das atividades remotas, 19% concorda em partes e 81% concorda plenamente; a maioria que concorda plenamente tem entre 22 e 26 anos, são do sexo feminino, não trabalham, não possuem filhos, residem com 4 pessoas e estão cursando o 8º período de nutrição. Na quinta questão, considero, dentro da minha vivência pessoal, que houve algum

fator positivo advindo do contexto do ensino remoto adotado durante a pandemia, 9,5% não concorda, 66,7% concorda em partes e 23,8% concorda plenamente; a maioria que concorda em partes tem entre 22 e 26 anos, são do sexo feminino, a mesma quantidade de pessoas responderam que trabalham e não trabalham, não possuem filhos, residem com 4 pessoas e estão cursando o 8º período de nutrição. Na sexta questão, considero que o ensino remoto possa prejudicar o meu desempenho profissional ao ingressar no mercado de trabalho, 9.5% não concorda, 38.1% concorda em partes e 52.4% concorda plenamente; a maioria que concorda plenamente tem entre 22 e 26 anos, são do sexo feminino, não trabalham, não possuem filhos, reside com 2 e 5 pessoas obteve a mesma quantidade de respostas e a maioria está cursando o 8º período de nutrição. Na sétima questão, considero que a inserção no mercado de trabalho foi dificultada pelas restrições sociais, durante a pandemia da COVID-19, 4.8% não concorda, 38.1% concorda em partes e 57.1% concorda plenamente; a maioria que concorda plenamente tem entre 22 e 26 anos, são do sexo feminino, não trabalham e nem possuem filhos, residem com 4 pessoas e a maioria está cursando o 8º período de nutrição. 

Com base nos resultados obtidos, percebe-se a grande quantidade de respostas que concordam, seja plenamente ou em partes, com as afirmações de que a pandemia afetou sua saúde mental e também sua satisfação com o curso. Há queixas da falta de um ambiente adequado para o estudo, de modo que o próprio desempenho acadêmico é potencialmente reduzido. A insatisfação com o curso acaba também influenciando na autoavaliação do desempenho profissional que irá exercer em um futuro próximo. Segundo uma pesquisa divulgada pelo laboratório Pfizer, das pessoas entrevistadas que estão na faixa etária entre 18 e 24 anos, 39% afirma que a saúde mental ficou ruim durante o período da pandemia e 11% respondeu que ficou muito ruim. A pesquisa relata que as mulheres apontam mais questões relacionadas com a saúde mental, onde 38% classificou esse aspecto da vida como ruim ou muito ruim. De acordo com o psiquiatra e pesquisador da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Michel Haddad, a pandemia expôs um aumento dos casos de transtorno mental que já podia ser percebido nos anos anteriores, tendo os indivíduos deprimidos como o mais comum (MELLO, 2021). Uma característica das pessoas deprimidas é a falta de perspectiva. 

Além disso, um fator que precisa ser considerado, no que tange a satisfação com o curso, é o relacionamento interpessoal e a saúde mental. Arantes et al. (2018)

enfatiza a relevância das relações interpessoais, que se conectam com outros elementos e significados (como a performance e desempenho) para formar uma rede complexa que integra as histórias de vida, escolhas e perspectivas do sujeito. Durante a pandemia, as relações interpessoais foram bastante afetadas, muitas das vezes ficando restrita apenas a quem vive junto ao estudante. 

Dito isso, pode-se relacionar o impacto que a pandemia teve na saúde mental dos discentes com a falta de perspectiva e nos relacionamentos interpessoais com o nível de satisfação do graduando com o curso. 


Considerações finais 

Portanto, é de responsabilidade da instituição de ensino observar e intervir nos fatores que influenciam positivamente e negativamente o desenvolvimento psicossocial dos graduandos universitários. Isto pode ocorrer pelas adequações e adaptações dos recursos necessários para o acesso à aula, das formas de avaliação de aprendizagem e das responsabilidades da instituição de ensino superior. O Sistema Único de Saúde também pode promover ações conjuntas com o Ministério da Educação para trabalhar em prol da diminuição dos sintomas de ansiedade, depressão e outros sofrimentos mentais potencializados pelo isolamento social e a pandemia do COVID-19. Toma-se nota também que este ensaio é limitado por não se propor a realizar uma pesquisa com rigor científico e não se embasar em manuais teóricos relevantes, propondo-se ser um aparato acerca do aprendizado durante a disciplina Interfaces entre Educação e Saúde do curso de Psicologia da Universidade Federal do Vale do São Francisco.



Esse texto é produto do processo vivido no âmbito da disciplina Tópicos Especiais em Psicologia - Interfaces Saúde e Educação, do curso de Psicologia da Univasf, tendo como professores Virgínia de Oliveira Alves Passos e Marcelo Silva de Souza Ribeiro em Outubro de 2021.


Para Saber Mais:


ARANTES, Valéria Amorim; PÁTARO, Cristina Satiê de Oliveira; PINHEIRO, Viviane Potenza Guimarães; GONÇALO, Mariana Francio. Felicidade e bem-estar da juventude brasileira. Notandum, São Paulo; Porto, v. 21, n. jan/abr. 2018, p. 55-68, 2018. Disponível em: http://www.hottopos.com/notand46/4valeria.pdf Acesso em: 12 ago. 2020. 

MELLO, Daniel. Pesquisa revela impacto da pandemia na saúde mental de jovens: levantamento feito pela Pfizer ouviu pessoas em cinco capitais. 2021. Disponível em:https://agenciabrasil.ebc.com.br/saude/noticia/2021-09/pfizer-pesquisa-revela-impac to-da-pandemia-na-saude-mental-de-jovens. Acesso em: 19 out. 2021.

INFLUÊNCIA DO ENSINO REMOTO EMERGENCIAL (ERE) NAS RELAÇÕES SOCIAIS DE ESTUDANTES UNIVERSITÁRIOS


 

Imagem 1Pesquisa aponta que 43% dos universitários sentem falta de contato social no ensino remoto



 Fonte: Reprodução/Envato, apud Portal Sete Segundos, 2020.

 

Antonio Marcos Araújo da Silva

José Luis Amorim

Vanessa Pequeno de Souza

Talita Barbosa Reis

Yasmine da Silva Santana


INTRODUÇÃO

No final de 2019, na cidade de Wuhan, na China, o novo coronavírus surgia e se espalhava naquela região e, posteriormente, no mundo, levando a Organização Mundial da Saúde (OMS) a anunciar uma nova pandemia, da COVID-19 (SEGATA, 2020). Com isto, várias medidas foram tomadas para diminuir a propagação do vírus, tais como o distanciamento social e o Ensino Remoto Emergencial (ERE), uma modalidade de ensino de emergência criado para possibilitar a continuidade das atividades acadêmicas (GUSSO et al, 2020). Essas novas limitações trouxeram impactos significativos, em grande parte negativos, para a saúde mental da população, como situações de estresse, angústia e ansiedade, que geram desconfortos tanto no presente, como podem acabar trazendo consequências mais duradouras com potencial de se prolongar para o resto da vida. 

Devido a essa nova realidade, o distanciamento, apesar de necessário para minimizar a propagação e o contágio da Covid-19, trouxe mudanças na forma de se relacionar com os outros. Mudanças que afetam o lazer, trabalho, estudo e vida pessoal, que passam a acontecer de forma virtual, trazendo vários prejuízos (CAVALCANTE, 2020).

Diante dos poucos estudos nesse campo, este trabalho visa entender um pouco mais sobre as consequências trazidas pela pandemia às relações sociais de estudantes universitários do Vale do São Francisco, sobretudo em detrimento do ERE na disposição de socializar.

 

      Trata-se, portanto, de um trabalho descritivo, de caráter quantitativo, que ocorreu na plataforma onlineGoogle Formulários com estudantes universitários de faculdades públicas e privadas. Este trabalho utiliza-se de um questionário baseado na escala de Likert para coleta de dados (Discordo Totalmente, Discordo Parcialmente, Nem concordo nem discordo, Concordo Parcialmente e Concordo Totalmente), sendo analisados por estatística descritiva.
        Buscou-se compreender a Influência do Ensino Remoto Emergencial (ERE) nas relações sociais de estudantes universitários, sendo 
o questionário autopreenchível para avaliação subjetiva de aspectos das relações sociais impostas pela pandemia, impactos do ensino remoto nas relações sociais, além de conter perguntas de identificação sociodemográfica. Para a construção teórica foram colhidas informações de plataformas online como o Google Acadêmico, Scielo, através dos seguintes descritores: Ensino Remoto Emergencial, Universitários, impactos psicossociais ensino remoto, isolamento social impacto psicossocial.

As afirmativas e perguntas dos questionários estão expostas no quadro a seguir:

 Quadro 1: Questionário

 

                 Fonte: os autores

 

No total 16 estudantes responderam ao questionário, sendo a sua maioria mulheres, ocupando 62,5 % do total (10). A faixa etária dos estudantes foi de 19 a 25 anos.

Quando responderam à primeira afirmativa, que tratava de se sentir mais ativo socialmente anteriormente à pandemia, 50 % dos estudantes (8) afirmaram que concordavam/concordavam totalmente. Em relação à segunda afirmativa, 81, 25 % dos estudantes (13) concordaram/concordaram totalmente com que suas formas de socializar foram afetadas pelas características atípicas do ERE. 

Adiante, 50 % dos estudantes (8) concordaram/ concordaram totalmente que se sentem inseguros(a)s para voltar a socializar após o ERE.  Além disso,  81,25 % dos participantes (13) se perceberam/sentiram mais introvertidos ao concordar/concordar totalmente, assim como outros 81,25 % dos estudantes (13) concordaram/concordaram totalmente que  se sentem desconfortáveis ao realizarem atividades que tenham muito contato social.

Foi perguntado também aos estudantes se suas universidades tinham utilizado estratégias ou métodos que evitassem ou amenizassem as implicações negativas do ERE sobre a sociabilidade de seus discentes. Dos 16 estudantes, 93,75 % (15) responderam negativamente à pergunta.

Por fim, foi perguntado quais estratégias foram utilizadas para aqueles que responderam positivamente à pergunta anterior, e para aqueles que responderam negativamente foi perguntado quais estratégias poderiam ser adotadas pelas universidades. O estudante que observou estratégias de enfrentamento por parte da universidade referendou: Fazer bastante coisas interativas e em grupos, sempre nos colocando em grupos de novas pessoas, pra trabalharmos juntos. Acredito também ser o máximo que se possa fazer nesse período”.

Por outro lado, o quadro a seguir traz um apanhado das respostas escritas pelos estudantes que poderiam sugerir estratégias por parte da sua universidade para diminuir os impactos do ERE nas suas relações sociais. 

 

                                  Figura 1. Estratégias que poderiam ser adotadas


                Fonte: os autores

 

        Os resultados corroboram com achados sobre o tema. Segundo Gonçalves, Oliveira e Pinheiro (2020), as relações são construídas com base nas emoções, sejam positivas ou negativas, que se apresentam num determinado momento do espaço-tempo. Em um contexto de pandemia e isolamento social, há uma alteração e a necessidade por novas formas de contato. Assim, é possível que o contato interpessoal dos estudantes foi afetado pelo ERE, uma vez que as novas dinâmicas de ensino às quais foram expostos afetam o cotidiano e influenciam na forma como lidam com o mundo e com os outros. Achados de Góis e Ramos (2021) sobre o impacto do ensino remoto em estudantes de física trazem que tristeza, irritação e ansiedade são comuns e devem ser considerados no processo de ensino, assim como o medo (GONÇALVES; OLIVEIRA; PINHEIRO, 2020).

 

        Além disso, em níveis exagerados, essa resposta pode se tornar desadaptativa e “paralisar” o indivíduo - o que pode ser ainda mais comum em pessoas em vulnerabilidade, o que pode estar associado aos  81,25 % dos estudantes que concordaram estar desconfortáveis em realizar atividades que possuem muito contato social.   Desta forma, é míster que as instituições coloquem em prática estratégias que ajudem seus discentes a lidar com as implicações da pandemia e que tragam a discussão dos determinantes sociais da saúde, que não se calca apenas no processo saúde-doença, mas também nas relações socioculturais (BEZERRA et al., 2020), para que os discentes se sintam acolhidos e tenham acesso à estratégias de enfrentamento para evitar o sofrimento psicológico consequente desta nova realidade, lançando mão de práticas mais versáteis, dinâmicas e acolhedoras.

 

 

Esse texto é produto do processo vivido no âmbito da disciplina Tópicos Especiais em Psicologia - Interfaces Saúde e Educação, do curso de Psicologia da Univasf, tendo como professores Virgínia de Oliveira Alves Passos e Marcelo Silva de Souza Ribeiro em Outubro de 2021.


Para Saber Mais:

 

 

BEZERRA, C. B. et al. Impacto psicossocial do isolamento durante pandemia de covid-19 na população brasileira: análise transversal preliminar. Saúde e Sociedade, v.29, p. 1-10, 2020.

 

CAVALCANTE, F. R.  Aplicativos para Smartphones que Possibilitam o Lazer em Tempos de Lockdown: Entre a Socialização, o Entretenimento e as Práticas Corporais. LICERE - Revista Do Programa De Pós-graduação Interdisciplinar Em Estudos Do Lazer, v.23, n. 3, p. 369–390, 2020. 

 

GÓIS, R. C. P. de; RAMOS, A. F. Percepção dos acadêmicos de Física acerca do ensino remoto na pandemia da Covid-19. Somma: Revista Científica do Instituto Federal do Piauí, v. 7, n. 1, p. 1-16, 2021.

 

GONÇALVES, M.; OLIVEIRA, M. A.; PINHEIRO, A. P. Do Isolamento Social ao Crescimento Pessoal: Reflexões Sobre o Impacto Psicossocial da Pandemia. Gazeta Médica, v. 2, n. 7, p. 151-155, 2020.

 

GUSSO, H.L. et al. Ensino Superior em Tempos de Pandemia: diretrizes à gestão universitária. Educ. Soc., v. 41, 2020.  

 

PORTAL SETE SEGUNDOS. Pesquisa aponta que 43% dos universitários sentem falta de contato social no ensino remoto. 2020. <https://www.7segundos.com.br/arapiraca/noticias/2020/07/29/155521-pesquisa-aponta-que-43-dos-universitarios-sentem-falta-de-contato-social-no-ensino-remoto>. Acesso em 18 de Out. de 2021. 

 

SEGATA, J. Covid-19: escalas da pandemia e escalas da antropologia. Boletim Cientistas sociais e o coronavírus, v. 23, 2020.

 

 

 

AULAS PRESENCIAIS EM TEMPO DE PANDEMIA: O OLHAR DISCENTE



 Ana Clara de Moura Araújo

Cristiane Maria de Souza Moreira

Erica Gonçalves Custodio da Silva

Marília Fonseca da Silva

Mirhaylla de Jesus Alves Dias 


Graduandos em Psicologia da Universidade Federal do Vale do São Francisco


A escuta aconteceu de forma virtual (WhatsApp), mediante o encaminhamento de alguns questionamentos a respeito da temática escolhida. A princípio a indagação foi se a família do estudante ou ele mesmo havia sido consultado para o retorno das aulas presenciais. Com base nas respostas obtidas, percebeu-se que 6 participantes foram consultados sobre o retorno das aulas presenciais, mas 3 deles não. Embora o número dos que não foram questionados seja inferior, pode-se sugerir que da mesma forma que houve uma “imposição” de aulas remotas, houve uma imposição do retorno presencial também, uma vez que o público assistido nem foi ouvido.

 

A cartilha da UNESCO (2020) “Reabertura das escolas” foi um dos materiais trabalhados pela disciplina, e em abril do ano passado, já alertava a necessidade de preparar uma transição suave do virtual para o presencial, uma vez que, a mudança dessas modalidades aconteceu de forma repentina, tendo como consequência o despreparo, bem como a falta de suporte tecnológico para professores e alunos, além do desafio da nova metodologia e procedimentos tomados para garantia do processo de ensino-aprendizagem num ambiente on-line, que trouxe consigo incertezas, a exemplo de: Quem de fato está alcançando os exercícios? Como estes chegam ao aluno? Quais as dificuldades enfrentadas por eles neste cenário singular?

 

As incertezas ocasionadas pela pandemia são tão grandes, que o que até então era considerado comum, tornou-se duvidoso. Nesse sentido, encontram-se os desafios de voltar a ocupar um lugar conhecido (escola). Conforme os estudantes, a dificuldade está principalmente em seguir os protocolos de segurança como o uso da máscara e distanciamento social, em permanecer o tempo todo na sala de aula sem direito a intervalo, além da possível contaminação do vírus.

 

Essa nova forma de estar no espaço educacional reforça o pensamento de Barros e Vieira (2021) salientando que tudo mudou. A educação não é mais a mesma, há uma nova forma de existir, os corpos físicos não são garantias de que ficou tudo bem, pelo contrário, são sinais visíveis que os cuidados sanitários ainda são precisos.

 

Com base nesta nova forma de se viver, foi se perguntado a respeito do protocolo sanitário nesses espaços, visto que, a educação é antes de tudo um cuidado com a vida. Quanto a isso, todos os discentes apresentaram que a escola mantém ao menos o mínimo do protocolo de segurança contra o vírus, como disposição de álcool em gel e turmas reduzidas e com cadeiras que seguem a regra de 1m de distanciamento. No geral, as instituições de educação parecem estar preparadas para o presencial, permitindo aos alunos um ambiente “seguro”. Todavia, nasce-se a interrogação: Até quando esses cuidados básicos serão assegurados? 

 

É notório que uma das grandes problemáticas da modalidade virtual foi a quebra da motivação gerada aos indivíduos, que passaram a ter que conviver com o amigo celular, tablet ou computador, ao invés da presença corpórea do seu amigo e professor, tendo assim pouca socialização. Estando no mesmo espaço os estudantes ressaltaram que se sentem mais motivados, melhorando assim o desempenho acadêmico, tendo mais concentração e facilidade de entender as matérias. Essa situação pode ser explicada pelo fato da orientação do professor acontecer imediatamente, o que favorece sanar as dúvidas e melhor compreensão. Outro ponto que pode ser destacado é o construto psicológico da atenção, pois é sabido que atenção dividida prejudica o processo de aprendizado e memória. O estudo virtual dificulta o aprendizado porque o ambiente de casa não é repleto de estímulos, permanecer sentado por horas à frente de um computador ou celular pode ser aversivo ao aluno que tende a dedicar menos atenção àquilo.

 

O manual da UNESCO (2020), enfatiza que a retomada das aulas presenciais deve de ser harmoniosa, por isso, dispõe de algumas estratégias para essa ocasião, a exemplo de: Abordagens didático-pedagógicas mais flexíveis; identificação das lacunas na aprendizagem; avaliação formativa e não ligada a notas, uma vez que o aprendizado não foi garantido igualmente para todos durante o ensino remoto; garantir a motivação do estudante para que não haja abandono e outras coisas mais.

 

Considerando o que foi exposto, faz se necessário frisar que essa volta às aulas requer organização, para que as arestas que o ensino remoto forçado pela pandemia, sejam “reparados”.


Esse texto é produto do processo vivido no âmbito da disciplina Tópicos Especiais em Psicologia - Interfaces Saúde e Educação, do curso de Psicologia da Univasf, tendo como professores Virgínia de Oliveira Alves Passos e Marcelo Silva de Souza Ribeiro em Outubro de 2021.


Para Saber Mais:

BARROS, Fernanda Costa; VIEIRA, Darlene Ana de Paula. OS DESAFIOS DA EDUCAÇÃO NO PERÍODO DE PANDEMIA. Brazilian Journal of Development, Curitiba, v. 7, ed. 1, p. 826-849, 2021. DOI https://doi.org/10.34117/bjdv7n1-056.

 

ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS PARA A EDUCAÇÃO, A CIÊNCIA E A CULTURA. Nota informativa n° 7.1. UNESCO – COVID-19 Resposta educacional: Nota Informativa – Setor de Educação, 2020.

 

 

 

 

 

DESEMPENHO DE APRENDIZAGEM NA EDUCAÇÃO INFANTIL DURANTE A PANDEMIA DA COVID-19


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Atos Gabriel da Cruz Reis

Cláudio Hummer Freitas de Queiroz

Hugo Gabriel Oliveira dos Santos

Maria Tereza da Silva Gonçalves

Renato Souza Cardos

Graduandos em Psicologia da Universidade Federal do Vale do São Francisco


Introdução

 

A pandemia da Covid-19 impôs a todos uma realidade inesperada e a qual todos tiveram que se adaptar. Inclusive as instituições sociais, como a escola. Os passos iniciais dados por todos é o da alfabetização, que é um ponto crucial no desenvolvimento educacional. Falhas nesse processo podem ocasionar perdas e atrasos importantes para a criança. O presente trabalho teve como objetivo analisar o desenrolar das atividades educacionais relativas à alfabetização de crianças no contexto de pandemia, visando trazer contribuições na compreensão de seus efeitos na realidade das famílias. Um dos pontos suscitados foi a acessibilidade do ensino remoto, já que é sabido que grande parte da população brasileira não possui acesso à internet, impondo um revés à educação. O presente trabalho constituiu-se por meio de uma consulta aos pais ou responsáveis de crianças em alfabetização e os desafios enfrentados no processo.

 

 

Fundamentação Teórica

 

Geograficamente o Brasil é um país continental com diversos problemas estruturais e a Educação vem sofrendo impactos das lacunas das faltas de investimento político em sua base. A era da Internet hoje tem um enorme poder de alcance e compartilhamento de informações, no entanto, tem-se percebido que o processo de educação formal é afetado pela pandemia da COVID-19, tendo em vista a necessidade de distanciamento social, a falta de familiaridade e acesso de comunidades a tais recursos tecnológicos (LEMOS & SARLO, 2021).

            O uso de tecnologias não adaptadas ao contexto educacional e sim ao empresarial fez com que muitos professores e estudantes sentissem dificuldades em desempenhar suas tarefas de forma apropriada, e pode também expressar despreparo do sistema educacional ao lidar com momentos de crise que a pandemia de COVID-19 trouxe (XIAO; LIU, 2020).

            A complexidade do processo de alfabetização em ensino remoto traz inúmeros desafios que a depender da realidade de cada aluno se aprofundam em heterogeneidades. A presença ativa dos pais no processo formativo de seus filhos é vital para auxiliá-los no desenvolvimento de habilidades estimuladas na escola (PAPALIA, 2013).

Desenvolvimento da Problemática

 

Com efeito, muitos estudos têm sido desenvolvidos para mensurar os impactos do contexto pandêmico na sociedade. Assim também a presente pesquisa se justifica na busca da avaliação dos possíveis danos no setor do aprendizado infantil, em específico na alfabetização, através da interrogação dos pais ou responsáveis pelos menores. Dessa forma, investigamos as questões relacionadas às possíveis dificuldades de acesso ao aprendizado, as dinâmicas elaboradas em ambientes virtuais, a presença ativa dos pais e responsáveis no ensino, e por fim, o desenvolvimento da criança nos estudos. A pesquisa consistiu de um questionário online contendo 15 questões sobre o desempenho e a dinâmica escolar de crianças durante a pandemia que foi enviado aos participantes por meio de redes sociais. Estes deveriam ser pais e/ou responsáveis por crianças que estudam na Educação Infantil, segundo a definição da Base Nacional Comum Curricular. 21 responderam.

 

 

Considerações Finais

 

Levando em consideração o contexto atual de pandemia da COVID-19, foi realizada essa pesquisa com o intuito de observar os impactos dessa na educação durante o período de alfabetização. Para isso, foram levantadas hipóteses acerca da temática, as quais envolviam principalmente o ensino remoto, visto que grande parte da população brasileira não possui acesso a internet de qualidade. Dessa maneira, foi elaborado um formulário online, no qual os responsáveis pelas crianças poderiam responder sobre sua experiência em relação à situação em questão.

Ao analisarmos as respostas apresentadas no formulário, algumas hipóteses feitas anterior à coleta de dados puderam ser comprovadas, como por exemplo, pôde-se verificar que quanto à didática utilizada pelos professores, não há unanimidade, onde 9 responderam positivamente enquanto 8 responderam negativamente. Além disso, também pôde ser analisado relatos de problemas referentes à falta de concentração e foco durante a aula, o que confirma as hipóteses pensadas anteriormente. Em contrapartida com o esperado, mais de 80% responderam que a tecnologia presente em suas residências foi suficiente para a participação no ensino remoto, o que traz o questionamento: esse fator estaria relacionado à grande maioria da amostra ter filhos estudando em escolas privadas, indicando renda média alta?

Pudemos inferir diante dos resultados que as crianças se saíram bem nas aulas remotas, em especial às que estudam em escola privada e/ou no Grupo 3. Os pais de crianças que estudam em escola pública mostraram-se mais afetados pela pandemia e preferem as aulas presenciais. Em comparação aos primeiros, estes tiveram mais dificuldade com o ensino remoto e em auxiliar os filhos em sua aprendizagem. Entretanto, a maioria dos pais de alunos de escola privada relataram um impacto negativo no aprendizado das crianças, somados juntos, os relatos de regressão e estagnação superam o de evolução na aprendizagem. Todos os participantes responderam que era importante para o desenvolvimento e aprendizagem das crianças que essas interagissem com outras.

            Logo, pode-se perceber que há problemas em relação às práticas do ensino remoto, referentes principalmente à didática e ao foco das crianças na aula, fator que pode comprometer o desenvolvimento desses alunos. Um estudo mais aprofundado que constasse questões sobre renda familiar poderia tirar algumas dúvidas apresentadas nesse projeto.

 

 

Esse texto é produto do processo vivido no âmbito da disciplina Tópicos Especiais em Psicologia - Interfaces Saúde e Educação, do curso de Psicologia da Univasf, tendo como professores Virgínia de Oliveira Alves Passos e Marcelo Silva de Souza Ribeiro em Outubro de 2021.


Para Saber Mais:

 

Lemos, L. M. R., & Sarlo A. L. da S. (2021). Efeitos da alfabetização aplicada no ensino remoto durante a pandemia de covid-19: uma revisão literária. Revista Eletrônica Acervo Saúde13(2), e5981. https://doi.org/10.25248/reas.e5981.2021

 

PAPALIA, Diane E.; FELDMAN, Ruth Duskin (Colab.). Desenvolvimento Humano. 12ª ed. Porto Alegre: AMGH Editora, 2013.

 

XIAO, Chunchen and Yi Li. 2020. Analysis on the Influence of Epidemic on Education in China. In: DAS, Veena; KHAN, Naveeda (ed.). Covid-19 and Student Focused Concerns: Threats and Possibilities, American Ethnologist website. Disponível em: https://americanethnologist.org/features/collections/covid-19-and-student-focusedconcerns-threats-and-possibilities/analysis-on-the-influence-of-epidemic-oneducation-in-china. Acesso em: 10 outubro 2021.

 


MUDANÇAS ASSOCIADAS AO TEMPO E EXPOSIÇÃO A TELAS EM ESTUDANTES UNIVERSITÁRIOS RESULTANTES DA EFETIVAÇÃO DO ENSINO REMOTO EMERGENCIAL (ERE) DURANTE A PANDEMIA DA COVID-19




Camila Silva Palmeira dos Santos

Carina Oliveira Rios

Liliany Januário Gondim

Maria de Fátima Souza

Maurício Otávio Loura de Souza

Graduandos em Psicologia da Universidade Federal do Vale do São Francisco


Introdução

 

Os smartphones, termo em inglês cujo tradução literal é telefones inteligentes, se tornaram populares e passaram a compor diversos espaços de convívio social, principalmente o universitário (PEREIRA, 2016).Neste contexto, o uso de tais aparelhos no Brasil se tornou generalizado. Dados de uma pesquisa global realizada pelo Instituto Statista, veiculada no Brasil pela revista Exame, revelam que os brasileiros possuem um tempo médio de uso dos smartphones diário avaliado em 4 horas e 48 minutos, maior que os indicadores de todos os outros países (BARBOSA, et al., 2013).

Devido a  pandemia do novo coronavírus em 2019, COVID-19 (sigla em inglês para coronavírus disease 2019) reconhecida pela Organização Mundial da Saúde (OMS) no dia 11 de março de 2020,  diversas medidas de proteção foram adotadas pelos estados e municípios com o objetivo de diminuir a taxa de contaminação e morte, uma das medidas implementadas foram a substituição das atividades escolares presenciais para o Ensino Remoto Emergencial (ERE) estabelecido através das portarias  nº 343 (BRASIL, 2020a) e 345 (BRASIL,2020b) do Ministério da Educação e o fechamento de comércios considerados não essenciais. Autoridades públicas locais chegaram a decretar bloqueio total (lockdown), com punições para estabelecimentos e indivíduos que não se adequassem às normativas. A restrição social demonstrou ser a medida mais difundida pelas autoridades, visto que se apresentou como mais efetiva para evitar a disseminação da doença e achatar a curva de transmissão do coronavírus. 

Diante desse contexto, o presente trabalho teve como objetivo enfatizar as mudanças associadas ao tempo e exposição a telas em estudantes universitários resultantes da efetivação do ERE durante a pandemia do COVID-19.

 

Desenvolvimento

 

Para realizarmos a coleta das respostas dos participantes adotamos um questionário misto, sobre a temática que envolve o tempo de exposição a telas e comportamentos associados. Inicialmente, elencamos como público alvo estudantes universitários que estavam cursando o Ensino Remoto Emergencial, mediante ao objetivo do questionário, visando uma análise sobre o tempo médio de exposição em relação às atividades do ensino remoto e outras questões relacionadas a saúde dos estudantes universitários imersos nesse método de ensino. 

Nesse contexto, 68 estudantes responderam ao questionário, apresentando nas informações sociodemográficas a indicação de 49 (72,1%) respondentes do sexo feminino, 18 (26,5%) do sexo masculino e 1 (1,5%) identificou-se com a categoria outros. Em relação a idade dos participantes, a média foi correspondente a 23 anos, sendo que a menor idade correspondeu a 18 anos e a maior a 60 anos. 

As respostas indicaram que 54 (79,4%) estudantes passam mais de 8 horas expostos às telas diariamente, sendo que para 41 (60,3%) a média de exposição relativa a atividades relacionadas à universidade é de 4 a 6 horas. Através desses dados e análise da literatura, é possível existir, de acordo com Blehm et al (2005),  a possibilidade da ocorrência da Síndrome da Visão do Computador (CVS) para muitos estudantes, devido à exposição maior do que 3 horas diárias à telas de dispositivos eletrônicos. 

Nesse contexto, de acordo com Blehm et al. (2005), o principal contribuinte dos sintomas da síndrome da visão do computador parece ser o olho seco, resultando em desconforto, distúrbios visuais, instabilidade do filme lacrimal e fadiga visual. Mediante a esse quadro, estratégias que visam combater essa situação são necessárias. Quando questionados sobre esse aspecto, 60 (88,23%) estudantes apontaram utilizar alguma estratégia para minimizar os danos visuais causados através da exposição das telas, variando desde redução no brilho dos equipamentos até a realização de pequenas pausas durante a exposição. Esses comportamentos corroboram com o que é indicado através da literatura para melhorar o conforto visual. (GENTIL et al, 2011, p. 2).

Referente à análise da ocorrência de incômodo físico no público participante, foi sugerido problemas como dores na coluna, problemas de visão e dores de cabeça. Dessa maneira, foi constatado que 2,9% dos participantes não costumam apresentar nenhum desses sintomas, 4,4% relataram a presença de incômodo no olho/visão, 8,8% afirmaram sentir dores na coluna constantemente, 10,3% revelaram apresentar dores de cabeça com frequência, enquanto 73,5% dos participantes afirmaram sentir mais de um desses incômodos ou todos eles. Assim, fica bem evidente a relação entre uso excessivo de telas e a ocorrência dos sintomas supracitados como um prejuízo na saúde física de nossa população alvo.

Relativo ao tópico ansiedade, em sua maioria, por mais que as respostas não tenham sido afirmativas em relação a sintomas, com um total de 22 com indicativos positivos e 46 com índices de negação em relação a não identificação de sintoma ou a falta do mesmo, é importante que seja relevado a quantidade de 32,35% de universitários que apontaram o fato de perceberem-se mais ansiosos quando necessitam dedicar um maior tempo no uso de telas, afinal indicadores de ansiedade podem representar uma elevada incidência de prejuízo na saúde mental no contexto universitário (CHERNOMAS; SHAPIRO, 2013; GALINDO; MORENO; MUÑOZ, 2009; SEQUEIRA et al., 2013; SOH et al., 2013, apud TOLEDO et al., 2018, p. 15).

Correspondente ao quesito de como se encontra os participantes da pesquisa com o aspecto sono e se há alguma dificuldade para manter a qualidade do mesmo, os dados encontrados foram que 12% afirmaram apresentar algum tipo de dificuldade para dormir de modo ocasional, 25% relataram não apresentar dificuldade ou problema na qualidade do sono, enquanto 63% confirmaram apresentar algum tipo de dificuldade no quesito sono, principalmente problemas que correspondem à sintomas de insônia. É fato que manter uma qualidade de sono é essencial para a saúde física e mental do indivíduo, principalmente por fatores como a regulação do equilíbrio geral do organismo e para a consolidação da memória. Além disso, de acordo com Becker e Gregory (2020, apud COELHO, 2020, p. 11) diversos estudos afirmam que a qualidade do sono é uma das ferramentas para o desenvolvimento cognitivo especialmente entre universitários. 

Por fim, seguindo a perspectiva de nossa pesquisa, a mesma também buscou retratar acerca da possível dificuldade de concentração no cotidiano dos participantes da pesquisa e, sucessivamente, foi apresentado que 8,82% dos participantes não apresentavam nenhuma dificuldade em manter o foco nas atividades cotidianas, 16,17% afirmaram possuir dificuldade média em manter a concentração, já 75% dos participantes relataram apresentar grande dificuldade de se concentrar em suas atividades rotineiras. Apesar da dificuldade de achados na literatura acerca da relação do uso excessivo de telas e dificuldade em concentração, foi nítido o quanto é um tema bastante pertinente na rotina dos universitários voluntários de nossa pesquisa, indicando, desse modo, a real necessidade de maiores estudos que possam vir a retratar esse tema.

 

Conclusão 

            De acordo com os dados apresentados, nota-se que o aumento no tempo de exposição às telas em estudantes universitários resultantes da efetivação do ERE durante a pandemia do COVID-19 apontam danos físicos como desconforto decorrente de olhos secos, distúrbios visuais, instabilidade do filme lacrimal e fadiga visual. Além disso, os desconfortos mentais também se fazem presentes, como ansiedade e dificuldade para dormir e queda na qualidade do sono. Vale ressaltar que ainda que os estudantes utilizem estratégias para amenizar os desconfortos, pode-se notar que estes permanecem se fazendo presentes no cotidiano, porém com uma intensidade reduzida. Sendo assim, torna-se importante o manejo dos professores na distribuição de demandas para os estudantes, logo reduzindo a sobrecarga. É necessário que os universitários reforcem a divisão de tempo e tarefas para que possam passar menos tempo em frente a telas sem que prejudiquem suas responsabilidades com a universidade.

 


Esse texto é produto do processo vivido no âmbito da disciplina Tópicos Especiais em Psicologia - Interfaces Saúde e Educação, do curso de Psicologia da Univasf, tendo como professores Virgínia de Oliveira Alves Passos e Marcelo Silva de Souza Ribeiro em Outubro de 2021.



Para Saber Mais:

 

BLEHM, Clayton et al.  Computer vision syndrome: a reviewSurv. Ophthalmol, 3. ed. Texas. 2005. Disponível em: https://doi.org/10.1016/j.survophthal.2005.02.008

 

BRASIL. Portaria n. 343, de 17 de março de 2020. Dispõe sobre a substituição das aulas presenciais por aulas em meios digitais enquanto durar a situação de pandemia do Novo Coronavírus - COVID-19. Brasília: Casa Civil, 2020b. Disponível em:https://www.in.gov.br/web/dou//portaria-n-343-de-17-de-marco-de-2020-248564376. Acesso em: 18 Out. 2021.

 

BRASIL. Portaria n. 345, de 19 de Março de 2020. Altera a Portaria MEC nº 343, de 17 de março de 2020c. Brasília: Casa Civil, 2020c. Disponível em: https://pesquisa.in.gov.br/imprensa/jsp/visualiza/index.jsp?jornal=603&p agina=1&data=19/03/2020&totalArquivos=1. Acesso em: 18 Out. 2021.

 

GENTIL, Rosana et alSíndrome da visão do computadorREVISTA PONTO DE VISTA,ISSN: 1983-2656 N.2, p.64 a 66. vol. 2. 2020.

 

VIEIRA,OLIVEIRA,OLIVEIRA.Kaio Henrique,Márcio Lopes,Katia Imaculada.Tempo de uso de smartphones por estudantes do Ensino Médio. REVISTA PONTO DE VISTA,ISSN: 1983-2656 N.9, p.1 a 14– vol. 2 – 2020.

 

MALTA, Deborah Carvalho et al. A pandemia da COVID-19 e as mudanças no estilo de vida dos brasileiros adultos: um estudo transversal, 2020. Epidemiologia e Serviços de Saúde [online]. 2020, v. 29, n. 4 [Acessado 17 Outubro 2021] , e2020407. Disponível em: <https://doi.org/10.1590/S1679-49742020000400026>. Epub 25 Set 2020. ISSN 2237-9622. 

 

COELHO, A. P. S.; OLIVEIRA, D. S.; FERNANDES, E. T. B. S. .; SANTOS, A. L. de S.; RIOS, M. O. .; FERNANDES, E. S. F. .; NOVAES, C. P.; PEREIRA, T. B. .; FERNANDES, T. S. S. . Saúde mental e qualidade do sono entre estudantes universitários em tempos de pandemia da COVID-19: experiência de um programa de assistência estudantilResearch, Society and Development, [S. l.], v. 9, n. 9, p. e943998074, 2020. DOI: 10.33448/rsd-v9i9.8074. 

 

TOLEDO, T. P.; OLIVEIRA, N.  R.  C. de; PADOVANI, R. D. C.. Reflexões sobre o perfil e as demandas de estudantes universitários de uma Universidade Pública Federal. Qualidade de vida, esporte e lazer no cotidiano do universitário, v. 1, p. 15-32, 2014.