segunda-feira, 1 de novembro de 2021

AULAS PRESENCIAIS EM TEMPO DE PANDEMIA: O OLHAR DISCENTE



 Ana Clara de Moura Araújo

Cristiane Maria de Souza Moreira

Erica Gonçalves Custodio da Silva

Marília Fonseca da Silva

Mirhaylla de Jesus Alves Dias 


Graduandos em Psicologia da Universidade Federal do Vale do São Francisco


A escuta aconteceu de forma virtual (WhatsApp), mediante o encaminhamento de alguns questionamentos a respeito da temática escolhida. A princípio a indagação foi se a família do estudante ou ele mesmo havia sido consultado para o retorno das aulas presenciais. Com base nas respostas obtidas, percebeu-se que 6 participantes foram consultados sobre o retorno das aulas presenciais, mas 3 deles não. Embora o número dos que não foram questionados seja inferior, pode-se sugerir que da mesma forma que houve uma “imposição” de aulas remotas, houve uma imposição do retorno presencial também, uma vez que o público assistido nem foi ouvido.

 

A cartilha da UNESCO (2020) “Reabertura das escolas” foi um dos materiais trabalhados pela disciplina, e em abril do ano passado, já alertava a necessidade de preparar uma transição suave do virtual para o presencial, uma vez que, a mudança dessas modalidades aconteceu de forma repentina, tendo como consequência o despreparo, bem como a falta de suporte tecnológico para professores e alunos, além do desafio da nova metodologia e procedimentos tomados para garantia do processo de ensino-aprendizagem num ambiente on-line, que trouxe consigo incertezas, a exemplo de: Quem de fato está alcançando os exercícios? Como estes chegam ao aluno? Quais as dificuldades enfrentadas por eles neste cenário singular?

 

As incertezas ocasionadas pela pandemia são tão grandes, que o que até então era considerado comum, tornou-se duvidoso. Nesse sentido, encontram-se os desafios de voltar a ocupar um lugar conhecido (escola). Conforme os estudantes, a dificuldade está principalmente em seguir os protocolos de segurança como o uso da máscara e distanciamento social, em permanecer o tempo todo na sala de aula sem direito a intervalo, além da possível contaminação do vírus.

 

Essa nova forma de estar no espaço educacional reforça o pensamento de Barros e Vieira (2021) salientando que tudo mudou. A educação não é mais a mesma, há uma nova forma de existir, os corpos físicos não são garantias de que ficou tudo bem, pelo contrário, são sinais visíveis que os cuidados sanitários ainda são precisos.

 

Com base nesta nova forma de se viver, foi se perguntado a respeito do protocolo sanitário nesses espaços, visto que, a educação é antes de tudo um cuidado com a vida. Quanto a isso, todos os discentes apresentaram que a escola mantém ao menos o mínimo do protocolo de segurança contra o vírus, como disposição de álcool em gel e turmas reduzidas e com cadeiras que seguem a regra de 1m de distanciamento. No geral, as instituições de educação parecem estar preparadas para o presencial, permitindo aos alunos um ambiente “seguro”. Todavia, nasce-se a interrogação: Até quando esses cuidados básicos serão assegurados? 

 

É notório que uma das grandes problemáticas da modalidade virtual foi a quebra da motivação gerada aos indivíduos, que passaram a ter que conviver com o amigo celular, tablet ou computador, ao invés da presença corpórea do seu amigo e professor, tendo assim pouca socialização. Estando no mesmo espaço os estudantes ressaltaram que se sentem mais motivados, melhorando assim o desempenho acadêmico, tendo mais concentração e facilidade de entender as matérias. Essa situação pode ser explicada pelo fato da orientação do professor acontecer imediatamente, o que favorece sanar as dúvidas e melhor compreensão. Outro ponto que pode ser destacado é o construto psicológico da atenção, pois é sabido que atenção dividida prejudica o processo de aprendizado e memória. O estudo virtual dificulta o aprendizado porque o ambiente de casa não é repleto de estímulos, permanecer sentado por horas à frente de um computador ou celular pode ser aversivo ao aluno que tende a dedicar menos atenção àquilo.

 

O manual da UNESCO (2020), enfatiza que a retomada das aulas presenciais deve de ser harmoniosa, por isso, dispõe de algumas estratégias para essa ocasião, a exemplo de: Abordagens didático-pedagógicas mais flexíveis; identificação das lacunas na aprendizagem; avaliação formativa e não ligada a notas, uma vez que o aprendizado não foi garantido igualmente para todos durante o ensino remoto; garantir a motivação do estudante para que não haja abandono e outras coisas mais.

 

Considerando o que foi exposto, faz se necessário frisar que essa volta às aulas requer organização, para que as arestas que o ensino remoto forçado pela pandemia, sejam “reparados”.


Esse texto é produto do processo vivido no âmbito da disciplina Tópicos Especiais em Psicologia - Interfaces Saúde e Educação, do curso de Psicologia da Univasf, tendo como professores Virgínia de Oliveira Alves Passos e Marcelo Silva de Souza Ribeiro em Outubro de 2021.


Para Saber Mais:

BARROS, Fernanda Costa; VIEIRA, Darlene Ana de Paula. OS DESAFIOS DA EDUCAÇÃO NO PERÍODO DE PANDEMIA. Brazilian Journal of Development, Curitiba, v. 7, ed. 1, p. 826-849, 2021. DOI https://doi.org/10.34117/bjdv7n1-056.

 

ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS PARA A EDUCAÇÃO, A CIÊNCIA E A CULTURA. Nota informativa n° 7.1. UNESCO – COVID-19 Resposta educacional: Nota Informativa – Setor de Educação, 2020.

 

 

 

 

 

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