segunda-feira, 1 de novembro de 2021

CONSEQUÊNCIAS PSICOSSOCIAIS DO ENSINO REMOTO EMERGENCIAL: ANSIEDADE CAUSADA EM ALUNOS NO FIM DA GRADUAÇÃO, DURANTE O ENSINO REMOTO EMERGENCIAL NO PERÍODO DA PANDEMIA

 


Fonte: https://www.correiobraziliense.com.br/euestudante/educacao-basica/2021/02/4906892-ano-letivo-de-2021-apresenta-novos-obstaculos-para-o-ensino.html

Damiana Janaina Dias Ferreira 

Gabriela Mota Sampaio Lopes 

Gabriel Antonio Barão da Costa 

José Nilton dos Santos Filho 

Kamylla Viana Dantas


Graduandos em Psicologia da Universidade Federal do Vale do São Francisco



Introdução 

O presente trabalho tem o objetivo de refletir sobre as consequências psicossociais do ensino remoto emergencial, principalmente a ansiedade causada em alunos no fim da graduação, durante o período da pandemia da COVID-19. Visto que no momento atual os países de todo o mundo estão enfrentando o caos trazido pela pandemia, na qual está incluída um vírus altamente transmissível, morte em massa e sentimento de luto, oscilação e queda da economia e alteração do funcionamento do mercado de trabalho, pode-se afirmar que com a educação não seria diferente. Os estudantes brasileiros, de todas as idades e níveis de formação, estão sofrendo com as mudanças drásticas nos métodos de ensino, falta de condições financeiras e recursos necessários para o suporte adequado, além de muitos terem afirmado sentir grandes alterações no estado de humor, indicando assim sinais de Transtorno de Ansiedade. 

Trata-se de um trabalho, no qual, para alcançar o objetivo de investigar essas alterações de humor e a situação das consequências do ensino remoto emergencial (ERE) em alunos no fim da graduação, foi feita uma pesquisa de levantamento. Para a coleta de dados, foi utilizado um questionário online criado na plataforma “Google Forms” e baseado na “Escala Likert” de resposta. A população amostral foi reduzida a discentes universitários estudantes do oitavo período em diante e que estavam vivenciando o ensino remoto emergencial. 

Portanto, a seguir serão descritas características mais específicas sobre como esses estudantes estão vivendo esse momento complexo de mudanças, fim de mais um ciclo, que é a graduação, e as expectativas para o ingresso ao mercado de trabalho, bem como a investigação de como essas pessoas se sentem preparadas ou não para uma nova etapa. 

Método

Este trabalho solicitou às pessoas informações sobre seu contexto pessoal e profissional e como ele está sendo afetado pelo ensino remoto emergencial. A população consiste em estudantes universitários experienciando o ensino remoto emergencial. O único critério de inclusão foi ser um aluno universitário estudante do oitavo período em diante, através do ensino remoto. 

Utilizou-se um questionário online criado na plataforma “Google Forms” e compartilhado via internet para possíveis participantes. Primeiro, foi solicitado aos participantes informar algumas características pessoais sobre si, como idade, gênero, curso de graduação e vínculo empregatício. Depois, utilizando-se da “Escala Likert”, foi questionado o quanto os participantes concordavam ou discordavam de afirmativas relacionadas à sua percepção pessoal acerca das consequências do ensino remoto emergencial. 

Resultados e Discussão 

A primeira questão diz respeito a se o contexto da pandemia afetou sua satisfação com o curso e com a profissão, na qual 9,5% não concorda, 47,6% concorda em partes e 42,9% concorda plenamente; dos que concordam em partes, a maioria tem entre 22 e 26 anos, são do sexo feminino, não trabalham, não possuem filhos, a mesma quantidade de pessoas reside com 4 pessoas e com 2 pessoas e estão cursando o 8º período de nutrição. Na segunda questão, considero que o ambiente doméstico dificulta a minha aprendizagem/o meu aproveitamento, 14,3% não concorda, 47,6% concorda em partes e 38,1% concorda plenamente; a maioria que concorda em partes tem entre 22 e 26 anos, são do sexo feminino, a mesma quantidade de pessoas responde que trabalham e não trabalham, não possuem filhos, residem com 4 pessoas e estão cursando o 8º período de psicologia. Na terceira questão, considero que o período remoto tem influenciado negativamente na minha saúde mental, me deixando ansioso (a) ou retraído (a), 19% não concorda, 28.6% concorda em partes e 52.4% concorda plenamente; a maioria que concorda plenamente tem entre 22 e 26 anos, são do sexo feminino, não trabalham, não possuem filhos, a mesma quantidade de pessoas reside com 4 pessoas e com 2 pessoas e estão cursando o 8º período de nutrição. Na quarta questão, que trata sobre o acesso para a participação das atividades remotas, 19% concorda em partes e 81% concorda plenamente; a maioria que concorda plenamente tem entre 22 e 26 anos, são do sexo feminino, não trabalham, não possuem filhos, residem com 4 pessoas e estão cursando o 8º período de nutrição. Na quinta questão, considero, dentro da minha vivência pessoal, que houve algum

fator positivo advindo do contexto do ensino remoto adotado durante a pandemia, 9,5% não concorda, 66,7% concorda em partes e 23,8% concorda plenamente; a maioria que concorda em partes tem entre 22 e 26 anos, são do sexo feminino, a mesma quantidade de pessoas responderam que trabalham e não trabalham, não possuem filhos, residem com 4 pessoas e estão cursando o 8º período de nutrição. Na sexta questão, considero que o ensino remoto possa prejudicar o meu desempenho profissional ao ingressar no mercado de trabalho, 9.5% não concorda, 38.1% concorda em partes e 52.4% concorda plenamente; a maioria que concorda plenamente tem entre 22 e 26 anos, são do sexo feminino, não trabalham, não possuem filhos, reside com 2 e 5 pessoas obteve a mesma quantidade de respostas e a maioria está cursando o 8º período de nutrição. Na sétima questão, considero que a inserção no mercado de trabalho foi dificultada pelas restrições sociais, durante a pandemia da COVID-19, 4.8% não concorda, 38.1% concorda em partes e 57.1% concorda plenamente; a maioria que concorda plenamente tem entre 22 e 26 anos, são do sexo feminino, não trabalham e nem possuem filhos, residem com 4 pessoas e a maioria está cursando o 8º período de nutrição. 

Com base nos resultados obtidos, percebe-se a grande quantidade de respostas que concordam, seja plenamente ou em partes, com as afirmações de que a pandemia afetou sua saúde mental e também sua satisfação com o curso. Há queixas da falta de um ambiente adequado para o estudo, de modo que o próprio desempenho acadêmico é potencialmente reduzido. A insatisfação com o curso acaba também influenciando na autoavaliação do desempenho profissional que irá exercer em um futuro próximo. Segundo uma pesquisa divulgada pelo laboratório Pfizer, das pessoas entrevistadas que estão na faixa etária entre 18 e 24 anos, 39% afirma que a saúde mental ficou ruim durante o período da pandemia e 11% respondeu que ficou muito ruim. A pesquisa relata que as mulheres apontam mais questões relacionadas com a saúde mental, onde 38% classificou esse aspecto da vida como ruim ou muito ruim. De acordo com o psiquiatra e pesquisador da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Michel Haddad, a pandemia expôs um aumento dos casos de transtorno mental que já podia ser percebido nos anos anteriores, tendo os indivíduos deprimidos como o mais comum (MELLO, 2021). Uma característica das pessoas deprimidas é a falta de perspectiva. 

Além disso, um fator que precisa ser considerado, no que tange a satisfação com o curso, é o relacionamento interpessoal e a saúde mental. Arantes et al. (2018)

enfatiza a relevância das relações interpessoais, que se conectam com outros elementos e significados (como a performance e desempenho) para formar uma rede complexa que integra as histórias de vida, escolhas e perspectivas do sujeito. Durante a pandemia, as relações interpessoais foram bastante afetadas, muitas das vezes ficando restrita apenas a quem vive junto ao estudante. 

Dito isso, pode-se relacionar o impacto que a pandemia teve na saúde mental dos discentes com a falta de perspectiva e nos relacionamentos interpessoais com o nível de satisfação do graduando com o curso. 


Considerações finais 

Portanto, é de responsabilidade da instituição de ensino observar e intervir nos fatores que influenciam positivamente e negativamente o desenvolvimento psicossocial dos graduandos universitários. Isto pode ocorrer pelas adequações e adaptações dos recursos necessários para o acesso à aula, das formas de avaliação de aprendizagem e das responsabilidades da instituição de ensino superior. O Sistema Único de Saúde também pode promover ações conjuntas com o Ministério da Educação para trabalhar em prol da diminuição dos sintomas de ansiedade, depressão e outros sofrimentos mentais potencializados pelo isolamento social e a pandemia do COVID-19. Toma-se nota também que este ensaio é limitado por não se propor a realizar uma pesquisa com rigor científico e não se embasar em manuais teóricos relevantes, propondo-se ser um aparato acerca do aprendizado durante a disciplina Interfaces entre Educação e Saúde do curso de Psicologia da Universidade Federal do Vale do São Francisco.



Esse texto é produto do processo vivido no âmbito da disciplina Tópicos Especiais em Psicologia - Interfaces Saúde e Educação, do curso de Psicologia da Univasf, tendo como professores Virgínia de Oliveira Alves Passos e Marcelo Silva de Souza Ribeiro em Outubro de 2021.


Para Saber Mais:


ARANTES, Valéria Amorim; PÁTARO, Cristina Satiê de Oliveira; PINHEIRO, Viviane Potenza Guimarães; GONÇALO, Mariana Francio. Felicidade e bem-estar da juventude brasileira. Notandum, São Paulo; Porto, v. 21, n. jan/abr. 2018, p. 55-68, 2018. Disponível em: http://www.hottopos.com/notand46/4valeria.pdf Acesso em: 12 ago. 2020. 

MELLO, Daniel. Pesquisa revela impacto da pandemia na saúde mental de jovens: levantamento feito pela Pfizer ouviu pessoas em cinco capitais. 2021. Disponível em:https://agenciabrasil.ebc.com.br/saude/noticia/2021-09/pfizer-pesquisa-revela-impac to-da-pandemia-na-saude-mental-de-jovens. Acesso em: 19 out. 2021.

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