sexta-feira, 11 de junho de 2010

Guerra de Cabo de Aço - A gestão no campo da educação: entre o fazer e o processo


Como uma corda que é tensionada, como em uma brincadeira de “guerra de cabo de aço”, assim o gestor (e aqui particularmente em refiro a minha experiência de gestão no campo da educação) vivencia sua condição, envolto às múltiplas exigências que se tesam de maneira, muitas vezes, opostas.
De modo geral, no campo da gestão, do gestor, são exigidas respostas céleres aos variados problemas e desafios constantemente apresentados. É ele, o gestor, uma espécie de maestro que organiza, dá ritmo e facilita a dinâmica das respostas a serem apresentadas para a organização das ações e das demandas que, às vezes, são planejadas ou que, às vezes, surgem inesperadamente.
A corda, utilizando essa metáfora da brincadeira da “guerra de cabo de aço”, não pode folgar e nem esticar demais. A corda precisa se manter tensionada até que haja uma fraqueza de força de um dos grupos para que o outro possa vencer. No âmbito da gestão isto significa dizer que a execução das ações, a produção de respostas às demandas e a efetivação do planejamento tem que acompanhar as necessidades da organização sem descompasso, sem a preguiça burocrática ou sem a letargia das intermináveis discussões inócuas, esvaziadas e diletantes. Mas se a gestão não pode ser morosa, também não deve ser “fazedeira”, não deve ser tarefeira, excessivamente pragmática e imediatista. Se assim for, a corda afrouxa e sendo a outra situação, a corda parte.
Muito provavelmente é mais fácil entender a necessidade da gestão ser célere nas respostas e nas ações, porque uma organização pró-ativa e eficiente nas respostas é, de modo geral, vista e bem quista. Entretanto, talvez não seja tão evidente a necessidade da organização ter a paciência fundamental, que é a paciência ativa para gestar, para gerar, para gerir e parir as respostas.
Esta necessidade da paciência ativa se justifica, sobretudo quando nos referimos ao campo da educação, pela exigência da vivência do processo, pelo entendimento de que os conhecimentos são produzidos quando vividos de maneira participativa, pois assim os sujeitos se engajam, tornam-se partícipes e ativos no processo de contribuir e construir a organização.
Uma corda demasiadamente esticada e, portanto, que irá se partir, não possibilita o exercício democrático. Uma corda demasiadamente esticada pode até, em termos da gestão, produzir muitos efeitos, pode até ser eficiente nas respostas, mas falhará, por mais brilhantes que sejam essas respostas, no fundamental, sobretudo no campo da educação, falhará na possibilidade de, no fazer, os sujeitos se fazerem, se construírem, se sentirem formadores e formandos na ação conjunta.
A educação, e não podemos nos esquecer, é sempre encontro, é sempre troca, é sempre atualização. Assim, a gestão no campo da educação deve ser educadora. Deve buscar a tensão, sempre buscada porque nunca perenemente alcançada, entre o tempo das respostas, o tempo do fazer e o tempo do gestar compartilhado, o tempo do processo.  
    
Petrolina, junho de 2010.

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