sábado, 23 de abril de 2011

POR INSTITUIÇÕES EDUCACIONAIS POTENCIALIZADORA DE TALENTOS DOCENTES - POR UMA UNIVASF POTENCIALIZADORA DE TALENTOS



Muitos dizem que professor é um pouco artista. Talvez faça mesmo sentido. Conheço alguns que falam da vontade de tornarem-se músicos, atores, etc. Outra coisa que me faz pensar a respeito dessa afinidade entre o mundo da arte e da docência é a relação entre sala de aula / alunos com o palco / platéia. Entretanto, mesmo que haja pertinência nessa analogia e que não seja generalizada, obviamente, há que se concordar com a necessidade de desenvolver, a medida do possível, uma instituição voltada para realização de todos os professores (tudo isto tem a ver com a necessidade de realização de todo ser humano).

Quando falo em realização estou me referindo não apenas a relação imediata entre o professor e seus alunos na sala de aula, onde o docente pode se sentir realizado ao exercer sua função. Quero também incluir nessa compreensão toda a possibilidade do professor viver suas várias facetas docentes, seja em sala de aula, como professor-pesquisador, seja nos projetos de extensão, seja na parte da gestão, seja como professor formador, seja nas atividades artísticas culturais inerentes a qualquer instituição educacional ou na relação com a comunidade externa.

Quando penso na instituição que atuo, UNIVASF, a primeira imagem que me vem é de uma instituição com boas condições para realização dos seus professores. Trata-se de uma universidade nova, com um corpo docente jovem e relativamente diminuto (o que faz com que todos ou quase todos tenham oportunidades e espaços para crescerem), situada em uma região com grande demanda social. Além disso, é importante lembrar que a UNIVASF, por ser uma universidade federal, está diretamente conectada aos projetos e programas do governo federal, o que faz que tenha uma capacidade de captar recursos, participar de editais federais, etc. Isto se traduz quando se constata que a maioria dos professores está engajada em algum tipo de projeto ou desenvolvendo algumas funções administrativas.
Outra coisa importante a se destacar é o nível de qualificação dos jovens professores (os técnicos da UNIVASF também têm bom nível de qualificação). Sobretudo por serem jovens, muitos recém doutores ou em fase de conclusão, estão motivados, com muita gana e energia para desenvolverem diversos projetos e realizarem-se como docentes (apenas destaco esse aspecto, mas não quero dizer que os professores mais experientes sejam menos motivados).

Todas essas características contribuem para que a UNIVASF tenha condições, tenha base propícia para realização profissional docente. É claro que não existem apenas “flores” e que as “condições de base” não são suficientes. A UNIVASF vive muitos problemas que também impedem a realização profissional e que tem, de alguma forma, contribuído para migração de professores.

A grande intenção deste efêmero ensaio não é enaltecer o lado positivo dessa Universidade e nem negá-lo, mas apenas chamar atenção, a partir do caso UNIVASF, para a necessidade da cultura institucional ser sensível e voltada para realização profissional, em particular dos docentes. Trarei uma situação concreta para exemplificar o que acabo de falar. Um colega meu, professor da primeira leva (primeiro grupo de professores que compôs o corpo docente), expressava sempre a ideia de querer sair da instituição. Era como se ele não se encontrasse, não se sentisse importante e em realização. Porém, a partir do momento que lhe foi oportunizado um espaço onde desdobrou seus interesses, suas habilidades e suas capacidades, pode reverter a sua perspectiva expressando, daí em diante, entusiasmo, motivação e criatividade.

Sempre achei meio piegas esse papo de “talentos nas organizações”, “potencializar capacidades institucionais”, “equipe vencedora”, etc., porque sentia um apelo mercadológico muito forte (visão individualista) e uma falta de crítica política e social. Entretanto, considero pertinente aprender um pouco com toda essa literatura disponível (muitas baseadas em pesquisas bem fundamentadas e sérias). Portanto, pensar em uma instituição educacional que considere e que tenha como norte (também) a realização profissional dos seus docentes é fundamental para potencializar os talentos de cada um. Consequentemente, isso colabora para que toda a instituição ganhe em termos de inventividade, de produção intelectual, melhora na qualidade do ensino e no impacto social e comunitário.

Assim, avalio como importante reconhecer a necessidade da instituição educacional, e no caso particular, a UNIVASF, estar sensível a potencializar seus talentos, mas também saber conhecer os entraves que possam impedi-los. Então quais seriam eles? Deixo, portanto, para um próximo momento a discussão desses entraves.

Salvador, 18 de março de 2011.
(acompanhando minha mãe em uma cirurgia no Hospital Santa Isabel). 


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