sábado, 23 de abril de 2011

O garoto que não “cantava as horas”



Na rodoviária de Salvador. Indo para Juazeiro.
Saí da livraria. Havia comprado um livro de Osho sobre corpo e mente e Le Monde Diplomatique – Brasil (duas vertentes literárias que, apesar de contraditórias, têm muito a ver comigo). Vou ao Mcdonalds comer um sanduba (estava resistindo cometer esse sacrilégio até que me rendi a persuasão do mundo americanóide do fast-foot (e agora do mundo hiper-globalizado). Comia um cheddar com batatas e bebia uma coquinha quando chegou um garoto (deveria ter uns 12 anos). Educadamente pediu licença e ofereceu um CD para eu comprar. R$ 10,00, de sua própria autoria (quer dizer, dele e de seu irmão). Comunicativo, ele foi logo falando do seu estilo musical e de suas andanças (canta músicas evangélicas). Perguntou que horas eu iria viajar. Respondi que sairia as quatorzes horas. Ele parou e ficou contando nos dedos. Quatorze horas são que horas? São cinco horas? Apesar de muito comunicativo, desenrolado (como se costuma falar), não sabia calcular/ler as horas!  Ele continuou a contar suas histórias (que é do interior de Pernambuco, mas mora em Camaçari-Bahia e que havia passado por coisas semelhantes a Zezé de Camargo e Luciano - do filme). Fiquei a pensar e olhar aquele garoto enquanto contava suas histórias... Que sociedade é essa que despreza talentos? Tanto potencial e quanta falta de oportunidade! Que horas são?! Êta! Tô atrasado!

Rodô de Salvador, abril de 2011.

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