domingo, 12 de maio de 2013

Uma solução rápida para a questão da violência escolar: mais disciplina!


Um dos recentes "bodes expiatórios" para a questão da violência escolar tem sido a falta de matérias como "Moral e Cívica" e "Religião". Tem poucos dias que assiti dois programas jornalísticos onde professoras diziam que, na época em que eram estudantes e que tinham essas matérias, a violência na escola não existia. Em outra situação, conversando com uma mãe de aluno, a culpa para a questão da violência escolar encontrou o mesmo algoz, ou seja, a falta de "Moral e Cívica" e "Ensino da Religião".
Embora entenda que há alguma relação entre a formação das pessoas via os valores e a questão da violência, atribuir tão sumariamente um ponto ao outro é, no mínimo, redução dos fatos.
Como havia comentado em postagem recente (http://ser-tao.weebly.com/blog.html) atribuir o aumento da violência escolar à falta dessas discisplinas é não exergar que a própria questão da violência escolar é um fenômeno complexo e que envolve fatores que extrapolam, inclusive, o contexto escolar. Por outro, e pensando a violência escolar no âmbito mesmo da escola, é importante considerar a violência do ponto de vista relacional. Isto significa considerar, inclusive, a relação da escola para com os alunos, os programas, o currículo, a arquitetura da escola, etc. Tudo isso tem a ver com a chamada violência da escola (relação de volência que a escola estabelece com o aluno), o que pode levar a um ciclo vicioso, como por exemplo: a escola expressa que os alunos são violentos e transformam o espaço em verdadeiras prisões. Por sua vez, os alunos, ao se sentirem priosioneiros, reagem como tais.
Há também a necessidade de superar as visões maniqueístas, de que aquele é o violento e o outro é a vítima. Nesse cenário das nossas escolas e da nossa sociedade, que é inconteste, todos são corresponsáveis, sofrendo e agindo em um contexto de violência (mas também há que se admitir que os alunos, por serem os mais dependentes na relação, não podem assumir o mesmo peso da responsabilidade - embora devam se compromenter na superação de relações e contextos de violência).
Voltando, por fim, às nossas matérias/disciplinas, é mister pensar que as mesmas podem também ser fontes de opressão, que é uma forma de violência. Afinal, disciplinas como Moral e Cívica e Ensino Reliogioso, não parecem ser a solução para a questão da violência escolar. Uma pena que os meios de comunicação de massa não qualificam essa discussão e reproduzem uma limitada e perigosa visão do senso comum. A serviço de quem fazem isso ou incorporando qual ideologia?

Nenhum comentário:

Postar um comentário