segunda-feira, 22 de outubro de 2018

Conversações entre um eleitor de Haddad e de Bolsonaro: buscando compreensões





Notas explicativas:
Esta conversação surgiu via o texto (“Compreendendo os sentidos e os significados de eleitores ao escolherem o projeto e a experiência Bolsonaro”) e que aqui está disponibilizado na íntegra. A partir de respostas, réplicas e tréplicas com um primo meu fomos, na prática, exercitando compreensões, mas salvaguardando nosso pontos de vista. Certamente o possível valor dessa conversação não esteja na elaboração das análises políticas, mas na evolução mesma da conversação, que vai criando convergências compreensivas. Foi essa intenção.

Esse exercício dialógico pode ajudar, quiçá, na ampliação de compreensões que a sociedade brasileira está atravessando – compreensões que pretendem aguçar a criticidade, a reflexão, assumir os conflitos, mas dentro do campo do respeito.

Para a leitura desta conversação observamos que a primeira resposta do meu primo está em vermelho, a minha réplica em verde e tréplica dele em azul. O texto em cor preta) foi escrito no dia 17/10, a resposta em 18/10, a réplica em 19/10 e a tréplica em 19/10.

Os trechos das conversões estão situados e distribuídos nas partes correspondentes do texto. A leitura pode ser feita, contudo, apenas focando nas conversações ou, para quem quiser, na íntegra.

Boa leitura e bom proveito.



Saiba que os eleitores de Bolsonaro, hoje mais de 60% da população, contra 30% de Haddad, fazem a mesma pergunta a cerca de quem faz a opção de votar no PT, de validar o indulto de Lula, etc... Importante pensar nisso.


Sim, primo… já pensei sobre isso. Importante também buscar compreender os sentidos e significados de quem pretende vota em Haddad. No meu caso, do exercício para com Bolsonaro, foi movido por uma necessidade e que me abriu para enxergar algumas coisas… foi um exercício do diálogo. Acho também que esse exercício seria muito mais interessante nas direções contrárias (quem pretende votar em Haddad, buscar compreender o lado de quem pretende votar em Bolsonaro e vice-versa). 
Em tempo: as pesquisas falam de 60% X 40% (e não 30%).

Primo Marcelo, confesso que tenho grande dificuldade em refletir o tema com o olhar do Haddad – PT, pois para mim hoje é a personificação de um projeto que visava a perpetuidade no poder e com projetos (nem todos) que estavam assolapando e acuando parte dos brasileiros. Porém, após a sua bela escrita e resposta, refletindo mais sobre o seu olhar no tema, posso até lhe compreender e aceitar com tranquilidade sua posição e visão do tema.



Compreendendo os sentidos e os significados de eleitores
ao escolherem o projeto e a experiência Bolsonaro

Marcelo Ribeiro


O intuito desse escrito visa dois propósitos: um tem a ver com os esclarecimentos, sob o meu ponto de vista, do que está acontecendo com o Brasil no processo eleitoral para presidente da república. O outro é mais egoísta. Uma necessidade mesmo que sinto de organizar minhas ideias e melhor compreender os acontecimentos que assolam a sociedade brasileira.

Primo, sabe que gosto muito de você, como a um irmão e que nos conhecemos razoavelmente bem. Sabe também que vou de centro direita, mas não tenho nenhum problema ideológico em caminhar pela esquerda e até votar nesses candidatos, assim como fiz com Lula e por duas vezes em Rui Costa. Sendo assim, deverá esperar um feedbackverdadeiro e com pouca influência ideológica, porém, claro, carregado do meu EU. 

Isso. Sei disso da sua parte. Importante essa flexibilidade e não deixar que o pensamento fique acorrentado. A ideologia pode ter conotações bem diferentes a depender do ponto de vista. Nesse sentido que você traz, a ideologia é uma corrente de pensamento. E isso pode não ser bom. Por outro lado, o estar “carrego do meu EU” é uma condição da natureza do ser. Não tem como a gente sair da gente. Nesse caso, não há neutralidade. E isso não é ruim, desde que a gente se assuma e explicite (há outras coisas importantes sobre o mito da neutralidade e a importância do diálogo que abordarei adiante).

Perfeito, concordo, mas achei que os eleitores do PT possuem uma grande dificuldade em identificar valor no pensamento de direita. Ao menos a esmagadora maioria que conheço. Claro que você tem uma postura diferenciada, um caráter excepcional e sempre buscou compreender o outro. Não consigo ver ninguém do PT fazer uma reflexão como a sua, buscar um diálogo sóbrio, aceitar que há valor no outro lado e até mesmo VOTAR na ‘oposição’ como eu já fiz. Na verdade, minha ‘oposição’ é e sempre será de momento e com a visão do lado que acho que será melhor para o País. Vejo muito isso no pensamento de direita (posso estar enganado).

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Lembre-se que apesar de um fenomenal profissional, será impossível que você faça uma avaliação totalmente racional do momento, pois não esqueça que você é um cabo eleitoral do PT, um ativista da causa de décadas. Posso dizer até que quase desde criança. Sendo assim sua avaliação é envolta de paixão e essa nos deixa um pouco cegos, por mais que o profissional Marcelo tente avaliar tudo acerca das técnicas e da ciência da compreensão humana.

As paixões, os afetos, portanto, sempre estarão presentes, mas de fato uma coisa é a gente buscar o distanciamento e outra é a gente não conseguir refletir. Não me considero um cabo eleitoral do PT, mas um ativista de causas gerais. Ativista de várias causas, ativista no sentido de ser ativo e querer e sonhar com mundo melhor, com relações humanas melhores. Como você também o é. Sem dúvidas não conseguirei avaliar com total imparcialidade, mas tento no diálogo e na abertura. Acredito que sempre estarei caminhando, me aproximando... A imagem que faço agora é de duas pessoas conversando... imagine um chinês e alemão conversando... cada falando a partir de suas visões de mundo. Um chinês jamais vai ser um alemão e vice-versa, mas eles podem a ter compreensão (que seria a aproximação dos mundos diferentes) desde que haja uma atenção genuína para com o outro e abertura para ser tocado pela diferença do outro. Esse exercício, penso, é fundamental, sobretudo, no momento que estamos vivendo e aposto que é o que estamos fazendo aqui. Aliás, este escrito teve, para mim, esse intento. Confesso que estou muito mais compreensivo do que antes.


Sim, é fato que o diálogo é o caminho para sanar qualquer problemática e quando um lado não deseja isso é porque já sabe que está errado ou não deseja enxergar as coisas e ver o mundo com o olhar do outro. Isso é muito ruim. 

Cabo eleitoral foi pesado mesmo rsrsrsrsrs..... Porém muito romântico sobre a causa, é verdade, até porque você gosta muito das pessoas e acredita que o PT também pensa assim. Em minha visão tudo é um plano de poder e cada lado escolhe o que melhor lhe convém. Faço minha autocrítica de um olhar cético. Confesso que fico até triste de pensar assim, mas a cada ‘flash’ é uma decepção com a política e com as ações dos ‘homens no poder’

É claro que este escrito tem a ver com as questões políticas, especificamente com a iminente vitória de Bolsonaro como próximo presidente do Brasil e do que tudo isso representa. Sendo mais específico, este escrito visa compreender algumas possíveis razões que levam pessoas a votarem no projeto que o Bolsonaro representa e a experiência que isso enseja. No fundo, eu sinto muita dificuldade e até mesmo uma indigestão, as vezes até uma dor, ao ver pessoas que conheço e mesmo pessoas que não conheço, mas que tenho algumas informações sobre elas, dizerem que vão votar em Bolsonaro. Foi isso que me fez produzir este escrito na tentativa de buscar compreensões, no esforço de olhar a partir dessas pessoas e apreender o que movem a apoiar esse projeto e viver essa experiência. Uma tentativa de sair do meu centralismo e compreender, via as perspectivas dos outros, seus sentidos e significados.

Perceba que para mais de 60% da população o sentimento é o mesmo, não nos é compreensível que pessoas que possuem cultura, educação, vivência e que são pessoas ‘do bem’, que essas não consigam perceber o que o PT fez de mal para o País, que não vejam o projeto malicioso que Lula e sua equipe começou a pôr em prática a partir dos meados do segundo mandato de Lula. E também que não vejam o quanto o PT usurpou da nação, com o intuito de se perpetuar no poder, que o PT criou uma máquina perversa de cabides de empregos, de estatais desnecessárias, que inchou o público, que fortaleceu temas que abalam com a moral e costumes de uma população fortemente tradicional, que perdeu o controle sobre todos os temas quando passou o bastão para Dilma e que criou o maior esquema de corrupção já conhecido no País e um dos maiores do mundo. 

Essa é uma provocação importante, concordo! Esse exercício, ou seja, de apreender os sentidos e significados de quem apoia o projeto Haddad deve ser feito. Mas é interessante que possa ser feito por quem tem uma posição diferente (apoia o projeto Bolsonaro). Acho que assim ajudaria em desenvolver compreensões dos dois lados. De todo jeito cabe uma autocrítica dos petista e apoiadores. Aliás, coisa que desde muito venho dizendo. É preciso entender e assumir os erros, mas também reconhecer os acertos, discernir o que cabe ao governo Dilma e Lula e o que não cabe. Aqui serve também aquela questão que você trouxe ainda pouco sobre a paixão que cega. Sejamos afetados, mas que tenhamos também os distanciamentos necessários.

Então primo! Aí é que mora a grande problemática atual. Hoje está quase impossível acreditar em uma linha escrita pelo PT. Entende quando digo que a esquerda radical ajudou e muito no aparecimento meteórico do fenômeno Bolsonaro? 

Eu simplesmente não acredito no plano de Governo do PT, não consigo nem ver o programa político na TV (que fique claro aqui que o programa dos dois candidatos é uma lástima). Compreender o eleitor do PT já é bem difícil, mas a partir do diálogo com você, eu posso perceber que tem valor sim, mas as vezes até penso que foram hipnotizados (não é seu caso). Até por isso digo que parece mais uma Seita.

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Entenda que é muito difícil, doloroso, angustiante e até raivoso, ver que os eleitores do PT não enxergam isso. 

Entendo e posso imaginar. Por isso mesmo precisamos dialogar. Não no sentido de reduzir a conversa em querer convencer ninguém a mudar o voto, mas de buscar compreensões e superar a dor, a raiva... Nesse meu exercício de diálogo me noto mais apaziguado.

Perfeito isso. Tentar convencer de fato é um erro e afasta mais. Confesso que na verdade, nessa eleição, quem foi um ‘cabo eleitoral’ fui eu. E até por isso cabe uma grande reflexão do PT e da esquerda, pois eu nunca fiz algo nem parecido por nenhum candidato. E milhares de pessoas também não. Foi até por isso que escrevi em algum local, que ‘esse era o momento da história’ onde veríamos a mudança em nosso País. A esperança é que seja para melhor, mas a certeza é que se fosse com o PT, seria muito pior!!!! Entende???

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A sede por perpetuação do poder, por enaltecer Lula e o foco em soltar ele a todo custo é tão evidente e até certo ponto irracional, algo semelhante a uma seita, que o PT ignorou que tinha um candidato fraquíssimo, que é um fantoche (Haddad), que o momento do País era da aversão a sigla PT, que vocês foram incapazes de fazer uma aliança inteligente e que fosse até com o próprio Ciro e aí então partir para enfrentar o Bolsonaro. Se fizessem essa reflexão lúcida, sairiam vitoriosos com um candidato de centro esquerda, que tem um diálogo aberto e que respeita o social. Porém o PT (Lula) não admite a derrota, não abre mão de sua seita e por isso vai sofrer a maior derrota de sua história. 

Concordo com você (embora alguns colegas tenham bons argumentos para pensar diferente da gente) que houve uma dose de posições pretenciosas e mesmo de superestimar forças que não existiam. Novamente a velha questão da falta de uma autocrítica. 

Exato. Essa falta de autocrítica da maioria, de não entender que o momento agora era de recolher o trem de pouso do PT, se refazer como partido social, se aliar a algo diferente e retornar em outro momento, fez com que tudo isso ocorresse. Perderam uma grande oportunidade em aceitar o momento e deixar que outro aliado avançasse. Tudo isso nutre a decepção e até mesmo a raiva pelo PT. Nutre a dificuldade em enxergar algo de positivo, pois o que ‘salta aos olhos’ é a necessidade de manutenção do poder, a paixão cega por ‘Lula’ etc.

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Primo, isso sim deveria ser sua reflexão. As perguntas são: - por que o PT foi tão desinteligente a ponto de não perceber isso? Por que não escolhemos um candidato de fato que fosse bom para o País? Por que não queremos de forma alguma abrir mão de nossa ideologia radical? Isso foi o que levou às pessoas a votarem em massa em Bolsonaro, essa reflexão não feita pelo PT. Os depoimentos explícitos de que se ganhassem dariam induto a Lula, o fortalecimento da mentira, a falta de reconhecimento dos erros, a insistência em assuntos morais que a grande maioria da população não suporta mais e outras coisas que até certo ponto são perversas e que estão enraizadas na ideologia do PT. A falta desta leitura e de abrir mão de seu projeto de ‘dominação do mundo’ fez com que o Mito ‘BOLSONARO’ ganhasse tanta força. 

Concordo com você. A falta disso tudo contribuiu (não é que determinou, mas ajudou) para a ascensão de Bolsonaro. Faltou ao PT e alguns grupos uma leitura mais “pé no chão” dos acontecimentos e do estado da sociedade. Acho que essa é uma das autocríticas que precisam ser feitas. Mas também (e aqui é minha posição) havia e há um combate sistematizado anti-petista, que fora construído antes mesmo de qualquer ação que justificasse. E quanto a isso, fazer face aos ataques é importante, sobretudo em relação às muitas injustiças ocorridas (um exemplo foi o impeachmentde Dilma e ao depoimento de Palocci dias antes do primeiro turno das eleições).

Sim, concordamos aqui. Porém cabe a reflexão que esses ataques das oposições são comuns e nunca acabarão. A maioria injustos mesmo. Só não acho que o impeachmentde Dilma e ou a delação de Palocci foi uma injustiça. Agora que foi uma estratégia, isso foi sim. Que outros já fizeram o mesmo que Dilma fez, sim e até coisas piores, porém um erro não justifica o outro. Precisamos também acabar com esse sentimento de que se o outro fez e nada ocorreu, eu posso fazer que nada acontecerá. Não é assim. Um dia ‘a casa cairá’ e dessa vez, de forma intencional, claro, caiu no PT. Porém lembre que eu já disse que não havia outra forma de tirar o PT do poder, já que a ‘máquina de fazer dinheiro’ estava ligada e a todo vapor.

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Você está buscando resposta nas pessoas, mas a resposta está no próprio comportamento do PT, sendo assim, você vai chegar a uma conclusão errada, pois não avaliou corretamente a causa raiz do problema. Quem criou Bolsonaro foi o PT, simples assim.

Acho que o fenômeno Bolsonaro é fruto de um conjunto de condições. Dentre eles, os erros do PT, mas não só isso. No caso deste escrito, a ideia foi essa mesmo, de me aproximar das pessoas que pensam diferente de mim e entender seus sentidos e significados. Com certeza deixei de lado as causas, os contextos...na verdade até tangencio alguns pontos, alguns fenômenos contemporâneos, mas deixei de lado, por exemplo, as articulações de forças outras que fortaleceram o projeto Bolsonaro, a inteligente artimanha das mídias sociais e suas construções de realidades. 

Sim, verdade e essa alternância de apoio, principalmente da mídia, se dará por interesse e ora a favor de um e ora a favor de outro. Como disse ‘ esse é o momento histórico do PT’

Antes, contudo, é importante situar e mesmo explicitar minha posição em relação ao projeto e a experiência Bolsonaro. Aliás, considero obtuso o projeto de Bolsonaro. Parece-me ainda confuso e cheio de contradições, pois há elementos de políticas protecionistas (Bolsonaro é militar da reserva das forças armadas e com vínculos fortes a esse grupo), ele é de direita e se aproxima com a solução via privatizações  (um dos seus consultores e cotado ministro da economia é Paulo Guedes – banqueiro e considerado heterodoxo até mesmo pelos colegas liberais), é apoiado por grupos conservadores, de ultradireita (além de uma boa parte dos grupos evangélicos o apoiarem), mas também tem sua sustentação política formada por linhagens fisiológicas (apesar do seu partido, o Partido Social Liberal (PSL) ser um partido novo, boa parte dos seus membros são oriundos do Partido Progressista (PP), partido com maior quantidade de políticos envolvidos em casos de corrupção). Então é difícil saber qual o projeto político de Bolsonaro. Ele mesmo contribui para isso, pois não expressa muita coisa objetiva em relação as suas principais políticas, como a economia, educação, etc.

Além de explicitar esse meu entendimento é importante também dizer que corroboro com o fato de Bolsonaro reunir características que o situariam, pelo menos até o momento, no perfil ideológico fascista. Bem, mas a questão que quero colocar em pauta é, a despeito disso tudo, o que faz com que as pessoas se identifiquem com a proposta desse candidato? Como as pessoas o veem? Por que elas querem votar nele? O que Bolsonaro representa? O que seria a experiência Bolsonaro?

Antes de apresentar, mesmo que em linhas gerais, os grupos e as produções dos respectivos sentidos e significados daqueles que se identificam com esse projeto e aderem a experiência Bolsonaro, penso ser necessário contextualizar minimamente o cenário Global e nacional sob alguns aspectos.

O reaparecimento de grupos neofascistas/neonazistas não é um predicado brasileiro. Governos conservadores, ultraliberais e com tendências autoritárias estão presentes em vários outros países, como é o caso recente da vitória de Donald Trump, nos E.UA. de Antonio Tajani, presidente do parlamento europeu e mesmo o fortalecimento de partidos de extrema direita pelo mundo a fora.

Falar sobre projetos, Primo, é achar que Lula, um quase analfabeto, chegou em 2002 pronto para governar o País e com um projeto espetacular. É achar que ele sozinho estabilizou a economia, que criou os programas sociais, etc... Sabe que isso não é verdade, pois muita coisa foi herança de FHC e Lula apenas melhorou. 

Sempre fui contra negar as contribuições de FHC. Por mais que tivesse divergências ideológicas (no sentido de visão de mundo, sociedade, etc.), negar a importância do governo dele foi um erro. Contudo foi um acerto dar continuidade a algumas políticas e até aprimorá-las. Isso foi genial. Lula não chegou ignorante a presidência, pouco escolarizado sim, mas muito sábio em relação as coisas do Brasil. Havia uma baita equipe apoiando o governo do PT. Talvez a melhor safra de técnicos, estudiosos, etc. que o governo petista já teve. A entrada do PT apontava para uma direção que todos sabiam para que lado iria. O primeiro Lula se elegeu porque fez uma pactuação, abrandou algumas posições mais conflitantes. Havia transparência, as pessoas sabiam o que viria… É claro que aquela eleição deixou algumas viúvas (gente da oposição que perdeu a eleição). Algumas dessas viúvas superaram o luto, mas outras ruminaram o rancor.

Concordo com tudo que escreveu!

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A política é uma podridão. Projeto de Governo, nada tem relação com o projeto do partido, com as ‘metas ocultas’ com os desejos e a ideologia. Me diga o que Dilma fez, após aquele discurso bonito dele, na reeleição? 

A política muitas vezes é podre, mas precisa ser defendida. A democracia, como desdobramento da diversidade da política não é um melhor dos mundos, mas é o melhor que experimentamos. A política, mesmo com todas as nojeiras, nos ajuda a não sermos idiotas (fazendo menção aqui aquele livro do Cortela e do Janine – Política para não ser idiota). No caso da segunda Dilma foi um estelionato eleitoral. Eu mesmo fiquei puto. Eu não votei nela para fazer o que estava fazendo. Mas entendi depois que ter ficado puto com ela só ajudou o golpe… de todo jeito acho que ela deveria ter sido honesta no processo eleitoral ou mesmo o PT poderia ter feito alguma composição diferente e até ter passado “a cabeça de chapa” para outro candidato (esse foi uns dois piores erros do PT, na minha opinião).

Verdade mesmo. Só não concordo com a denominação de Golpe. Dilma é uma aberração. Precisamos evitar isso. Não é possível que continuemos a validar pessoas como ela, para governar nosso País, apenas para não permitir a alternância do poder, de ideologia, de partido, etc. Entenda que essas coisas fizeram Bolsonaro nascer e pessoas como Eu, votar nele.

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E se Bolsonaro fosse um almofadinha como Geraldo A., um cara de fala mansa, polido e com um programa todo trabalhado por marqueteiros? Se ele fizesse isso, o que diriam? Na verdade, não muda nada, pois seria apenas uma ‘capa’ e isso é o que todos fazem. 


Não acho que Bolsonaro seja esse cara não fabricado. Acho que ele difere muito dos demais pelo jeito de ser dele e isso « colou » com o que as pessoas buscavam dos políticos. Realmente o “político politicamente correto” saturou e Bolsonaro soube explorar bem isso. Contudo, acho que Bolsonaro tem outras « peles dentro da pele ».

Concordo plenamente. Não me iludo, mas no fundo tenho um pouco de esperança.

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Em relação ao que fazer para melhorar o País, ele tem noção sim e está buscando formar uma equipe de governo que lhe dê suporte para isso. A diferença é que ele não vai ou não DEVERÁ se vender para isso, coisa comum e abominável em todos os governos, e muito forte no PT. 


É verdade que Bolsonaro tende a assumir a presidência com menos dívidas políticas e isso dará mais liberdade para ele, mas está muito longe de não ter fortes compromissos, seja com a bancada dos bancos, seja com a bancada do boi, seja com a bancada da bala, seja com a bancada da bíblia ou mesmo interesses ligados aos EUA. Você sabe disso. E ele não tem uma proposta definida, seu programa é confuso e obtuso, mas acho que rapidamente ele vai poder elaborar. A questão é que isso gera uma insegurança porque estamos elegendo um presidente que não sabemos para que lado vai. Importante refletir sobre isso.

Sim, a política é assim e cada um se alia com o que lhe resta. Como disse, não acho o PT melhor que o PSL, só porque diz que defende as causas sociais, que deseja a igualdade, que alavanca as causas ambientais, pois acho que isso é apenas conversa de palanque. No fundo, todos querem isso, porém claro que uns mais e outros menos. Veja, se ficamos quase 16 anos com as políticas defendidas pelo PT, não seria justo experimentar algo diferente? O que há de tão absurdo nisso? Precisam entender que para direita é tão estranho como para esquerda viver as experiências opostas. Poxa, o Brasil viveu muito a esquerda e ao final afundou. Veja bem, são inúmeras coisas positivas que o Governo PT proporcionou, não sou leviano para negar isso, mas a mudança é necessária. Ver a força com que os radicais de esquerda não querem que isso ocorra, só nos causa espanto e intriga. 
Entende aí o reforço do fenômeno Bolsonaro?

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Você está focando mais uma vez em seus medos, no que você abomina, em suposições baseadas em históricos e em história, ficando muito centrado em teorias e perfis. O mundo mudou muito, as redes sociais mudaram a eleição, as pessoas também mudaram a forma de pensar e de fazer. Seu texto está carregado de raiva e preconceito com uma figura que representa algo que você não gosta, porém nada tem de certeza de que ele vai acabar com a democracia, que vai extinguir direitos, que vai mandar matar homossexuais, que vai diminuir o papel da mulher, etc.... isso são grandes bobagens que são ditas por aí, Primo, a maioria esmagadora que está votando em Bolsonaro não quer mais o PT, quer uma mudança, mas nunca vai querer que ele faça os absurdos que estão relatando e afirmando que fará.


Veja... o que trago são sentidos e significados diversos de grupos (variados) que apoiam Bolsonaro. Dentre esses grupos há pessoas que explicitamente se dizem da ultradireita e se identificam com o neo nazi-fascismo. Isso é fato e não é obra da minha ficção. O exercício que faço nesse escrito é justamente transpor meus possíveis medos, raivas e preconceitos para buscar compreensões. Uma coisa é buscar compreensões, mas outra coisa é negar os fatos. Certamente as redes sociais e as mídias sociais alteraram o modo de fazer política e a dinâmica das eleições, « tanto para o bem quanto para mal ». Isso quer dizer que as redes sociais e as mídias sociais não libertam necessariamente as pessoas e as deixam livres para pensar por elas mesmas. Muitas vezes é o contrário que acontece…. Bem, quanto aos medos fantasiosos que posso estar nutrindo, é possível que nada disso aconteça (matar homossexuais, que vai diminuir o papel da mulher, etc.), mas não me permito a ser ingênuo e achar cegamente que Bolsonaro fala o que fala para ter efeitos, por figuras etc. Minha atual postura é: não entrar numa histeria coletiva, ficar de olhos abertos e observar os desdobramentos dos acontecimentos.

Sim, acho mesmo que a melhor postura em tudo na vida é observar com olhar cauteloso e se permitir viver a experiência, apenas quando em uma posição mais confortável. Eu sou assim. No mais acho que tem de fato muita filosofia e medo. Assim como a direita enxerga o PT entregando o País para viver uma experiência venezuelana, os de esquerda enxergam Bolsonaro entregando o País para os EUA ou aos militares. Isso são medos mesmo e baseados em fatos ou representações, declarações, etc. porém ambas as partes possuem culpa neste processo de análise, pois deram sinais disso. Porém acredito muito que os eleitores de Bolsonaro, não querem isso e os do PT também não, porém, ambos pagam ‘votam’ para ver. Entende?

Certa vez o pensador francês, Michel Serres, disse que há uma espécie de pêndulo na história humana, sempre oscilando entre segurança e liberdade. Talvez estejamos inclinados para a segurança, justamente porque nos sentimos inseguros diante das instabilidades e liquidez do mundo globalizado, por causa dos processos migratórios em massa, em razão das inexoráveis catástrofes ambientais, etc.  Talvez essa insegurança leve a humanidade a buscar soluções autoritárias, mesmo sacrificando suas liberdades e lançando mão da violência, para, justamente, garantir a segurança. 

Em relação ao cenário brasileiro viemos, recentemente, de três governos petistas e meio (dois de Lula e um e meio de Dilma) e que, apesar dos acertos e avanços, houve desgastes e erros não devidamente corrigidos. Ademais, houve uma mudança nas cadeias produtivas internacionais e interesses do grande mercado global que afetou fortemente o Brasil. Isso tudo contribuiu para um acúmulo de 13 milhões de desempregados, muitos deles até desesperançados. Além disso há a questão da corrupção, sobretudo os escândalos da Lava Jato (operação encabeçada pelo juiz Sérgio Moro) que, para aquém de uma análise crítica, contribuiu para aprofundar a crise política e, consequentemente, econômica e social que o Brasil vivencia. Para dar o “tiro de misericórdia”, houve o golpe parlamentar que destituiu a presidenta Dilma Roussef, assumindo o seu vice, Michel Temer, com a promessa de “colocar o Brasil nos trilhos certos”. Depois de quase dois anos de governo Temer, a situação do Brasil piorou e isso também aprofundou a crise de modo a criar uma descrença nas soluções políticas, pelo menos nas soluções já conhecidas ou anunciadas.

Já falamos pessoalmente sobre a atuação de Sérgio Moro, da saída de Dilma e da atuação de Temer. Sabe que não pensamos da mesma forma, as coisas não aconteceram tão a margem da lei como o PT relata, mas é claro que foi direcionado. Porém, mais uma vez a análise está sendo feita sem vistas do momento, das fraudes, da corrupção do momento e da iminente continuidade ‘eterna’ do PT no poder, não por ser validado pela população, mas por, de certa forma, ter uma máquina de dinheiro em sua mão que estava propiciando isso. 

Gosto da alternância de poder. Inclusive não defendo reeleições e fico impressionado o quanto ainda somos, no Brasil, aristocráticos. Já reparou a quantidade de filhos de políticos que se tornam políticos, de famílias de políticos? É uma verdadeira continuidade no poder, uma manutenção consanguínea!  Inclusive Bolsonaro é um bom exemplo. Por outro lado, também entendo que o poder é para poder fazer e é legítimo projetos de poder, desde que haja projeto coletivos e não pessoais. E os projetos de poder devem ser regulados por outros projetos de poder. Os projetos de poder não podem, na minha opinião, ser regulados fora do jogo de poder porque aí a gente saí do campo democrático. Mesmo que haja outras questões atravessadas nessa minha afirmação isso precisa ser considerado.

Sim, horrível, triste isso. Vivem da política e poucos preocupados com o País. Fiquei vendo Henrique Meirelles concorrendo a presidência. Um avô, cheio da grana, milionário, com um conhecimento econômico fantástico, com possibilidade de se aposentar, de apoiar qualquer Governo, de lecionar, escrever um livro e o cara prefere passar por um vexame de candidatura e ser esculachado por Boulllos e outros. Uma coisa inexplicável. Não consigo compreender a política.


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Tinha que ser feito Primo, esse era o momento da história, assim que já tivemos outros na história mundial, não há porque se lamentar. 

A única coisa que concordo e que já lhe disse, é que tudo isso deveria ter sido feito de outra forma. Porém existe uma pergunta: - E existiria outra forma de fazer? O PT está disposto a tudo para dar continuidade ao projeto de poder, até desrespeitar tudo e a todos com o induto de Lula e você ainda duvida de algo????? 

Somos crianças neste mundo, Primo. Não se iluda com ideologia e estudos de perfil.

Não me iludo não, primo, mas uma coisa importante de lembrar é que a corrupção não foi uma invenção recente na história do Brasil, que há um jogo de interesses em nome do combate a corrupção e que na história do Brasil, mesmo recente, o combate a corrupção serviu para altear bandeiras pro golpe militar e pro Collor, por exemplo. É claro que precisamos e devemos combater o problema da corrupção e o PT ou qualquer partido ou qualquer político envolvido precisa ser punido. Contudo, precisamos também estar atentos aos jogos de interesse e o “mudar para manter o jeito de estar”. 

Certíssimo grande primo, entendo e acredito que não se iluda. Fato que a corrupção é bem antiga, principalmente por aqui, porém essa era a hora do choque. O PT foi mestre no que fez. Comparo Lula a um Alcapone brasileiro. Seria muito difícil pegar ele, porém foi o certo.


Os grupos de eleitores e seus sentidos e significados 

Em primeiro lugar é muito importante partir da perspectiva plural, ou seja, não existe apenas um sentido e um significado que norteiam as pessoas a apoiarem Bolsonaro. Então é importante abordar essas possíveis pluralidades, buscando compreendê-las, adentrando em suas perspectivas.

Há inúmeras análises que indicam que essa eleição está marcada por fortes componentes emocionais e que, no caso de Bolsonaro, são marcas já coladas de modo a criar uma forte representação, uma ancoragem densa (eu estou me remetendo a Teoria das Representações Sociais). São essas “marcas coladas”, essas “ancoragens densas”, que ajudam a buscar o olhar a partir dessas pessoas, a buscar seus sentidos e significados e, portanto, compreendê-las em suas pluralidades.

Tentando dividir em grandes grupos de sentidos e significados, um que destaco tem a ver com o sentido e o significado da esperança. Para muitas pessoas, Bolsonaro representa a esperança. Esperança de um novo na política porque não estaria corrompido, não dependeria dos partidos, falando o que pensa, sendo transparente e conseguindo dialogar com o povo. Sem dúvidas, Bolsonaro é um fenômeno (não um mito, mas um fenômeno a ser entendido), pois tem movido as massas para uma adesão, pelo menos em parte, espontânea, incluindo grupos sociais bastante diversificados (embora haja predominâncias de alguns marcadores sociais). Bolsonaro, nesse caso, é sentido e significado como o novo e com o que rompe com os velhos políticos e as políticas tradicionais (lembrando que não estou analisando as causas e nem desvelando as falácias desses sentidos e significados. Neste caso, por exemplo, de representar o novo é uma grande falácia já amplamente apresentado).

É a representação do novo sim, ao menos as ideias de cortar vínculos com os ‘dinossauros’ de tentar combater a criminalidade, de tentar ser isento e não corrupto e de buscar alianças que queiram o melhor para o País. Entenda que precisamos acreditar nisso, que o que está aí, o povo não quer mais. O PT está tem quase 16 anos contínuos e quer agora tentar nos dizer que vai fazer isso e aquilo. Quer se pintar de verde a amarelo, ‘pqp” Primo, é chamar o povo de idiota e assinar abaixo. Como lhe disse acima, quem criou o ‘fenômeno’, ‘mito’, como quiser, chamado Bolsonaro, foi o próprio PT. 

Primo, eu compreendo os sentidos e significados dessa escolha, de achar que é a representação do novo e este foi meu esforço aqui, mas isso não significa que concorde, pois reflito que Bolsonaro não tem nada de novo. Na verdade, é o que há de mais arcaico em termos de civilização, pois prega a intolerância, a saída pela violência, etc. É uma questão de perfil, de identidade dele e isso pode ter sérias repercussões. Como disse é essa perplexidade em escolher esse candidato que me mobiliza. Certamente nenhum outro oponente do PT provocaria isso. E quando fala de querer “acreditar nisso”, entendo bem. Sei que as vezes precisamos acreditar em algo e a tal ponto que não conseguimos enxergar certas coisas.

Creio que eu tenha me expressado errado. Quando eu digo a representação do ‘novo’ digo que é algo totalmente diferente das experiências que estamos vivendo nos últimos 16 anos. Ao menos é o que acreditamos que acontecerá. Entenda que só em desafiar tudo, de imprensa às ideologias impostas, de pessoas importantes à partidos, de se declarar independente, de fazer uma campanha com pouquíssimos recursos, de levantar a bandeira anticorrupção, etc. Lembre-se que até o momento, não temos nenhum escândalo envolvendo ele, um cara que está a tanto tempo no meio. Veja que o óbvio e o normal, torna-se o diferente e o novo. Acho também que algumas atitudes dele irão provocar repercussões não tão agradáveis, mas creia que vivi várias provocadas pelo PT, que também não gostaria de ter vivido. Entende?


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Agora, se de fato ele vai fazer isso, nós não temos certeza e se não o fizer, sofrerá a mesma rejeição. 

Se ele não fizer o que promete (algumas coisas que ele falou me assustam muito) espero mesmo que haja uma rejeição, mas também se poder contribuir para que este País seja menos excludente e de modo a possibilitar que as pessoas, em todas suas diversidades, possam viver uma sociedade melhor, merece ser reconhecido por isso.

Concordo com você e também não concordo com tudo que ele diz não. Ele precisa melhorar muito e ser bem ‘formatado’ para de fato ser um bom presidente. Acho que a mudança é possível. Lula viveu isso.

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O que me deixa extremamente triste e que deveria ser objeto de uma outra análise sua é o motivo da incapacidade dos seus eleitores, em enxergar de forma clara essa rejeição, de ver que de fato merecem e partir para uma mudança. Porém o que vemos é justamente o contrário. Vemos o fantoche do Haddad indo pedir bênçãos rotineiras a Lula (presidiário), vendo a todo momento uma insistência nas práticas já abominadas. A busca ‘falsa’ em se aliar com as minorias, como se de fato se preocupassem de forma profunda com elas, quando sabemos que foi parte apenas de um plano político para fortalecer a massa de votos. 

Como eu já disse e concordo com você em parte, há necessidade da autocrítica. O que deu certo e o que deu errado, quais os erros cometidos.... Mas seria muito importante também que você pudesse reconhecer os alcances do governo PT e da importância para o Brasil.  Fica a sua dica e absorvo de bom grado em fazer uma análise em relação a incapacidade de alguns enxergar os erros e manter certas práticas. 

Eu consigo enxergar sim e já citei acime nessa revisão e réplica. Acho inclusive um importante exercício para acabar com essa polaridade sem sentido. Vejo um bom exemplo em você, para contribuir com o fim disso. Parabéns.

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Primo, o ‘ROUBADO’ na era PT, daria tranquilamente para oferecer uma outra condição de saúde e educação para o povo. O PT deu esmola e esqueceu o Povo. Os movimentos sociais, são mascarados de ideologia. Hoje temos pessoas ricas no meio, carros de luxo invadindo terras, o projeto é uma farsa. Só vocês ‘puros e inocentes’ querem enxergar apenas a poesia do social, quando na verdade o Sr. José Dirceu e outros planejaram outras coisas com essa massa de manobra. 

A corrupção é abominável e deve ser apurada e todos envolvidos precisam ser punidos, mas isso dentro da legalidade e sem os jogos políticos. Os erros ocorreram, mas acertos foram muitos.  

Concordo plenamente. Por isso que o PT deveria ter recolhido o trem de pouso e não insistir. O erro foi desde a reeleição de Dilma e insistem novamente agora, inclusive afrontando tudo e a todos. Principalmente quando afirmam que darão indulto a Lula. Foda isso viu!

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Você fez muitas análises de governos, de regimes, mas não olha o que o comunismo/socialismo radical e disfarçado fez com a Venezuela, Bolívia, Nicarágua, Cuba e outros regimes que o PT sempre apoiou, adorou, idolatrou e até financiou com o meu e com o seu dinheiro. Querido Primo, fascismo, ditador e assassino são os governantes desses países. Quem apoia de forma explícita e financia eles é o que então??? Não deveríamos temer isso também, não??? 

Saiba que há muita gente, do PT mesmo, que faz essa mesma crítica sua. Nenhuma forma de autoritarismo, seja de direita ou esquerda, merece apoio. E eu concordo com isso. Acontece que há também propagandas que terminam criando imagens negativas. E aí, nesses casos, é necessário um senso crítico. Não estou me referido a nenhuma das situações que você se referiu em particular, mas chamo atenção disso.

Ok, entendo e fico feliz em ver que tem pessoas de esquerda que enxergam essa falha, mas creia que só vi você até agora, fazendo essa afirmação. E isso também nos preocupa muito. São os medos do outro lado. Entende? Se em algum momento fiz referências mais fortes, de fato não foi com a intensão de criar qualquer imagem negativa de forma intencional e sim de me preocupar de fato com isso.

Um segundo grupo de sentido e significado, e aí mais vinculado as questões objetivas, aos anseios da sociedade, tem a ver com a questão da violência, incluindo aí a corrupção. Um dos temas diuturnamente abordados nas grandes mídias tem a sido a questão da violência, da insegurança pública, da corrupção e da impunidade. Bolsonaro se apresentaria como um candidato que traz propostas palatáveis para muitos brasileiros quando propõe, por exemplo, a chamada “excludente de ilicitude” para os policias terem mais autorização para matar em situações de confronto ou quando propõe porte de armas. São soluções que as pessoas conseguem entender e que tem apelos para respostas rápidas. Ele passa a imagem do durão e do implacável, contribuindo certamente para a produção de sentidos e significados que vão acabar ou minimizar com o problema da violência. Importante dizer que Bolsonaro também tem explorado as falhas nos supostos combate a violência. Tais falhas estariam sendo atribuídas as políticas frouxas, permissivas e norteadas pelos Direitos Humanos.

Um outro grupo de sentido e significado, e esse mais ligado aos marcadores sociais religiosos, sobretudo os evangélicos (ligados a corrente Neopentecostal, da Teologia da Prosperidade) e da igreja Católica mais conservadora, adere ao projeto bolsonarista via a política dos costumes. Uma contra-ação motivada na sociedade por grupos conservadores e potencializada por grupos dos meios de comunicação (aqui há um fenômeno interessante porque o maior conglomerado de comunicação, que é a Rede Globo, se posiciona relativamente fora do movimento conservador de costumes e mantem “guerra comercial” com a Rede Record, por exemplo, que tem como proprietário o bispo Edir Macedo, da Igreja Universal do Reino de Deus). Assim, os sentidos e significados produzidos por pessoas ligadas a esses marcadores sociais enxergam em Bolsonaro uma alternativa contra o despudor e o esgarçamento da moral cristã, etc. Bolsonaro seria um político que assume explicitamente a posição conservadora (Importante observar que o Brasil é um País mais conservador do que liberal, em termos dos costumes).

Não poderia deixar de abordar aqueles que tem em Bolsonaro o sentido e significado do antipetismo. Desse grupo há que se distinguir os anti-petistas, que são alguns inconformados com a acessão do Partido dos Trabalhadores e com Lula, que é de origem sindical, pouco escolarizado e que cheira e tem jeito de gente do povo.  Há ainda os anti-petistas rancorosos que, por motivos variados, criaram mágoas, ranços e nutriram toda sorte de preconceitos com o vermelho do PT, com os partidos de esquerdas, etc. E existe, por fim, uma boa tarde de anti-petistas que são as pessoas que ficaram decepcionadas. Muitas delas até votaram no primeiro e segundo governos Lula, mas foram se distanciando e se frustrando com os desgastes do governo, mas também se aproximando das oposições e aderindo aos discursos críticos. 

Um outro grupo, embora não tão numeroso, mas qualitativamente representativo, seria uma espécie de misto entre ultradireitistas e neonazistas. Tal grupo expressa cada vez mais abertamente posições de intolerância, soluções aos problemas sociais via a violência e escárnio as instituições democráticas. Isso sem falar da adesão escancarada ao homofobismo, ao racismo e ao machismo. Esse grupo (mas não só o grupo em tela, mas boa parte dos posicionamentos dos demais grupos apoiadores de Bolsonaro) tem como inspiração as ideias de Olavo de Carvalho, um dos principais pensadores da linha conservadora no Brasil. O sentido e significado, para esse grupo misto, é que Bolsonaro representa o seu verdadeiro e ariano líder.

Veja bem, uma coisa certa que você disse é que a massa do nosso País é conservadora e esse fato não deve ser visto como ruim ou até mesmo inferior ao liberalismo. O que precisamos é respeitar ambas as partes. Colocar as questões de raça, de ideologia de gênero e da mulher como centrais a discussão do momento. Parece apenas uma defesa bonita das causas do PT e de uma desvalorização do Bolsonaro. Se existem grupos racistas, neonazistas, de assassinos, de homofóbicos e outros deprimentes, creia que existem dos dois lados, inclusive conheço vários. O fato dele ter criado um ‘personagem’ que fortaleceu muito esses assuntos de forma bem polêmica, não faz com que de fato isso seja plataforma de governo dele e nem tão pouco que os eleitores dele tenham esses perfis. Esse é um dos grandes erros de avaliação dos eleitores e do PT. 

Certamente, meu primo. Este escrito quis mostrar que existem vários sentidos e significados para apoiar Bolsonaro. A grande maioria é gente como você, pessoa querida do meu coração. Também acho que existem exageros dos dois lados. Há muitas coisas dos movimentos sociais-militantes que não concordo. Contudo, e o evidente, é que o Bolsonaro é o porta voz desses preconceitos e brados de violência. Isso não é invenção e você sabe disso. Não é um modelinho que ele criou para chamar atenção. Até entendo que muitas pessoas achem que é uma brincadeira dele, que é uma figura da parte dele e que na prática ele não é nada disso... De todo modo, ele como líder, inspira aquilo que representa. Embora esteja no permanente exercício da compreensão, não sou ingênuo e coloco em dúvida essa sua crença, mas, como já disse, compreendo seus sentidos e significados. E sobre o conservadorismo... também penso que nem todo o conservadorismo seja ruim e que nem todo liberalismo (estamos falando em termos de costumes e não em termos econômicos) seja bom. Mas quando falo do conservadorismo de alguns apoiadores de Bolsonaro (e do próprio) estou apontando coisas que são arcaicas e que precisam ser superadas na sociedade brasileira, como o machismo, a homofobia, o racismo, etc.

É fato precisamos superar essa divisão de pensamentos ideológicos e de costumes. Eu penso que ele nada fará de mal contra grupos.

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Como já tinha dito acima, nenhum dos eleitores dele espera que ataque nenhuma parte da população e que tire direitos de ninguém. 

Sim. A credito que a maioria dos eleitores de Bolsonaro seja como você, meu primo. O problema é que ele próprio fabricou e estimulou isso. Se não vai fazer mais, se vai coibir tais práticas, se vai mudar... aí é outra história.

Verdade.

Certamente Bolsonaro não foi o candidato querido do centro e do centro direita do Brasil. Havia uma grande aposta no candidato do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), Geraldo Alckmin e isso porque ele seria o mais estável para os interesses do mercado e ainda jogando dentro do campo democrático. Contudo, o fenômeno Bolsonaro arrastou milhões de eleitores de Alckmin, que teve um resultado pífio no primeiro turno (4,76%). O sentido e o significado desses eleitores talvez coincidam com aquilo que apontei de Bolsonaro em representar o novo (e não mais Alckmin) e também por representar uma maior possibilidade de lograr vitória. Ainda sobre esse grupo é destacável dizer que muitos têm uma posição consciente de sua condição social e defendem seus interesses, vendo, portanto, em Bolsonaro seu legítimo representante.

Por fim, há o grupo de pessoas que seguiram a manada.  Muitos jovens, de classes baixas e que não teria muito o que se identificar com as falas e gestos de Bolsonaro, mas que aderiram pelo calor das emoções propagandeada pela campanha bem-sucedida das mídias sociais de Bolsonaro. Mister destacar nessas campanhas e para esses jovens o apelo aos discursos bélicos e mesmo a espiral do silêncio que aponta para intenção de vitória. 

Outro erro enorme em sua avaliação. Claro que temos parte dos jovens com uma vertente ‘bélica’, porém a grande maioria esmagadora vive hoje em um ambiente totalmente liberal, onde tudo pode e onde, inclusive, está sendo desfeito a cada dia, a formação conservadora da família brasileira. Vou colocar grande parte dessa influência liberal, social e de esquerda nos educadores. Esses, infelizmente, usam o ambiente escolar para formar pessoas com pensamentos semelhantes aos seus, acuando os que pensam de forma diversa. O PT é mestre nisso. 

Aí meu, primo, você me espanta. Pareceu até os mantras de pessoas que repetem essas ideias estapafúrdias ao entoarem que o problema dos jovens está nos educadores ideologizados e que fazem as cabeças dos alunos. Esclarecer isso me drenaria muita energia agora e faria sair do foco, mas só quero dizer que a educação (escolar) está longe disso. Os educadores, ao contrário, são mais conservadores do que imagina. A escola pública, por exemplo, nunca conseguiu ser laica. É totalmente religiosa! E mesmo assim não creio que o problema da juventude esteja, mesmo que em parte, nas mãos responsáveis dos educadores. Sobre isso há muito mais relação com uma sociedade do hiperconsumo, com as mudanças potencializadas via as novas tecnologias, etc. Bem, mas quando me referi a questão bélica não estava generalizando para todos jovens... estava me referido, especificamente, aos apelas narrativos de Bolsonaro.

Entenda que eu precisava ouvir isso de você. Acredito plenamente no que diz, pois acho você um cara fantástico, um estudioso do assunto e que conhece profundamente a educação dentro e fora do País. Se você afirma que estou equivocado acerca disso, eu vou acreditar e tentar resinificar essa impressão em minha mente. Queria que entendesse que se penso assim, é apenas fruto de experiências, de relatos e de vivências reais que ratificaram essa afirmação. Como essas experiências são poucas comparado às suas, de salas de aula, como professor e aluno, creio que esteja muito mais apto a negar a minha afirmação. Vou tentar entender que minhas vivências são apenas exceções. Vamos pular isso e me desculpe se fui rude e insensível com você. Não era para lhe atingir. Não acho que você faz isso.

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Ressalto exemplos absurdos na classe de meu filho de 12 anos e de outros relatos de filhos de colegas, onde os professores a todo o instante, durante esse período eleitoral, falaram que sairiam do País se Bolsonaro ganhasse, que ele era o pior ser humano que já viram nascer, que vai proibir isso e aquilo. Como disse acima Primo, isso é perversidade, isso é uma tática do PT e dos movimentos de extrema esquerda. Eles tentam induzir e formar os jovens na base, intimidando, trazendo mentiras ou apenas a sua visão de um todo. É justo falar isso para uma criança de 12 anos???? E foi justamente a professora que ele mais admira, na matéria que ele é melhor na escola (Ciências). Isso, sim, traz a decepção, isso sim faz Bolsonaro crescer, isso sim faz com que a população diga ‘ basta à ideologia do PT’.

Nesse caso, sobretudo em relação a uma criança de 12 anos, caberia a parcimônia. Mas meu primo isso não é o geral. Eu também poderia enumerar uma série de situações contrárias. Penso que precisamos ter cuidados com esses exageros por parte de alguns professores (sobre religião, por exemplo, há farturas de casos de intolerância), inclusive para não criarmos proibicionismos, como é o caso da “Escola com Mordaça”.

OK. Vamos seguir com o que disse acima, mas que fique claro que não sou a favor de certos assuntos e temas em todas as classes (idades).

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Por sorte o diálogo em nossa casa é aberto e nosso filho, que vc conhece, tem já suas opiniões formadas, ou ao menos em construção. Porém esse tipo de profissional não entende que nem todo lar é assim e é aí que surgem os conflitos. 

Sim.

OK

Importante apreender desses sentidos e significados, e com isso as compreensões a respeito dos eleitores, é que a grande maioria de brasileiras e brasileiros que apoiam Bolsonaro não são monstras e monstros, não são nazistas e nem pessoas perversas. São pessoas comuns como qualquer outra.  Para a grande maioria dos eleitores de Bolsonaro o sentido e significado é de esperança, de renovação, de apostar verdadeiramente em um Brasil menos violento, menos corrupto, com uma economia melhor, com mais empregos. É bem verdade que não parece haver representações de igualdade, de inclusão social, de estado de direito ou mesmo de direitos humanos em um primeiro plano. É como se essas coisas ficassem muito abstratas e pouco importantes diante de situações mais prementes, como a violência urbana e o desemprego. Bolsonaro parece ter tido a capacidade de aproveitar a oportunidade e criar os discursos, as narrativas, e gestos necessários para essas marcas coladas, essas representações fortemente ancoradas.

Por outro lado, se os bolsonaristas (mesmo que momentâneos, porque esse fenômeno pode ser uma onda) são pessoas comuns, amigas e amigos, parentes, educados, genuinamente interessados pelo Brasil, por outro lado se identificam e reforçam a representações que apontam para um mundo mais violento, intolerante e autoritário. Sobre isso uma das mais importantes filósofas da contemporaneidade, Hannah Arendt, se debruçou sobre a questão da banalização do mal. Arendt ficou intrigada como as “pessoas de bem” foram capazes de cometer barbaridades em relação ao extermínio em massa na segunda guerra mundial. Há, portanto, um perigo sério nesse momento histórico que o Brasil vivencia. Tenho conversando com alguns eleitores de Bolsonaro, pessoas que amo muito, por sinal, e elas asseveram que isso não vai acontecer e que, se Bolsonaro “pisar na bola”, também cairá fora. Particularmente, sobretudo por conta de experiências históricas, não vejo assim. 

Primo, não existe esse mundo sem violência, sem barbárie, sem medos que os socialistas escrevem. Portanto, ninguém que vota em Bolsonaro está querendo mais violência, usurpação dos direitos humanos (não existem), ou qualquer outra coisa absurda que relatam. 

Há o socialismo romântico e há o mais realista. Acho até que o primeiro foi completamente superado. Particularmente entendo que a violência é constituidora do humano, mas ao mesmo tempo acredito que podemos viver com menos violência e não precisamos de narrativas que a estimule. Também vejo que uma boa parte dos bolsonistas não querem o derramar de sangue. Claro! 

Exato, não queremos mesmo, porém não queremos também um presidente dizendo que vai dar induto a Lula, que vai pregar o desencarceramento, etc., ou até mesmo aliados dizendo que entende a lógica do assalto e que acha normal. Tenha paciência. Uma coisa é um estudo psicológico, sociológico, sei lá, que justifique qualquer coisa, porém um candidato não pode ter a irresponsabilidade de dizer isso ao vivo, sendo que a violência é uma das grandes crises que estamos vivendo.... Tudo tem limite. Entende que o PT também fala as asneiras, semelhantes às de Bolsonaro???

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Já estamos vivendo tudo isso e de forma bem forte. Grande parte da culpa disso é a passagem do governo do PT que não cuidou, não coibiu e não fez quase nada para impedir a onda de violência que vivemos. Inclusive reflita sobre os TRILHÕES saqueados do Brasil que poderiam ser revertidos em programas de base e de educação, saneamento básico e geração de empregos, que poderia diminuir a problemática atual. 

A corrupção contribui com a violência, sem dúvida. E justamente, como você apontou, porque o problema da violência no nosso País tem muito a ver (não só essa causa) com as injustiças sociais, com a distribuição de riquezas, etc. E sobre isso o PT, mesmo com seus possíveis erros, cumpriu um papel importante em suas políticas sociais – verdade que poderia e deveria ter feito muito mais.

Concordo com o escrito dos programas e com o início, porém depois virou uma máquina de fraudes, de manobras de massa e outras coisas mais.

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Uma verdade escrita é que a maioria esmagadora dos eleitores não são monstros ou monstras. Inclusive muitas mulheres, né???? Essas que vão perder os seus direitos e voltar a lavar pratos em casa por causa de seus maridos machistas e bolsonarianos. Porra, Primo, isso é até engraçado, mas bem trágico. 

Veja, o tempo todo estou tentando mostrar no meu escrito que há grupos diferentes em relação aos apoiadores de Bolsonaro (como há, certamente, em relação aos de Haddad). A maioria é gente como você, ou seja, não são monstros. Contudo, há pessoas que acreditam na violência e que o próprio Bolsonaro incentivou isso. A questão, e o que me preocupa, é que possivelmente não haja a concretização desses pavores pregados por alguns que são contra o Bolsonaro. Porém, pode ser que sejam deflagradas políticas que nada contribuam com a superação de certos problemas crônicos brasileiros.

Primo, terão coisas boas e ruins. Eu tenho certeza disso. Só coisas boas, será impossível.

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A mulher já conquistou seu espaço e isso tende a crescer. As diferenças irão se equilibrar com o tempo. Votar em Bolsonaro não vai mudar minha essência, não vai fazer com que eu espanque minha mulher, etc.

Você é um marido e um pai exemplar. Mas há riscos, pelo menos assim vejo, de Bolsonaro, em suas políticas, nada contribuir para superação ou a minimização do machismo, por exemplo.

Ok, ele vai se reposicionar sobre isso. Vai ser ‘formatado’ assim como Lula foi e a tendência é que pare de falar besteira (Ele diz muitas mesmo).

Este escrito, portanto, como anunciado lançou alguns olhares para as pessoas que apoiam o projeto e a experiência Bolsonaro buscando compreender seus sentidos e significados. Isso foi empreendido não para, simplesmente, contemplar, mas avançar processos educativos, desenvolver autocríticas e estabelecer diálogos. Afinal, o processo eleitoral é só uma batalha num campo de luta que tende a se esticar e com as portas do imponderável abertas.

Petrolina-PE, 17 de outubro de 2018

Muito bom, mas só será útil se você mergulhar com seus alunos em uma autocrítica do PT, seus erros, suas mazelas, sua forma antiga de fazer uma extrema esquerda radical com um socialismo sem medida e um liberalismo sem respeito ao próximo. Não há porque olhar de forma espantosa para o crescimento do fenômeno Bolsonaro, querer entender ele, se não for feita primeiro uma autocrítica ao PT. Como disse acima, Bolsonaro só existe com a força atual, por causa do PT e sua ideologia. Caso não aceite e não reflita isso, nunca entenderá e ficará lendo livros de história, com teorias e formação de perfil neonazista, fascistas e outros, na tentativa de compreender o que está bem simples de entender. 

Já faço isso com meus alunos. Sempre busco ter uma abordagem crítica dos fenômenos. Mas sobre o fenômeno Bolsonaro é da ordem do espanto porque tem ressonância com outros fenômenos que ocorrem mundo afora, que é a ascensão de narrativas neo nazista-fascista. Isto merece ser seriamente abordado.

Não vá por essa linha não, pois corre o risco de ficar nos livros de história apenas e se perderá do real motivo da ‘escolha’ de Bolsonaro.

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Seria bom que replicasse esses pensamentos em vermelho, para todos que enviou o texto original. Só assim poderemos ser democráticos e termos a possibilidade de uma real reflexão, sem a tutela e chancela do Professor Marcelo Ribeiro. Caso o faça, peço que deixe anônimo o autor, pois não quero atenção com o assunto. 

Penso que seja uma boa ideia. Você pode ler como ficou e editar o que achar necessário. Eu precisaria só contextualizar o leitor em relação ao texto e as respostas. Mas repare que o próprio escrito já é um gesto de reflexão crítica e compreensiva. Foi construído a partir de conversas onde quis mostrar os sentidos e significados dos eleitores de Bolsonaro para sair, justamente, dos estereótipos.

Perfeito, ratifico o que disse e não tenho nada a formatar e mudar não. Peço apenas o anonimato.

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Entenda sua responsabilidade como escritor e professor. Você influencia muito seus seguidores. 

Desculpe a ortografia, as ideias não tão conexas como as suas e a pouca ou quase nenhuma referência bibliográfica dos escritos. Não tenho a mesma categoria que a sua escrita. Porém, o descrito é o sentimento de uma enorme parte dos eleitores de Bolsonaro. Creio que seja isso de fato que estava buscando entender, correto??? 

Salvador-BA, 18 de outubro de 2018 

Meu primo, você escreveu super bem e soube expressar verdadeiramente o que pensa e o que sente. Foi muito importante para mim essa “conversa”. Você me ajudou a quebrar preconceitos, a chegar em suas razões e fortalecer o diálogo, mesmo que tenhamos posições diferentes. Lembra do que falei no comecinho sobre o ficcional diálogo entre um chinês e um alemão conversando? Pois é... mesmo falando a partir dos nossos mundos (olhares), quis dar uma atenção genuína e abertura para ser tocado pela sua diferença. E foi isso... agora compreendo melhor, vejo coisas que não via antes. 

Remanso, 19 de outubro de 2018.

Meu Primo, meu irmão, meu amigo, obrigado pela experiência. Gostei muito do debate, de lhe ouvir, de ser ouvido e de poder aqui lhe ajudar a entender e também de poder ser entendido. Gosto muito de você e lhe admiro muito. Parabéns! 
Vai ficar tudo bem, acredite!

Salvador, 19 de outubro de 2018.

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