Por: Diandra Sampaio
Disciplina: Educação
e Políticas Públicas
Pensar a educação infantil na sociedade
contemporânea demanda um grande empenho e uma profunda ponderação para entender
qual o papel da escola, dos pais, da cultura e da sociedade no processo de
construção do desenvolvimento e formação escolar das crianças e jovens.
Ao longo dos séculos, a infância vem
assumindo diferentes papéis de acordo com a época e a sociedade em que está
inserida. Sendo que, a concepção de infância é uma noção construída
historicamente e, consequentemente, sofre mudanças ao longo do tempo, não se
manifestando de maneira igualitária nem mesmo quando se fala de um mesmo
contexto histórico. Deixa-se claro que a infância será vista de acordo com os
interesses e momentos da sociedade na qual está incluída.
A
criança desenvolve-se através de suas experiências sociais, nas interações que
estabelece, desde a primeira infância, com a experiência sócio-histórica das
pessoas que convivem (família, professores e etc.) e do mundo que os cercam.
Dessa forma, é na brincadeira, que é uma atividade humana mais predominante na
infância, que se constitui em um modo de assimilar e recriar a experiência sócio-cultural
na qual estas crianças estão inseridas.
Apesar de todo aparato teórico que mostra a
importância do brincar, ainda há dentro das práticas educativas um olhar
indiferente sobre a questão da presença da brincadeira dentro do cotidiano
escolar. Assim, entre o discurso e a prática, o tempo e o espaço do brincar vão
sendo reduzidos para que nossas crianças se tornem alunos.
Vygotsky (2007) defende que nesse novo
plano de pensamento, ação, expressão e comunicação, novos significados são
elaborados, novos papéis sociais e ações sobre o mundo são desenhados, e novas
regras e relações entre os objetos e os sujeitos, e desses entre si, são
instituídas.
A brincadeira estimula a capacidade da
criança respeitar regras que valerá não só para a brincadeira, mas também para
a vida. Ela também ativa a criatividade, pois através da escolha dos papéis
terá que reproduzir e criar a representação na brincadeira.
A hora do intervalo é uma oportunidade para
as crianças estabelecerem amizades através da brincadeira livre. A brincadeira
tem sido creditada como um papel central nas amizades. E a amizade pode ser
utilizada, posteriormente, como suporte para o ajustamento escolar em
habilidades comunicativas e sociais e nos trabalhos em classe.
O brincar envolve múltiplas aprendizagens.
Vygotsky afirma que na brincadeira “a criança se comporta além do comportamento
habitual de sua idade, além de seu comportamento diário; no brinquedo, é como
se ela fosse maior do que ela é na realidade” (2007, p.122). Isso porque a
brincadeira, na sua visão, cria uma zona de desenvolvimento proximal,
permitindo que as ações da criança ultrapassem o desenvolvimento já alcançado
(desenvolvimento real), impulsionando-a a conquistar novas possibilidades de
compreensão e de ação sobre o mundo.
A brincadeira é uma palavra estreitamente
associada à infância e às crianças. Porém, ao menos nas sociedades ocidentais,
ainda é considerada irrelevante ou de pouco valor do ponto de vista da educação
formal, assumindo frequentemente a significação de oposição ao trabalho, tanto
no contexto da escola quanto no cotidiano familiar (Borba, 2006).
Como ressalta a referida autora, tanto a
dimensão científica quanto a dimensão cultural e artística deveriam estar
contemplados nas nossas práticas junto às crianças, mas para isso é preciso que
as rotinas, as grades de horários, a organização dos conteúdos e das atividades
abram espaço para que possamos, junto com as crianças, brincar e produzir
cultura.
A autora destaca ainda que a brincadeira
está entre as atividades frequentemente avaliadas por nós como tempo perdido e
que essa visão é fruto da ideia de que a brincadeira é uma atividade oposta ao
trabalho, sendo por isso menos importante, uma vez que não se vincula ao mundo
produtivo, não gera resultados.
Borba (2006) enfatiza também que é essa
concepção que provoca a diminuição dos espaços e tempos do brincar à medida que
avançam as séries/anos do ensino fundamental. Seu lugar e seu tempo vão se
restringindo à “hora do recreio”, assumindo contornos cada vez mais definidos e
restritos em termos de horários, espaços e disciplina: não pode correr, pular,
jogar bola etc. Sua função fica reduzida a proporcionar o relaxamento e a
reposição de energias para o trabalho, este sim sério e importante.
CONSIDERAÇÕES
FINAIS
Muitos são os desafios que a educação
precisa enfrentar e um deles é fazer com que a criança seja reconhecida como
sujeito de direitos. É necessário assegurar à criança condições para o seu
pleno desenvolvimento, não só através de estatuto e leis que defendem a
infância, mas com atitudes concretas e reais onde o direito e a importância de
brincadeira sejam respeitados assim como o seu tempo e o seu espaço sejam
valorizados e ganhem também seu devido destaque.
No que se refere à aprendizagem, utilizar a
brincadeira como um recurso é aproveitar a motivação que as crianças têm para
tal comportamento e tornar a aprendizagem de conteúdos escolares mais atraentes.
Entretanto, de acordo com as pesquisas revisadas, o meio escolar ainda não está
conseguindo utilizar o recurso da brincadeira como um facilitador para a
aprendizagem. Muitas dificuldades e barreiras ainda são encontradas, tais como
a falta de espaço, de recursos e principalmente, de qualificação profissional.
Em virtude do que foi mencionado não se
pode simplesmente culpar os educadores ou considerá-los desmotivados pelo
assunto, mas é preciso mostrar quais são os benefícios de um trabalho bem
elaborado, que envolva as atividades lúdicas de qualidade, com liberdade de
ação física, mental, utilizando recursos e transparência, no estímulo na
competição entre os alunos através dos brinquedos, oferecer segurança, tudo
isso são notáveis para enriquecimento do trabalho, e a construção de sua
identidade. Considerando esses aspectos, com base nas pesquisas sobre a
importância do brincar na educação infantil, pode se obter um resultado
satisfatório na busca por uma identidade infantil de qualidade, somado ao
desafio do estudo, pois além de proporcionar um grande aprendizado sobre o
assunto abordado, foi uma superação pessoal enquanto professora da Educação
infantil.
REFERÊNCIAS
ARIÈS, P. História social da criança e da família.2 ed.,
Rio de Janeiro: Guanabara, 1981.
BORBA, Ângela M. O brincar como um modo de ser e estar no
mundo. In: BRASIL, MEC/SEB Ensino fundamental de nove anos: orientações para a
inclusão da criança de seis anos de idade/ organização JeaneteBeauchamp, Sandra
Denise Rangel, AricéliaRibeiro do Nascimento – Brasília: Ministério da
Educação, Secretaria de Educação Básica, 2006
FREIRE. P; PAPERT.
S. O Futuro da escola e o impacto dos novos meios de comunicação no modelo de
escola atual. Vídeo entrevista, debate Paulo Freire e PAPERT, Seymour. TV
PUC São Paulo, 11/1995. Disponível em:
Acesso em: 22/01/2017
VYGOTSKI,
L. S. A Formação Social da Mente. São Paulo: Martins Fontes.1998