sexta-feira, 19 de maio de 2017

Educação Infantil e a ludicidade

Por: Diandra Sampaio
Disciplina: Educação e Políticas Públicas


Pensar a educação infantil na sociedade contemporânea demanda um grande empenho e uma profunda ponderação para entender qual o papel da escola, dos pais, da cultura e da sociedade no processo de construção do desenvolvimento e formação escolar das crianças e jovens.
Ao longo dos séculos, a infância vem assumindo diferentes papéis de acordo com a época e a sociedade em que está inserida. Sendo que, a concepção de infância é uma noção construída historicamente e, consequentemente, sofre mudanças ao longo do tempo, não se manifestando de maneira igualitária nem mesmo quando se fala de um mesmo contexto histórico. Deixa-se claro que a infância será vista de acordo com os interesses e momentos da sociedade na qual está incluída.
 A criança desenvolve-se através de suas experiências sociais, nas interações que estabelece, desde a primeira infância, com a experiência sócio-histórica das pessoas que convivem (família, professores e etc.) e do mundo que os cercam. Dessa forma, é na brincadeira, que é uma atividade humana mais predominante na infância, que se constitui em um modo de assimilar e recriar a experiência sócio-cultural na qual estas crianças estão inseridas.
Apesar de todo aparato teórico que mostra a importância do brincar, ainda há dentro das práticas educativas um olhar indiferente sobre a questão da presença da brincadeira dentro do cotidiano escolar. Assim, entre o discurso e a prática, o tempo e o espaço do brincar vão sendo reduzidos para que nossas crianças se tornem alunos.
Vygotsky (2007) defende que nesse novo plano de pensamento, ação, expressão e comunicação, novos significados são elaborados, novos papéis sociais e ações sobre o mundo são desenhados, e novas regras e relações entre os objetos e os sujeitos, e desses entre si, são instituídas.
A brincadeira estimula a capacidade da criança respeitar regras que valerá não só para a brincadeira, mas também para a vida. Ela também ativa a criatividade, pois através da escolha dos papéis terá que reproduzir e criar a representação na brincadeira.
A hora do intervalo é uma oportunidade para as crianças estabelecerem amizades através da brincadeira livre. A brincadeira tem sido creditada como um papel central nas amizades. E a amizade pode ser utilizada, posteriormente, como suporte para o ajustamento escolar em habilidades comunicativas e sociais e nos trabalhos em classe.
O brincar envolve múltiplas aprendizagens. Vygotsky afirma que na brincadeira “a criança se comporta além do comportamento habitual de sua idade, além de seu comportamento diário; no brinquedo, é como se ela fosse maior do que ela é na realidade” (2007, p.122). Isso porque a brincadeira, na sua visão, cria uma zona de desenvolvimento proximal, permitindo que as ações da criança ultrapassem o desenvolvimento já alcançado (desenvolvimento real), impulsionando-a a conquistar novas possibilidades de compreensão e de ação sobre o mundo.
A brincadeira é uma palavra estreitamente associada à infância e às crianças. Porém, ao menos nas sociedades ocidentais, ainda é considerada irrelevante ou de pouco valor do ponto de vista da educação formal, assumindo frequentemente a significação de oposição ao trabalho, tanto no contexto da escola quanto no cotidiano familiar (Borba, 2006).
Como ressalta a referida autora, tanto a dimensão científica quanto a dimensão cultural e artística deveriam estar contemplados nas nossas práticas junto às crianças, mas para isso é preciso que as rotinas, as grades de horários, a organização dos conteúdos e das atividades abram espaço para que possamos, junto com as crianças, brincar e produzir cultura.
A autora destaca ainda que a brincadeira está entre as atividades frequentemente avaliadas por nós como tempo perdido e que essa visão é fruto da ideia de que a brincadeira é uma atividade oposta ao trabalho, sendo por isso menos importante, uma vez que não se vincula ao mundo produtivo, não gera resultados.
Borba (2006) enfatiza também que é essa concepção que provoca a diminuição dos espaços e tempos do brincar à medida que avançam as séries/anos do ensino fundamental. Seu lugar e seu tempo vão se restringindo à “hora do recreio”, assumindo contornos cada vez mais definidos e restritos em termos de horários, espaços e disciplina: não pode correr, pular, jogar bola etc. Sua função fica reduzida a proporcionar o relaxamento e a reposição de energias para o trabalho, este sim sério e importante.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Muitos são os desafios que a educação precisa enfrentar e um deles é fazer com que a criança seja reconhecida como sujeito de direitos. É necessário assegurar à criança condições para o seu pleno desenvolvimento, não só através de estatuto e leis que defendem a infância, mas com atitudes concretas e reais onde o direito e a importância de brincadeira sejam respeitados assim como o seu tempo e o seu espaço sejam valorizados e ganhem também seu devido destaque.
No que se refere à aprendizagem, utilizar a brincadeira como um recurso é aproveitar a motivação que as crianças têm para tal comportamento e tornar a aprendizagem de conteúdos escolares mais atraentes. Entretanto, de acordo com as pesquisas revisadas, o meio escolar ainda não está conseguindo utilizar o recurso da brincadeira como um facilitador para a aprendizagem. Muitas dificuldades e barreiras ainda são encontradas, tais como a falta de espaço, de recursos e principalmente, de qualificação profissional.
Em virtude do que foi mencionado não se pode simplesmente culpar os educadores ou considerá-los desmotivados pelo assunto, mas é preciso mostrar quais são os benefícios de um trabalho bem elaborado, que envolva as atividades lúdicas de qualidade, com liberdade de ação física, mental, utilizando recursos e transparência, no estímulo na competição entre os alunos através dos brinquedos, oferecer segurança, tudo isso são notáveis para enriquecimento do trabalho, e a construção de sua identidade. Considerando esses aspectos, com base nas pesquisas sobre a importância do brincar na educação infantil, pode se obter um resultado satisfatório na busca por uma identidade infantil de qualidade, somado ao desafio do estudo, pois além de proporcionar um grande aprendizado sobre o assunto abordado, foi uma superação pessoal enquanto professora da Educação infantil.





REFERÊNCIAS
ARIÈS, P. História social da criança e da família.2 ed., Rio de Janeiro: Guanabara, 1981.
BORBA, Ângela M. O brincar como um modo de ser e estar no mundo. In: BRASIL, MEC/SEB Ensino fundamental de nove anos: orientações para a inclusão da criança de seis anos de idade/ organização JeaneteBeauchamp, Sandra Denise Rangel, AricéliaRibeiro do Nascimento – Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica, 2006
FREIRE. P; PAPERT. S. O Futuro da escola e o impacto dos novos meios de comunicação no modelo de escola atual. Vídeo entrevista, debate Paulo Freire e PAPERT, Seymour. TV PUC São Paulo, 11/1995. Disponível em: Acesso em: 22/01/2017
VYGOTSKI, L. S. A Formação Social da Mente. São Paulo: Martins Fontes.1998


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