segunda-feira, 19 de agosto de 2019

Infância e a promessa de um novo começo

Marcelo Silva de Souza Ribeiro


Sonha e serás livre de espírito... 
luta e serás livre na vida
Che Guevara


Uma das valiosas invenções da modernidade foi a infância e sua promessa de recomeço para humanidade. Nos vários sentidos na ideia-força da infância havia o entendimento de que a humanidade poderia ter a esperança de novos refazeres, de novos inícios com a chegada dos recém-nascidos e sua introdução a humanização via os processos educativos. Uma humanidade, portanto, aberta e sempre disposta a tentar algo novo foi a aposta da modernidade. Mesmo que tenhamos críticas as heranças da modernidade não dá para negar que alguns dos legados são ainda profícuos.

E é justamente sobre esse sentido do novo, do esperançoso e de revigorantes promessas contidas na ideia da infância que gostaria de abordar. Penso que precisamos também, além de mantermos eretos nas críticas, semearmos a esperança e plantarmos a perspectiva de um recomeço vigoroso. Nesses tempos sombrios e destituídos de esperanças, a infância, e com a ela a própria imagem da criança, é significativo para continuarmos resistindo a onda totalitarista e fascista que assalta o mundo, sem falar do colapso ambiental já em curso e a assombrada desigualdade social que vem condenado milhões de pessoas a viverem a triste sina das migrações em massa, da fome, das guerras descabidas e de uma vida sem vida.

No nosso caso, aqui no Brasil, os efeitos já estão visíveis, embora alguns insistam em não querer ver. A “terra brasilis” arrasada já é uma realidade e tende a se agravar a medida que efeitos vierem como marolas retardatárias em crescente força até se tornarem verdadeiros tsunamis. Teremos que ser mais fortes ainda para lidar com um presente nefasto, mas não sem cultivar um futuro melhor. E este (o futuro) há de vir com a aposta na infância que é encarnado nas crianças. 

Imaginemos que em 5 ou 10 anos aquela ou aquele que hoje tem 11 ou 6 anos poderá votar, por exemplo. Serão novos cidadãos que estarão conhecendo um outro Brasil, muito pior certamente. Então que estes novos brasileiros possam fazer o diferente, talvez o que não tenhamos feito. Apostar nesses seres é apostar no sentido da vida para a gente mesmo. E a aposta se faz antes na nossa capacidade de acreditar que esses seres serão melhores e mais capazes. Seria um misto de sonhar e agir aqui e agora para um vir a ser como semear no asfalto a espera de uma flor brotar e fazer outra paisagem.

Publicado originalmente:

https://pensaraeducacao.com.br/pensaraeducacaoempauta/infancia-e-a-promessa-de-um-novo-comeco/?fbclid=IwAR1My-SMoS1hv8wpW_do2E8fSB9hXzIBh8-oOUXmTj-5TzFqjbH8JlkPD6Y

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