quinta-feira, 15 de setembro de 2022

Pro dia nascer feliz: Um retrato da educação brasileira





Vanessa Kelly Viana da Silva
Discente do curso de Psicologia da Universidade Federal do Vale do São Francisco. 
Este texto é produto do processo vivido no âmbito da 
disciplina Educação e Políticas Públicas, 
do curso de Psicologia da Univasf, 
tendo como professor 
Marcelo Silva de Souza Ribeiro 
em setembro de 2022.


O filme “Pro Dia Nascer Feliz” mostra a realidade da educação brasileira em diferentes contextos. É possível perceber inúmeros problemas relacionados às escolas, como por exemplo, falta de estrutura física, desmotivação tanto por parte dos professores quanto dos alunos, falta de perspectiva de futuro e evasão escolar. A hierarquização das relações sociais no contexto escolar é um fator que dificulta a expressão da singularidade de cada indivíduo, principalmente professores e alunos que estão na base dessa instituição. Muitos jovens com talentos e sonhos, mas com poucos recursos e chances para crescer.

As escolas, enquanto ambiente de aprendizagem e desenvolvimento, deveriam, dentre outras coisas, oferecer um ambiente propício para que os alunos expandissem suas potencialidades. Porém, nem sempre é isso que se observa, há ambientes escolares que aprisionam seus alunos, impedindo-os de serem quem realmente são, obrigando-os a seguir um padrão, no qual todos devem pensar e agir de forma igual, sendo meros reprodutores daquilo que lhes é ofertado. Freire(1974), trás um conceito interessante e que se adequa a esse modelo, a chamada educação bancária, aqui o professor é o depositário do saber, enquanto o aluno é uma caixa vazia que apenas recebe esse depósito de conhecimento.

Um dos casos apresentados no filme é o da pernambucana Valéria, que tem um grande talento para a poesia, porém não pode frequentar todas as aulas e se dedicar aos estudos, uma vez que precisa ajudar a família em casa e na busca pelo sustento. Além do mais, dentro do próprio contexto escolar, as poesias criadas pela jovem são desestimuladas pelos professores, que alegam que os textos não são de sua autoria. Assim como Valéria, tantos outros jovens que poderiam ter um futuro brilhante, mas são sufocados pelo sistema.

Ao mesmo tempo que a escola mata a criatividade, o pensamento critico e as potencialidades de seus alunos, o mercado exige cada vez mais que as pessoas sejam criativas e pensem fora da caixa, o que é algo totalmente contraditório. Eis um questionamento que devemos fazer: A quem interessa ter uma sociedade não crítica? Melhorar a educação deveria ser prioridade dos governantes, mas na grande maioria das vezes isso não acontece e a sociedade como um todo são prejudicados. Como é apontado por Guareschi, P. (1996), a dominação política no sentido estrito oprime os sujeitos impedindo-os de ter acesso a direitos básicos. Boa parte dos problemas relacionados à educação seriam resolvidos com investimento governamental e implementação de políticas públicas de incentivo e acesso à educação. Porém na maioria das vezes esses investimentos não chegam.

Referências

Freire, P. Pedagogia do oprimido. 1.ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra 1974.

Guareschi, P. (1996). Relações comunitárias, relações de dominação. In: Campos, R.H.F. (Org.). Psicologia Social Comunitária: da solidariedade à autonomia. (pp.81-99). Petrópolis: Vozes.

Jardim, J. Pro dia nascer feliz (Documentário). Brasil: Cinemateca Brasileira, 2006. Disponível em:http://cinemateca.gov.br/cgi-bin/wxis.exe/iah/?IsisScript=iah/iah.xis&base=FILM OGRAFIA&lang=P&nextAction=search&exprSearch=ID=032093&format=detail ed.pft.

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