domingo, 2 de fevereiro de 2020

A experiência da educação formal pelas lentes de uma recém admiradora de Paulo Freire

Adjácia Dias de Sousa 
(Graduanda de Psicologia. 
Disciplina Educação e Políticas Públicas. 
Prof. Marcelo Ribeiro).


A prática de ensino e aprendizagem em uma sociedade letrada e erudita é considerada de fundamental importância para aqueles que desejam fazer parte deste contexto. Diante disto, muitos são os questionamentos sobre os métodos mais eficazes no que diz respeito as práticas voltadas ao processo de ensino e aprendizado. Aqueles considerados aptos a ensinarem são conceituados como detentores de um poder - o conhecimento- este seria um capital cultural, pois os títulos dirigidos a quem ocupa a posição de ensinar trazem, além de status uma série de benefícios em relação ao aprendiz. Pois, este estaria em uma posição “inferior” em relação aquele. Visto que o conhecimento, adquire posição de grande destaque em uma sociedade que valoriza o saber científico e teórico.  
Assim, não é difícil emergir os mais variados tipos de indagações a cerca daquele que ensina. Haveria um jeito certo para transmitir e depois armazenar tamanha preciosidade? Ao que parece, para o pensador e educador Paulo Freire (1987) há um caminho pelo qual o professor deveria pensar suas práticas, pois, por meio da autenticidade exigida pelo exercício de ensinar-aprender reside parte de uma experiência total, conduzida pela política gnosiológica, pedagógica, ética em que a beleza existente na docência deve estar de mãos dadas com a seriedade em servir a liberdade. 
Portanto, para Freire (1987) ensinar não é apenas transferir conhecimento, mas sim, criar as possibilidades para a sua produção/construção possam acontecer, é antes de tudo, gerar condições para que o oprimido tenha condições de, reflexivamente, descobrir-se e conquistar-se como sujeito de sua própria destinação histórica. Assim, a pedagogia do oprimido propõe-se a libertar tanto o opressor, quanto o oprimido. Pois, a verdade do opressor encontra-se na consciência do oprimido.  Sendo, a educação considerada um instrumento para promover liberdade. 
No que tange ao aprendiz, este não seria mais visto apenas como um receptor, passivo dos conhecimentos, mas sim atuante durante todo processo, uma vez que a rigor não haveria tamanha separação entre aquele que ensina e o que aprende ou ainda entre aluno e o professor. Visto que, esse processo corre de forma muito dinâmica entre eles, ambos se constituem atores no desenvolvimento do saber.  
Desta forma, o aluno é considerado em todo seu contexto e cultura, por meio de uma educação que abriga o sonho, a esperança, a fé e o amor de forma de dialógica. Outros pensadores humanistas, como Maturana (2006) considera e percebe o homem muito além de formas binarias e fragmentadas. Assim, a consciência acompanhada de ações transformadoras por meio do diálogo e do amor, respeitando o outro em toda sua complexidade é capaz de promover reflexão. 
Logo, pensar sobre a educação a partir da prática, da experiência empírica considerando o sujeito em todas as suas dimensões; corpo, alma e espiritualidade, fazem parte do pensamento do educador. Uma vez que, a relação entre o aluno e o professor, deve ser pautada na ética, reconhecendo que não há docência sem decência, sendo o educando participante do seu processo de conhecimento de modo ativo e processual. Enquanto, o professor assume a postura de produtor de saber, ciente de que ensinar não é um processo de transmissão de conhecimentos. Pelo contrário, é um processo que ocorre em conjunto- aluno e professor- ensinando e aprendendo ao mesmo tempo. Desse modo, para Freire (2006, p.23) sintetiza esta relação dizendo que “quem forma se forma e reforma ao formar e quem é formado forma-se e forma ao ser formado”. 



Referências:
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa / São Paulo: Paz e Terra, 1996. – (Coleção Leitura)
FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido, 17°. Ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987.
MATURANA, H. RBiología del fenómeno social. In: MATURANA, H. R. Desde la biología a la psicología. 4. ed. Santiago: Editorial Universitaria, 2006. p. 69-83.

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