domingo, 2 de fevereiro de 2020

PEDAGOGIA DO OPRIMIDO E SUAS CONCEPÇÕES COM BASE NA EDUCAÇÃO PROBLEMATIZADORA E DAS POLÍTICAS PÚBLICAS



Ozeni da Silva Ferreira Vieira
(Graduanda de Psicologia - Univasf. 
Disciplina Educação e Políticas Públicas. 
Prof. Marcelo Ribeiro.

Introdução 

A discussão acerca da opressão está cada vez mais evidente no cenário atual. Durante a disciplina Educação e Políticas Públicas ministrada pelo professor Marcelo Ribeiro ocorreram diálogos reflexivos em sala de aula. Estas permearam contribuições e concepções sobre o livro Pedagogia do Oprimido do autor Paulo Freire (1998). O mesmo evidencia críticas diante da Educação, algo que contemporaneamente conseguimos presenciar no ensino. Um conhecimento que deveria ser perpassado além dos muros acadêmicos tendo em vista que está presente na construção dos indivíduos.

Discussão

Ao discuti a obra, o primeiro capitulo faz menção ao paradigma da desumanização, estratégia causada pelo opressor diante do oprimido. Este fator leva-nos a refletir diversas formas de imposições, no qual faz com que os indivíduos se percebam em circunstâncias precisas. Nota-se que esse processo parte das condições pessoais que geram consciência de pertencimento. Uma forma de estar preso diante de sua condição social. E para que essa condição de pertencimento se desfaça, ou seja, o processo de libertação, este deve ser visto por ambas as partes.
Freire mostra o quanto a educação brasileira produz e reproduz paradigmas como desigualdade, marginalização e miséria. Esclarecendo-nos que o ato de ensinar, o não refleti, é algo inserido pelos que estão no poder com o objetivo de engaiolar e se manter no controle diante de uma maior quantidade possível de oprimidos. Este público deve-se manter fragilizado dependentes dos dominadores. O autor busca conscientizar o mediador educacional sobre sua função, que é problematizar, a partir do contexto.
No capítulo seguinte, o mesmo nos revela a “concepção da educação bancária”. Fator existencial que permeia as escolas brasileiras. Esta mantém os alunos com pensamentos reduzidos diante do conhecimento, vistos apenas como meros depositários, sujeitos incapazes de refletir e construí conhecimento uma educação que desconsidera o indivíduo como ser de formação continua. Observa-se que o ato de ensinar a pensar diante do estudo problematizador é algo que influencia na construção de sua realidade e é a partir desta prática que o educando será capaz de compreender as mazelas do contexto social, tendo que este é o papel para se libertar da condição de oprimido, pois entenderá o lema da igualdade. Neste contexto torna-se fundamental a relação do educador e educando integrando várias possibilidades, desvinculando-os de um pensar mecânico. Um modo de transmissão alienantes que torna o sujeito alienado. Suas críticas perpassam por um educador que leva o indivíduo a guardar e apenas receber sem criticidade diante do saber. Um mediador que está sempre correto no seu processo de ensinamento. Minimizador do poder criativo, ceifador da criticidade diante de um ensino satisfazendo apenas o interesse dos opressores.
Vale ressaltar que uma educação problematizador é contrária a esse método, pois esta promove consciência de si uma troca continua do saber.
Perlustrando o terceiro capítulo foi possível observar a dialogicidade que trouxe como fator primordial a prática da liberdade, essencial da educação propondo-nos a importância do diálogo no processo educativo.
Diante desta conjuntura percebe-se que o opressor tem interesse em implantar um pensamento nas bases para não serem questionadas. É transformar a mentalidade dos oprimidos e não a situação que os oprime” (Freire, 1998). Tendo em vista que o objetivo é o homem no mundo e não o homem com o mundo. Visto como limitados que não cria e recria, passivos e adaptados no estado de servidão para os opressores.
E por fim, no capítulo quarto discutiu-se a teoria da ação antidialógica. Viu-se a importância de o homem como ser pensante das suas práxis sobre o mundo onde o processo transformador é efetivado pela reflexão e a ação, uma forma de liderança revolucionária da opressão. O mesmo discorre que o caráter revolucionário dos oprimidos se dá através de uma ação pedagógica, da qual emerge novas possibilidades de renovação social.
Vimos que Freire elabora conceitos pedagógicos nos quais o educador deve trilha. Seu objetivo deve ser traçado na transformação do contexto social. Deve estar envolvido no ensinar a pensar, porém, o que se vê é um profissional que se preocupa com o cumprimento do seu currículo, fatores impostos por órgãos responsáveis pelas instituições de ensino.

Conclusão

Após muitos questionamentos e reflexões sobre a condição do oprimido e o opressor no contexto educacional, chega-se a conclusão de que, por não se tratar de um problema recente e que está  fortemente instalado nas instituições escolares de forma estratégica, tendo em vista que se trata de algo que se permeia desde a época da colonização do Brasil, quando o negro é o pobre e não tinham direito a educação formal e o indígena, por sua vez, recebia pela igreja cristã ensinamentos apenas para converte-los a doutrina e que durante a aberturas das escolas públicas ocasionou um reforço dessa condição diante das diferenças. É complexo o sanar da condição uma vez que é um papel da educação e seus mediadores. Onde muitas vezes estão vinculados ao sistema corrupto controlador.
Com isso, a Educação deve ser pautada no processo de troca um ato reflexivo que venha a levar o indivíduo a construir seu contexto libertando-se de um processo sócio histórico, tendo clareza do seu papel no mundo e disseminando conhecimento. Se desfazendo das “jaulas” opressoras transpassadas por um processo de poder que tem como objetivo manipular a partir de uma construção alienatória que vem sendo permeada até os dias atuais. 


Referências 

FREIRE, P. (1998). Pedagogia do Oprimido. 25 ª ed. (1ª edición: 1970). Rio de Janeiro: Paz e Terra.

FILHO, Luis Lopes Diniz. (2013). Paulo Freire e a “educação bancária” ideologizada. Copyright © 2019, Gazeta do Povo. Todos os direitos reservados. Leia mais em:https: <//www.gazetadopovo.com.br/opiniao/artigos/paulo-freire-e-a-educacao-bancaria-ideologizada-1m9so0wm12r2m2wau4ghfvedh/>. Acessado em 25/01/20.

     

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