quarta-feira, 16 de junho de 2021

Primeira infância: Por que investir?

 




                                                                                                                                          Maria Helena Ferreira Branco

Graduanda em Psicologia

Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf)

helenabrancofer@gmail.com



A primeira infância é o período compreendido entre o zero aos seis anos de idade e é considerado crucial para o desenvolvimento do indivíduo. Essa etapa é marcada por uma maior plasticidade cerebral, que consiste na habilidade que o cérebro tem de se modificar diante das experiências e estímulos aos quais ele é exposto. Assim, o cérebro estará mais apto para se modelar tanto em função como em estrutura, tornando a criança mais suscetível as influências de fatores externos. Essas são as chamadas janelas do desenvolvimento, que deixam a criança mais “abertas”, tanto as consequências dos estímulos positivos, quanto de estímulos que possam trazer desdobramentos prejudiciais ao desenvolvimento, tais como o estresse, a fome, a falta de vínculos sócio afetivos.

Diante disto, nota-se a importância das experiências oferecidas a criança nos primeiros seis anos de vida e a influência que essa fase terá na sua formação futura, pois o contato com uma estimulação positiva, interações saudáveis e bons relacionamentos, gerarão bons resultados futuros, como uma base sólida de valores e de habilidades sócio afetivas e cognitivas.

James Heckman, economista e pesquisador nessa área, demonstra através dos seus estudos a importância do investimento nessa fase, principalmente investimento em políticas públicas e na educação infantil, como em creches e pré-escolas. Segundo ele, investir na primeira infância possui baixo custo e acarretará num retorno muito maior. Em seu programa Perry Preschool, ele consegue perceber que o retorno sobre o investimento chega a ser de 7% a 10% ao ano, sem contar na redução dos custos com reforço escolar, saúde e gastos nos sistemas judicial e penal, pois diminui o índice de criminalidade.

Investir na educação infantil não significa apenas melhorar a infraestrutura de creches e escolas. É claro que isso também conta. No entanto, deve-se oferecer uma educação de qualidade onde a criança possa desenvolver cognitivamente e enquanto ser integral.

Mas então, como investir na primeira infância?

Esse investimento passa necessariamente por apoios aos programas visam efetivar a qualidade na educação para a primeira infância, abrangendo o desenvolvimento cognitivo, sócio afetivo e comportamental, com uma ênfase maior em crianças que estão em condições de vulnerabilidade. Um outro aspecto é desenvolver instrumentos de medida eficazes para balizar as próprias políticas. 

Ademais, não se pode perder de vista em colocar uma ênfase maior no desenvolvimento do sócio afetivo ao longo do ensino fundamental e médio, com um forte reforço durante os anos da adolescência. 

Sendo assim, é importante que os governantes adotem medidas o quanto antes para que logo o Brasil possa alcançar os resultados de uma boa educação. 


 - Este texto é produto do processo vivido no âmbito da disciplina Educação e Políticas Públicas Inclusivas, do curso de Psicologia, da Univasf, tendo como prof. Marcelo Silva de Souza Ribeiro.

Para saber mais:

NÚCLEO CIÊNCIA PELA INFÂNCIA. O impacto do desenvolvimento na primeira infância sobre a aprendizagem. Comitê Científico do Núcleo Ciência pela Infância, 2014.

(Esse artigo trata da importância de oferecer estímulos positivos na primeira infância).

HECKMAN, James, PINTO, Rodrigo; SAVELYEV, Peter. “Understanding the Mechanisms Through Which an Influential Early Childhood Program Boosted Adult Outcomes”. American Economic Review. 2013, 103(6): 2052–2086.

(Esse estudo trata sobre a pesquisa de Heckman sobre os investimentos na primeira infância).

 

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