segunda-feira, 9 de maio de 2022

AFETIVIDADE E FORMAÇÃO DOCENTE

https://www.institutoclaro.org.br/educacao/nossas-novidades/noticias/6-livros-para-o-professor-trabalhar-a-afetividade-na-aprendizagem/


Carla Amorim

Silvia Maria

Graduandas em Psicologia da Universidade Federal do Vale do São Francisco


A atuação do docente no ambiente escolar é fundamental para que ocorra de maneira efetiva aprendizagem e o desenvolvimento dos discentes. Porém, para que essa atuação aconteça de maneira eficiente é importante que haja uma relação de troca, pois um precisa do outro. A docência vai além da função de apenas passar o conteúdo, o professor tem papel fundamental no processo de mudança social.

      A escola, mesmo nos tempos de hoje, ainda tem um discurso enraizado de etiquetar os alunos como aqueles que não querem nada, que não tem jeito e que é perda de tempo. Dando a impressão de que a escola não foi feita para alunos diversos e sim para alunos padronizados que se ajustem exatamente a um modelo de perfeição. 

       Sabemos que são muitas as implicações que contribuem para a não aprendizagem do aluno. O enfrentamento de algumas dificuldades presentes no contexto em que esses estão inseridos implicam para que esses se mantenham aprendendo. Não estamos aqui buscando culpados, mas apesar de ser um tema muito debatido é sempre importante tocarmos nesse assunto para que possamos refletir. A boa formação do professor é uma delas. 

       O discente com uma boa relação afetiva para com seu educador gera uma confiança que vai auxiliar diretamente no ensino aprendizagem, auxiliando assim em uma melhor aprendizagem, favorecendo que a escola seja vista por esse aluno como um lugar acolhedor, onde ele se sinta importante e confortável para desenvolver seu senso crítico, se tornando mais participativo nas aulas, questionando, se fazendo presente e ativo no próprio processo de aprendizagem. Quando o aluno não vê a escola como um espaço de socialização e aprendizagem e sentem que suas possibilidades são desperdiçadas, a escola passa ser apenas como uma segunda opção.

       A educação, por ser algo contínuo, é importante que seja motivada com o auxílio da relação afetiva do professor para com aluno. A aprendizagem não vai ser apenas aquisição de conhecimento, mas também vai construir uma participação efetiva desse discente na sala de aula a partir da motivação gerada por essa relação afetividade. 

       A boa interação com o discente interfere não só na sala de aula, mas também na do indivíduo como ser social... que o aluno está se transformando. Sempre se modificando e nunca para de aprender. O docente, tendo uma boa interação com seu aluno, o verá como individuo em sua totalidade, um ser em constante transformação que obtém o aprendizado de diversas maneiras. Cada um vai ter sua forma de aprender e se desenvolver no contexto escolar respeitada, a partir do momento que o educador auxilia essa transformação. Contudo, o docente deve ampliar sua visão e adequar sua atuação enquanto profissional a realidade do aluno.

        A falta de afetividade nas relações dentro da sala de aula, acaba gerando não só a falta de diálogo com o professor e como também a falta de interesse. Essa falta, acaba reverberando no docente também. E quando os discentes têm essas características, são taxados como “alunos problemas” alunos esses, indisciplinados ou desestimulados muitas vezes por falta de motivação e incentivo dentro da sala de aula. 

       Alunos esses, que se olhados pelos professores de forma individual, humanizada e com afetividade, possivelmente serão identificadas as causas e fatores da não aprendizagem, podendo ser entendido que o problema não está no aluno e sim, na escola, na forma como o ensino está sendo passado, no relacionamento familiar ou até mesmo no relacionamento dentro da sala de aula com os próprios colegas ou com o professor. A falta de diálogo o olhar diferenciado que não é proporcionado ao aluno, por vezes por falta de preparo do professor, pode ser uma falha presente na formação ofertada aos docentes. 

       A boa formação do professor é crucial no processo de ensino aprendizagem e discutir sobre a formação docente pode ser uma das saídas para explicar e superar os pontos de vistas mais antigos, abandonando, a culpabilização do aluno pela não aprendizagem. Não se pode negar que existem grandes lacunas nas matrizes curriculares dos cursos de formação docente. A falta de um base curricular que consiga guiar o professor na sala de aula dando oportunidades iguais de aprendizagem a todos os alunos independente da origem social e cultural.   Os alunos na sua maioria são de classe social que não disponibilizam de recursos para adquirir ferramentas que possam ajudá-los no desenvolvimento dos processos cognitivos. Outros alunos precisam trabalhar ainda muito cedo para ajudar suas famílias no seu próprio sustento. Se o aluno não encontra na sala de aula um ambiente acolhedor de afetividade, amizade e carinho, eles se sentirão excluídos o que potencializa e dificulta o processo aprendizagem.

       A baixa qualidade nos cursos de formação de professores não são novidade no Brasil existe muitos discursões em torno do assunto podendo ser observado na própria fala de professores que dizem não se sentirem preparados o que impacta na aprendizagem do aluno. Sendo assim é visível que a culpa da não aprendizagem não é do aluno, mas de uma oferta de educação que apesar dos avanços precisar melhor acolher os discentes.     

 

 

 Para saber mais:

 

FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários a prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 2004.

LEITE, S. A. da S. Afetividade nas práticas pedagógicas.; Temas em psicologia, v.20, n.2, p. 355-368, 2012. Sociedade Brasileira de Psicologia. Ribeirão Preto, Brasil.

Nenhum comentário:

Postar um comentário