(Retirado da internet. disponível em: http://fgvclear.org/pt/pesquisa-do-fgv-eesp-clear-mensura-impactos-da-pandemia-na-educacao-brasileira/)
Ana Rita Coelho Guimarães
Graduanda em Psicologia da Universidade Federal do Vale do São Francisco
Todo o mundo foi afetado em março de 2020 pela pandemia da COVID-19. Um período difícil que atingiu não só o social, mas a economia e principalmente o psicológico das pessoas. Uma grave crise que pendura até os dias atuais e ainda promete permanecer durante muito tempo. Tudo isso, agravado pelas medidas necessárias de contenção de transmissibilidade da doença que foram a quarentena, distanciamento social, lockdown. Com a pandemia, a OMS defendeu o isolamento social como relevante para evitar a transmissão do vírus (CNS, 2020).
Com tudo, atingindo em especial as instituições escolares, que de forma repentina tiveram que reinventar novas formas de ensinar. Toda essa realidade impôs ao campo educacional mudanças que não foram pensadas, nem ao menos planejadas, e sim inúmeros desafios impostos devido a pandemia ocasionada pela Covid-19.
Em meio a tudo isso, como estão as escolas e os profissionais para atuarem nessa nova perspectiva educacional de forma rápida, eficiente e sem formação?
Em um cenário, repleto de incertezas, a resposta não poderia ser diferente! Uma pane, um desarranjo, atingiu toda a categoria dos profissionais, em especial, o professor. Seja ele de qualquer área do conhecimento, segmento ou categoria. Atuando em rede pública ou privada. Todos foram afetados diretamente com as mudanças ocasionadas pela pandemia. Quando exigiu dos mesmos, renovar e qualificar práticas pedagógicas por meio da implantação de um ensino remoto, com planos de atividades não presenciais. Desafio grandioso para aqueles que se deparam com o uso das tecnologias e da educação a distância. Tendo que enfrentar inicialmente as suas próprias angústias, medo e insegurança.
Tal cenário, compromete ainda mais a qualidade da educação no nosso país, uma vez que ainda são precárias e insuficientes as políticas públicas para a formação de professores e a garantia de um ensino público para todos e de qualidade. Diante dessa realidade, Araújo, Araújo e Lima (2020) afirmam que as dificuldades advindas da formação transparecem como um indício de sucateamento da educação, ausência de adaptação ao modelo de ensino virtual e improvisos surgem com a finalidade de possibilitar uma educação cidadã.
O que fica notório ainda mais nesse período, é o despreparo das nossas escolas públicas para enfrentar todos esses desafios sem ter os recursos prioritários necessários para atender essa nova demanda.
Moren e Santos (2011), refletindo também sobre a formação dos professores no Brasil, apontam que não há uma educação de qualidade, sobretudo pela inexistência de uma boa formação de professores, que não estão devidamente preparados para formar sujeitos autônomos, capazes de lidar com a sociedade tecnológica e suas constantes transformações.
Então, após todo esse período a questão que surgi é, como a escola, professor e aluno, retornam ao novo caminho pós pandemia? Estão tendo amparo emocional para vivenciar tudo isso? “Historicamente, o momento de virada de uma onda é uma surpresa” (ANDERSON, 1995, p. 23).
É certo que, o quadro atual é completamente diferente do que já foi vivenciado no passado. Trazendo mudanças significativas quanto ao convívio e interação social, como também quanto as incertezas em relação ao futuro. O que consequentemente exigirá das instituições de ensino relevantes transformações para atuarem nesse novo cenário educacional. Onde escolas, professores e alunos terão que traçar novas metas, novas formas de caminhar, considerando principalmente o presente, analisando o reflexo das ações do passado e assim poder olhar para o futuro. Explica Silva (2019, p. 65) que “as necessidades individuais requerem das relações coletivas responsabilizações mútuas. A instabilidade ocasionada pela desarmonia social retira do sujeito sua capacidade de sentir-se parte, integrado, atado à vida de forma que se sinta significativo”.
Este texto é produto do processo vivido no âmbito da disciplina Educação e Políticas Públicas, do curso de Psicologia da Univasf, tendo como professor Marcelo Silva de Souza Ribeiro em Abril de 2022.
Para Saber Mais:
ANDERSON, Perry. Balanço do neoliberalismo. In: SADER, Emir; GENTILI, Pablo (Orgs.). Pós-neoliberalismo: as políticas sociais e o Estado democrático. 10. Reimpr. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1995.
ARAÚJO, C.V.; ARAÚJO, C.V; LIMA, G.A.C. Ensino Remoto na Educação Pública de Nazarezinho – PB: Desafios Docentes. In: CONGRESSO SOBRE TECNOLOGIAS NA EDUCAÇÃO (CTRL+E), 5, 2020, João Pessoa. Anais. João Pessoa: SBC, 2020. p.31-39.
BARROS, Fernanda Costa; VIEIRA, Darlene Ana de Paula. OS DESAFIOS DA EDUCAÇÃO NO PERÍODO DE PANDEMIA. Brazilian Journal of Development, Curitiba, v. 7, ed. 1, p. 826-849, 2021. DOI https://doi.org/10.34117/bjdv7n1-056.
CONSELHO NACIONAL DE SAÚDE. Recomendação n.27, de 22 de abril de 2020. Recomenda ao Poder Executivo, federal e estadual, ao Poder Legislativo e ao Poder Judiciário, ações de enfrentamento ao Coronavírus. Ministério da Saúde, 2020. Disponível em: http://conselho.saude.gov.br/images/Recomendacoes/2020/Reco027.pdf. Acesso em: 02 set. 2020.
MOREN, E. B. S.; DOS SANTOS, A. R. Uma reflexão sobre ações de formação de professores no Brasil. Revista Ibero-americana de Educação, v.55, n.1, p.11, 2011. Disponível em: https://rieoei.org/historico/expe/3700Rocha.pdf. Acesso: 24 ago. 2020.
ONU NEWS. Organização Mundial da Saúde declara novo Coronavírus uma pandemia. 2020. Disponível em: https://news.un.org/pt/story/2020/03/1706881. Acesso em: 10 set.2020.
SILVA, R. C. dos S. S. Relações substitutivas no ambiente educacional socioeducativo(paradoxos entre limite e espaço). 2019.Dissertação (Mestrado em Educação) – Faculdade de Educação, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, SP, 2019.
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