domingo, 28 de março de 2010

DESAFIOS ATUAIS DO ENSINO SUPERIOR NO BRASIL: AQUESTÃO DA EXPANSÃO

Quando se fala em da educação brasileira os desafios não são poucos. Entretanto, quero salientar apenas um desses desafios que certamente ganha uma ênfase na atualidade do contexto político-social do país. Refiro-me à necessidade de expansão do ensino superior. Isto se justifica, entre outros motivos, pelos índices de acesso da população ao ensino brasileiro. Apenas cerca de seis milhões de pessoas (de 190.000.000) estão no ensino superior. Caso se leve em consideração a parte da população que entra no ensino superior e os índices de evasão, a situação se torna ainda alarmante.
Na verdade, o movimento de expansão do ensino superior não começou agora. Há duas décadas o Brasil passou a vivenciar, majoritariamente, um tipo de expansão, a da rede privada (incluo aqui as instituições confessionais e filantrópicas). Apesar do seu importante papel para a formação de milhares de profissionais e da dinâmica social e econômica gerada pelos investimentos, a rede privada apresenta, atualmente, algumas limitações. Só para citar, em relação a algumas instituições, as limitações passam pela questionável qualidade da formação dos estudantes, pela precariedade das instalações, pelo foco no lucro...
Nos últimos anos o sistema público retomou algumas políticas mais intensificadas para o ensino superior. Vivemos um momento também de expansão do ensino superior da rede pública, sobretudo com as aberturas das novas universidades e com o REUNI. É certo que essa expansão da rede pública precisa de fôlego por causa da grande demanda, mas por mais que o governa a tenha sempre haverá limites e por isso a expansão do ensino superior no Brasil carece de ações articuladas entre as redes pública e privada (acrescentando aí a confessional e a filantrópica).
Ao falarmos da expansão propriamente dita em termos de abertura de novas instituições e novos cursos é importante analisar um pouco mais este aspecto. Sendo assim, o número de cursos no Brasil é considerado razoável pelo próprio governo. Temos hoje cerca de 27.000 cursos. Entretanto, a distribuição desses cursos é feita de maneira desigual. Apenas alguns poucos títulos (direito, pedagogia, administração, enfermagem e ciências contábeis) tomam boa parte desses cursos. Outro problema a se destacar é a concentração do ensino superior nas capitais e nas grandes cidades. Então a expansão do ensino superior passa pela necessidade de interiorizar-se. Assim, além de corrigir a distribuição em termos territoriais há necessidade de racionalizar a distribuição em termos de diversificação de cursos.
Podemos dizer, de um modo geral, que todas essas questões que envolvem a expansão do ensino superior no Brasil tem a ver com a democratização do ensino. Entretanto, o maior de todos os desafios para educação brasileira é a questão da qualidade, particularmente para o ensino superior. Precisamos garantir a qualidade ao avançarmos na expansão do ensino superior. Expansão sem qualidade não é democratização. É demagogia, no mínimo. Quando a expansão não é acompanhada com a qualidade o que surge é justamente a negação da democratização. Esta está intimamente ligada a inclusão e se há expansão, mas sem qualidade, o que significa é que aquele que entrou no ensino superior, mas que não lhes foi oferecido a qualidade, não terá o acesso verdadeiro, não será incluído no bojo daqueles considerados bons profissionais ou oriundos de boas instituições. Sendo assim, a democratização do ensino não cumpriu seu papel porque foi uma falácia.

Nenhum comentário:

Postar um comentário