domingo, 28 de março de 2010

ESCALANDO A MONTANHA

Como já coloquei em alguns textos, o aspecto da gestão faz parte do papel do professor, sobretudo quando nos referimos ao professor de universidade pública. Invariavelmente, este professor é convidado ou até mesmo convocado a assumir algum cargo ou função que envolve gestão de recursos, de equipe, de serviços... Isto muitas vezes é tarefa árdua, sobretudo para a maioria que não teve uma formação específica ou que não acumulou ainda experiência para determinadas funções. O meu caso na universidade tem a ver com essa observação. No final de 2008 fui convidado pelo reitor, professor José Weber, a assumir a pró-reitoria de ensino - PROEN da UNIVASF. Ao mesmo tempo em que me senti deveras excitado com a proposta tive também um grande medo no sentido de não saber se teria condições de encarar o desafio. Lembro-me que uma das imagens que me vinha à mente, e que servia como uma boa metáfora para expressar o que estava sentido, era estar ao lado de uma enorme montanha, olhando para ela e dizendo: “terei que escalá-la, mas serei que terei condições? Será que conseguirei mesmo com tão poucos instrumentos de alpinismo?” Lembro-me também da sensação que acompanhava a imagem: um frio na barriga! Os primeiros meses, ao assumir a PROEN, foram muito difíceis. Tive que me apropriar de um monte de coisas que eu não tinha a mínima idéia. Além disso, somatizei o medo, o estresse e a ansiedade. Tive dores na coluna, dores no pescoço e problemas estomacais. Agora, depois de um ano de gestão, posso avaliar que o primeiro semestre foi de aprender a lidar com toda aquela novidade e ultrapassar o medo. O segundo semestre, como não tinha visão suficiente para planejar e organizar, fiquei restrito a “apagar incêndios”, resolver problemas, cuidar muito das questões cotidianas e internas da pró-reitoria. Agora, finalmente, tenho uma melhor condição de trabalho porque já desenvolvi uma certa experiência e posso, nesses meses de recesso (janeiro e fevereiro), planejar e organizar as ações da pró-reitoria. A imagem que me vem atualmente não é mais a da montanha enorme a escalar. A imagem agora é de uma estrada que, para percorrer há: pontes e trilhas a fazer, mapas para se guiar e pessoas para reunir. O tempo urge e me dou conta de uma certa ansiedade.

Recife, janeiro de 2010.

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