domingo, 28 de março de 2010

ENTENDENDO A EDUCAÇÃO: Uma Instituição de Ensino Superior pública e seus desafios na atualidade no Vale do São Francisco

Ao falarmos de educação no Brasil, uma das primeiras coisas que precisamos distinguir é a diferença ou as diferenças entre os sistema público e o privado. Há, de modo geral, abismos, discrepâncias e, sobretudo, singularidades entre os dois sistemas. Não é nossa intenção agora discorrer sobre isso, mas simplesmente dizer que, diferente de outras sociedades, ao abordarmos a educação brasileira é preciso, antes de tudo, demarcar o sistema do qual estamos falando.
Outro aspecto importante ao abordarmos a educação sem cair nas generalizações é definirmos os seus níveis (educação infantil, ensino fundamental, ensino médio, ensino superior). Cada um deles nos remete a um contexto, situações, condições, desafios, problemas e valorizações sociais particulares.
Um terceiro aspecto que é importante de se considerar ao abordar a questão da educação é a situação atual econômica-política em que o país se encontra. A grosso modo, podemos dizer que o Brasil vive um momento de revigoramento em vários pontos. Particularmente na educação estamos sendo testemunhas (e protagonistas!) de maiores investimentos financeiros, revalorização da profissão do professor, ações das mais diversas oriundas de políticas de governo e de estado, entre outros esforços das políticas públicas que demonstram certo desenvolvimento (apesar das inúmeras dificuldades e desafios que assolam vergonhosamente a educação brasileira).
A Universidade Federal do Vale do São Francisco – UNIVASF representa esse momento de revigoramento que o país vive atualmente. Sendo uma instituição pública (federal) de ensino superior – IPES, traz a gênese do ensino superior no Brasil (mesmo tendo apenas cinco anos de existência) e também expressa a gama de desafios da contextualidade (muitas vezes contraditórios).
Para ajudar a entender um pouco a educação, no sistema público, do nível superior, em um contexto atual, traremos o exemplo da UNIVASF, que é uma universidade recém criada no sertão nordestino.
Considerando isso que acabamos de expor, a UNIVASF aparece com compromissos sociais para toda a região do Vale do São Francisco. Compromissos que tem a ver com o desenvolvimento regional, com a formação profissional (tanto para as pessoas oriundas do Vale, quanto para fixar, nessa região, profissionais oriundos de outros lugares), com a capacidade de fazer dinamizar a produção (atualmente há cerca de 600 servidores efetivos, investindo seus salários na região, aquecendo a economia, criando novos valores de consumo no mercado, etc.), com possibilidade de desenvolver novas tecnologias aplicáveis à industria, à saúde, à educação... Além disso tudo, é óbvio, o compromisso da UNIVASF tem a ver também com a construção de conhecimento através das pesquisas (de base ou paliçadas) e das ações (extensão) na comunidade. É certo que, tanto a pesquisa quanto a extensão estariam relacionadas com o ensino. Afinal, é a formação (o processo articulado do ensino e do aprender) que funda o sentido da universidade.
Sendo a UNIVASF uma universidade nova, traz marcas próprias por causa disso. Seria mesmo enorme enumerar essas marcas, mas para título de ilustração apenas apontaremos para a formação de uma cultura universitária da UNIVASF. Há bônus e ônus por causa disso. Temos a oportunidade de desenvolvermos sem os chamados “vícios” (os guetos departamentais, o obsoletismo do serviço público, etc.) das universidades antigas, mas ao mesmo tempo vivemos o desafio de quase tudo criar (as normas, os regimentos, o jeito próprio e adaptado de funcionarmos, etc.).
Considerando tanto os compromissos da UNIVASF e sua marca de ser uma universidade nova na região do Vale do São Francisco (a sua sede está a 500 km de Salvador, 700 Km de Recife e 625Km de Teresina) há de se levar em conta as expectativas que a própria região ou a população tem em relação a UNIVASF. Facilmente percebemos a força das expectativas que as pessoas têm. Sentimos que a UNIVASF, intencionalmente ou não, traz grandes promessas para uma população que, talvez, viva ainda uma demanda reprimida em relação ao convívio de uma universidade federal. Como é sabido, quanto maior a expectativa maior tenderá a ser a possibilidade da frustração.
Essa característica, talvez sutil, que, a nosso ver, está presente na história atual da UNIVASF tem influenciado, de alguma forma, as relações que existem: entre a Universidade e a Comunidade, nas relações internas, nas políticas de ensino, de pesquisa e de extensão implementadas e no próprio modo dos servidores e estudantes estarem em relação uns com os outros e de reagirem a uma série de situações que afetam desde a macro-convivência à micro-convivência da comunidade acadêmica.

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