Vitória Lorena Ferreira Viana
Discente do curso de Psicologia da Universidade Federal do Vale do São Francisco.
Este texto é produto do processo vivido no âmbito da
disciplina Educação e Políticas Públicas,
do curso de Psicologia da Univasf,
tendo como professor Marcelo Silva de Souza Ribeiro
em março de 2023
A saúde mental tem uma cada vez mais presente na sociedade e sua importância na vida escolar inegável a pressão, a competição e os desafios da vida moderna podem afetar a saúde mental de muitas pessoas incluindo crianças e adolescentes. Nesse contexto, a presença de psicólogos nas escolas pode ser de grande valia. O objetivo deste ensaio é discutir a importância da presença de psicólogos na prática de saúde mental nas escolas a partir de uma perspectiva fundamentada na obra de Paulo Freire e sobre a importância do grupo sul-coreano BTS sobre a promoção da saúde mental entre os jovens nas escolas.
A contribuição de Paulo Freire para a discussão sobre a prática de saúde mental nas escolas.
Paulo Freire é um dos principais pensadores da educação no Brasil e no mundo e sua obra tem muita contribuição para a discussão sobre a prática da saúde mental nas escolas. Segundo Freire, a educação é um processo libertador, que deve estar a ser visto na construção de uma sociedade mais justa e igualitária. Nesse sentido a presença de psicólogos nas escolas pode ser uma forma de promover a saúde mental dos alunos e ao mesmo tempo, contribuir para a construção de uma sociedade mais justa e igualitária.
Para Freire, a educação deve ser uma prática dialógica, em que o diálogo entre educadores e educando seja a base do processo educativo. Isso implica que os psicólogos que atuam nas escolas devem estar atentos ao diálogo com os alunos, ouvindo suas necessidades e demandas e construindo junto com eles, soluções para os problemas relacionados à saúde mental.
Além disso Freire defende que a educação deve ser uma prática problematizadora, em que os alunos sejam incentivados a questionar a realidade que os cerca e a buscar soluções para os problemas que enfrentam. Nesse sentido, os psicólogos que atuam nas escolas podem contribuir para a prática de saúde mental dos alunos, problematizando questões relacionadas ao estresse, ansiedade, depressão entre outros.
Artigos sobre a prática de saúde mental nas escolas
Diversos estudos têm sido realizados para avaliar a efetividade da presença de psicólogos nas escolas para a promoção da saúde mental dos alunos. Segundo o estudo de Feliz et al. (2017), a presença de psicólogos nas escolas pode levar a uma melhoria significativa na saúde mental dos alunos, reduzindo a ansiedade, o estresse e os comportamentos problemáticos.
O psicólogo é o profissional apto para realizar um trabalho de prevenção e enfrentamento da violência escolar, ajudando a escola a construir espaços e relações mais saudáveis. Mas, para isso, é de fundamental importância que ele esteja inserido no ambiente da escola, participando do seu cotidiano para que possa ter uma atuação específica e mais voltada à realidade (FREIRE; AIRES, 2017).
A psicologia pode trabalhar com vários problemas no âmbito escolar, além de minimizar o fracasso escolar, tanto na prevenção, como na intervenção, onde esta se mostra imprescindível. A atuação psicológica na instituição escolar favorece o desenvolvimento e a consequente aprendizagem do aluno (SANTOS; GONÇALVES, 2016).
O BTS a promoção da saúde mental
O BTS, grupo de k-pop formado por sete integrantes, tem ganhado cada vez mais espaço no cenário musical mundial e se tornou uma das principais referências culturais da juventude. No entanto, o grupo está impactando não apenas a cultura pop mas também a saúde mental dos jovens, especialmente dentro das escolas.
Desde o início da sua carreira o BTS tem se destacado por suas mensagens de auto aceitação, amor próprio e superação. Suas letras falam sobre temas como ansiedade, depressão, solidão, bullying e pressão social, oferecendo apoio emocional para os fãs que enfrentam esses problemas. O grupo também tem levantado a bandeira da Saúde mental participando de campanhas e projetos que buscam conscientizar as pessoas sobre a importância de cuidar da mente do corpo.
Dessa forma o BTS tem se tornar uma referência importante para os jovens especialmente dentro das escolas a pressão por desempenho acadêmico, a competição entre alunos e a cobrança por padrão de beleza e comportamento são algumas das questões que afetam a saúde mental dos jovens, e a música do BTS tem ajudado muito deles a lidar com esses problemas.
A importância do BTS na construção de uma sociedade mais saudável
Além de contribuir para a saúde mental dos jovens, o BTS tem uma mensagem mais ampla, que se relaciona com a construção de uma sociedade mais saudável e equilibrada. O grupo defende valores como a empatia, a inclusão, a diversidade e o respeito às diferenças, o que tem um impacto positivo na formação dos jovens.
Esses valores são fundamentais para o desenvolvimento de uma sociedade mais justa e igualitária, em que as pessoas sejam valorizadas pelos que são independentemente de sua origem, gênero, orientação sexual ou qualquer outra característica. A mensagem do BTS, portanto, vai além da música, influenciando a forma como os jovens pensam e agem em relação ao mundo ao seu redor.
Paulo Freire e BTS: um ato político
O pensamento de Paulo Freire e a mensagem do BTS podem parecer, à primeira vista, desconexos. No entanto, uma análise mais profunda revela que há pontos em comum entre esses dois universos aparentemente distintos.
Apesar das diferenças de contexto e de linguagem a pontos em comum entre a mensagem do BTS e a pedagogia de Paulo Freire, ambos defendem a valorização da subjetividade e das experiências pessoais como forma de construir uma visão de mundo crítica e consciente. Paulo Freire afirmava que o conhecimento não era uma coisa pronta e acabada, mas sim um processo em constante construção que resultava da interação entre o sujeito e o mundo. Da mesma forma, as letras do BTS enfatizam a importância de se aceitar como se é de construir uma identidade autêntica, que não se submete a padrões impostos pela sociedade.
Além disso, tanto Paulo Freire quanto o BTS defendem a inclusão e a valorização das diferenças. Paulo Freire propunha uma educação que respeitasse as diferenças de formas de saber e de ser, enquanto o BTS a inclusão e a empatia em suas músicas e em suas ações sociais. Os membros do grupo já se manifestaram contra o bullying e o preconceito e defendem a igualdade e oportunidade para todas as pessoas.
Por fim, tanto Paulo Freire quanto o BTS acreditam na capacidade transformadora dos sujeitos. Paulo Freire afirmava que a educação não era neutra, mas sim um ato político, que podia transformar a sociedade do ponto de vista da mesma forma obter essa acredita que suas mensagens podem inspirar as pessoas a mudar suas atitudes e a construir um mundo melhor.
Em suma, apesar das diferenças de contexto de linguagem, há pontos em comum entre a mensagem do BTS e a pedagogia de Paulo Freire. Ambos defendem a valorização da subjetividade das experiências pessoais, a exclusão e a valorização das diferenças e a capacidade transformadora do sujeito. Esses pontos de conexão mostram que é possível estabelecer diálogos entre diferentes formas de conhecimento e de expressão cultural contribuindo para a construção de uma sociedade mais crítica, consciente e igualitária.
Referências bibliográficas:
FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. 58. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2013.
FREIRE, Paulo. Educação como prática da liberdade. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2015.
FELIZ, T.; MONEYHAM, L.; MAPLES, E. H.; SHACHAM, E. School psychologists and their role in promoting positive mental health outcomes for students. Journal of School Health, v. 87, n. 2, p. 98-106, 2017.
FREIRE, A. N.; AIRES, J. S. A contribuição da psicologia escolar na prevenção e no enfrentamento do bullying. Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 12, n. esp. 2, p. 1151-1163, 2017.
SANTOS, J. V.; GONÇALVES, C. M. Psicologia educacional: importância do psicólogo na escola. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento, v. 1, n. 5, p. 50-57, 2016.
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