sexta-feira, 10 de março de 2023

O NOVO PAPEL DO PSICÓLOGO EDUCACIONAL NA INSTITUIÇÃO DE POLÍTICAS PÚBLICAS NAS ESCOLAS


Fonte da imagem: https://escoladainteligencia.com.br/blog/psicologo-escolar/


Adla Thailly Gomes Guimarães

Discente do curso de Psicologia da Universidade Federal do Vale do São Francisco.


Este texto é produto do processo vivido no âmbito da 

disciplina Educação e Políticas Públicas, 

do curso de Psicologia da Univasf, 

tendo como professor Marcelo Silva de Souza Ribeiro 

em março de 2023


A educação é um direito devido socialmente a todos os indivíduos. Dentro das ações públicas o acesso a esse direito deve ser garantido de forma plena pela materialização das políticas públicas direcionadas a esta área.  “A peculiaridade de uma determinada escola se articula com aspectos que a constituem e que são do âmbito da denominada rede escolar ou sistema escolar no qual são implantadas determinadas políticas educacionais.” (Souza, 2010) A psicologia educacional funciona como um eixo colaborativo de grande importância para o cumprimento destas ações, através da contribuição com o desenvolvimento de políticas públicas no âmbito da educação nas escolas públicas. A psicologia inserida no campo das políticas públicas educacionais precisa dar ênfase a constituição de mecanismos para defesa da escola democrática, dar ruptura epistemológicas a visão adaptacionista e dispor de práticas psicológicas adequadas diante da queixa escolar(Souza, 2010). De tal forma, compreende-se que a contribuição da psicologia educacional auxilia na criação de estratégias de ensino-aprendizagem que possam dar suporte as necessidades que permeiam não só ambiente escolar mas todo o processo educativo do indivíduo. Os efeitos da “visão cientificista e individualizada dominante acabou por ocultar a presença dos graves problemas sociais que atingiam a Educação, ou melhor, as atividades educacionais.” (Maluf e Cruce, 2008) A inserção da psicologia nas políticas educacionais precisa considerar as determinações históricas e sociais formativas da sociedade, de modo a agir na minimização dos obstáculos que favoreçam o desenvolvimento humano, conforme Moraes(2019). 

As novas perspectivas da psicologia educacional estimulam a criação de possibilidade de ruptura de processos reducionistas que depositam no educando a culpabilização pelas dificuldades na aprendizagem. É por meio da inserção de práticas inovadoras que viabilizem quebras de paradigmas e estigmas atenuantes no processo educativos que a psicologia assume uma cooperação ativa de desmistificação da aprendizagem plena do educando. O direcionamento da psicologia vai se preocupando em tornar visível outras demandas que atravessam o processo educativo, considerando as dimensões individuais, sociais e históricas do processo de escolarização, conforme Souza(2009). O espaço de atuação da psicologia influencia no desenvolvimento de concepções ético-políticas que deem suporte a inclusão social promotora de bem-estar dentro do campo da educação considerando os marcadores subjetivos dos indivíduos capazes de dar significante a sua trajetória escolar dentro do seu contexto de vida. Conforme Dias et. al.(2014), o psicólogo escolar precisa inserir-se no contexto em que se apresenta a realidade, entendendo como são organizados os processo históricos, culturais, políticos e econômicos, eliminando as barreiras da intolerância ou discriminação, para a auxiliar os sujeitos no suprimento de suas necessidades educacionais, destituídas do poder hegemônico de classificações e enquadramentos limitantes.

 A psicologia deve ocupar-se de apreciar a heterogeneidade de características dos estudantes como uma via de acesso as possíveis causas de enfraquecimento e carências na aprendizagem, validando a coesão entre o método de ensino e as singularidades desses alunos no cenário escolar. O psicólogo deve ter um olhar totalizante para o processo pedagógico, incluindo e aproximando o aluno deste processo, conforme Jucá(2000).  A respostas as demandas advindas do contexto educacional é resultado de uma construção crítica que interage com diversos atores, em um diálogo aberto a interdisciplinaridade de áreas que viabilizam a capacidade de atender com criatividade aos desafios e possibilidades dispostas neste ambiente.(Dias et. al, 2014)

O diálogo entre a psicologia e a educação estimula a ampliação de saberes, discussões, que vão compactuando com projeções propositivas capazes de produzir melhorias na escolarização nas escolas públicas. Para Patto(2022), o psicólogo e o professor devem trabalhar formas de atuação voltadas para a criação do vínculo pedagógico, desvencilhadas do discurso verticalizante de estrutura hierarquizada de mando, que coloca o educando numa condição limitativa de suas capacidades de expressão. Portanto, o alinhamento assertivo destas áreas favorece o direcionamento e o desenrolar de ações para minimização de dificuldades e falhas que se apresentam no sistema de ensino, contribuindo para o alcance de melhores níveis de qualidade da educação, consequentemente, maior bem-estar no contexto escolar. Busca-se através das práticas do psicólogo escolar na educação a ressignificação das concepções de intervenções por meio de implicações que perpassem a participação remediativa, dando vista a produção reflexiva dentro da escola, visando a valorização do ser humano, o apoio aos questionamentos e o alento aos incômodos emergidos no ambiente escolar, assim afirma Barbosa e Marinho (2010). A articulação entre estas áreas gerou paulatinamente novas concepções para o desenvolvimento de anseios pedagógicos ao espaço escolar. 

Ao longo dos anos o redimensionamento da atuação do psicólogo, bem como a participação da comunidade escolar nas questões e debates em torno da educação pública deram aplicações mais coerente ao sistema de ensino público. Embora, seja pertinente considerar que ainda há muito em que evoluir, principalmente, no que tange ao contexto de promoção de igualdade de condições ao acesso à educação, fortalecimento da qualidade das políticas públicas educacionais, investimento em melhorias contínuas nas estratégias de desenvolvimento da educação. Em suma, cabe ressaltar a grande contribuição da psicologia na educação como aliada do sistema educacional, e a participação desta área na esfera das políticas públicas auxilia no direcionar de ações para o efetivo desempenho do sistema de ensino-aprendizagem público.

 

Referências

Barbosa, R. M., & Marinho-Araújo, C. M.. (2010). Psicologia escolar no Brasil: considerações e reflexões históricas. Estudos De Psicologia (campinas), 27(Estud. psicol. (Campinas), 2010 27(3)). https://doi.org/10.1590/S0103-166X2010000300011.

Dias, A. C. G., Patias, N. D., & Abaid, J. L. W.. (2014). Psicologia Escolar e possibilidades na atuação do psicólogo: algumas reflexões. Psicologia Escolar E Educacional, 18(Psicol. Esc. Educ., 2014 18(1)). https://doi.org/10.1590/S1413-85572014000100011

Jucá, Margareth R. B. Lima.(2000) Síndrome de Caim: Psicologia Escolar, Psicopedagogia e o “fracasso escolar” com o mercado de trabalho. Estudos de Psicologia, 5(1), 253-260

Moraes, Carolina M., Carvalho, Leilanir de S., Costa, Tatiane dos S., Negreiros, Fauston, & Freire, Sandra Elisa de A. (2019). Políticas educacionais e psicologia: uma revisão da literatura. Psicologia: teoria e prática21(3), 255-281https://dx.doi.org/10.5935/1980-6906/psicologia.v21n3p255-281

Maluf, Regina Maria & Cruces, Alacir Villa Valle. (2008). Psicologia educacional na contemporaneidade. Boletim - Academia Paulista de Psicologia28(1), 87-99. Recuperado em 01 de feveiro de 2023, de http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1415711X2008000100011&lng=pt&tlng=pt.

Patto, Maria Helena Souza. (2022) Psicologia  e  ideologia:  uma  introdução  crítica  à  psicologia  escolar  /  Maria  Helena Souza  Patto.   --São  Paulo, Instituto  de  Psicologia  da  Universidade  de  São  Paulo, 2022. DOI: 10.11606/9786587596341.

Souza, M. P. R. de (2009). Psicologia Escolar e Educacional em busca de novas perspectivas. Psicologia Escolar E Educacional, 13(Psicol. Esc. Educ., 2009 13(1)). https://doi.org/10.1590/S1413-85572009000100021

Souza, M. (2010) Psicologia Escolar e políticas públicas em Educação: desafios contemporâneos. Em aberto, Brasília, v. 23, n. 83, p. 129-149. DOI: https://doi.org/10.24109/2176-6673.emaberto.23i83.2255.

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