Dulcineia Cândida Cardoso de Medeiros
Marilúcia de Souza Correia
Vasconcelos
No fulcro da educação,
em momentos de grandes desafios globais, as questões pertinentes ao ensino
sinalizam que a formação e a prática dos professores tanto das Instituições de
Ensino Superiores (IES) quanto da Educação Básica, passaram a ocupar espaço
privilegiado de estudos, análises, discussões e reflexões em torno dos saberes
científicos e saberes pedagógicos, capazes de provocar mudanças significativas no
intuito de melhorar os indicadores de eficiência e eficácia da educação.
Isto
aponta para a veracidade de que, as pesquisas educativas articuladas às
contribuições da Pedagogia Universitária vêm atuando como princípio “educativo e científico”,
pois permeia a formação e a prática pedagógica dos professores, revelando assim,
como um recurso significativo à profissionalização autônoma, responsável e
comprometida com o processo ensino-aprendizagem e a formação do cidadão
consciente e emancipado.
Com efeito, pensar a profissionalidade
docente na perspectiva de corresponder com as demandas contemporâneas, nos
sinaliza que um aspecto é preponderante ao longo da formação, ou seja, a
condição de tornar o docente um pesquisador da sua própria prática, que ao
examinar atenciosamente sua conduta pedagógica posso reconhecer reflexivamente
e criticamente o lócus de atuação e como se processa o entrelaçamento da teoria
com a prática, de forma que possa identificar e regulamentar as condições
explícitas e implícitas que constituem suas competências e qualidades humanas. (PÉREZ
GÓMEZ, 147)
Portanto, é imperativo pautar que, na
condição de “ser um” professor pesquisador para além da docência significa
trazer consigo a responsabilidade de não mais alicerçar sua prática na
exclusiva competência científica, mas na capacidade de refletir com a mesma
intensidade onde tem assentamento a área disciplinar específica e a área da
prática de ensinar e aprender, pois a pedagogia é campo de ação complexo que
requer um diálogo epistemológico interrupto, para além do ato de transmissão de
conhecimentos, mas em virtude também, de acompanhar a mutação do mundo e da
profissionalidade docente.
Nesse intuito, o processo de reflexão do
professor pesquisador de sua prática, de sua realidade precisa considerar como
ponto inicial seu processo de formação, suas vivências e experiências para
diante disso ter consciência dos modelos de formação de alunos e de sua própria
realidade formativa, das transformações necessárias em sua prática com vista a
transformar, melhorar e influenciar para uma educação libertadora, cidadã.
Para uma educação cidadã, a postura do
docente precisa esta pautada numa perspectiva interdisciplinar, na investigação
e valorização das relações entre os diversos saberes, estar aberto ao trabalho
em equipe e principalmente considerar as implicações socioculturais e políticas
concernentes ao fazer docente. À medida que os professores pesquisam, refletem
sua prática individualmente e coletivamente, os conhecimentos profissionais e
pedagógicos são aprimorados e novas competências vão se formando no fazer
docente.
Para concluir este breve e informal ensaio,
cabe reiterar que repensar a educação a partir da concepção de professor
pesquisador e reflexivo faz pertinente corroborar com o pensamento de Freire
quando coloca a seguinte questão “não há ensino sem pesquisa e pesquisa sem
ensino [...] Pesquiso para constatar, constatando, intervenho, intervindo,
educo e me educo.” Isso, resume a incompletude da formação docente e da
pesquisa e reflexão como ato educativo indissociável, porém com suas
particularidades se completa e se reconstrói.
Referências
PÉREZ GÓMES, Angel I. Educação na era digital: a escola educativa. Trad. Marisa Guedes.
Porto Alegre: Penso, 2015, 147p.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: Saberes
necessários à prática educativa. São Paulo: paz e Terra, 2011, p.32.
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