terça-feira, 6 de fevereiro de 2018

O SENTIDO DA REFLEXÃO NA PRÁTICA DO PROFESSOR DE EDUCAÇÃO INFANTIL


Miranery Amorim Souza

RESUMO
O Objetivo deste artigo é refletir acerca da importância da reflexão na prática do professor de educação infantil e  visa investigar como deve ser organizado e utilizado o ambiente das instituições que atendem crianças de 0 a 5 anos, de forma que seja um espaço estimulador para o desenvolvimento dos pequenos Realizou-se uma pesquisa bibliográfica considerando as contribuições de autores como Oliveira (2007), Angotti  (2010), entre outros que  enfatizam a importância do planejamento do uso do espaço educativo para que o processo de desenvolvimento das crianças pequenas aconteça de forma prazerosa e efetiva. Concluiu-se que é crucial a utilização de todos os espaços existentes na unidade, que o lúdico precisa estar presente em todos os momentos da rotina e os autores envolvidos no processo precisam sempre buscar o bem estar das crianças, e que só é possível obter sucesso tendo um planejamento com metas claras e alcançáveis, fazendo-se necessária que a instituição que atenda crianças de educação infantil, promova momentos de estudo e reflexão.
PALAVRAS CHAVES: Ambiente, Consciência, Espaço, Reflexão.

Introdução
        Esse artigo analisa o sentido da reflexão na prática do professor de educação infantil, chamando atenção para a importância de momentos reflexivos no espaço escolar, passando pela tomada de consciência de que a criança atribui ao espaço educativo grande importância.
       Neste sentido é evidenciado a importância da reflexão e dos momentos coletivos de estudo e planejamento na Unidade escolar, tendo como questionamentos:
·      Até que ponto a reflexão acerca da prática pedagógica é importante para o desenvolvimento das crianças?
·      Como deve ser a participação do adulto no processo de desenvolvimento dos pequenos?



       A reflexão em torno da educação infantil, seja individual ou coletivo acerca do que é trabalhado, ou seja, a respeito das práticas pedagógicas que são vivenciadas com as crianças é de crucial importância para a qualidade do trabalho pedagógico do professor, pois muitas vezes as decisões são domadas isoladamente, de forma intuitivamente, sem um planejamento prévio que norteei o trabalho, fazendo surgir equívocos que prejudicam o processo pedagógico com os pequenos. Quando se fala em processo de interação pressupõem-se os estímulos trocados entre os sujeitos nas relações sociais que desencadearão em comportamentos negativos ou positivos.
       Tendo em vista que a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional-LDB (Lei n 9.394/96) determina que o objetivo da Educação infantil é o desenvolvimento integral das crianças em seus aspectos físicos, cultural e social, é necessário a oferta de experiências ricas que contemplem os vários aspectos a serem trabalhados nesse processo. Daí a importância de se refletir acerca do que é ofertado aos pequenos na instituição, desde a organizado do ambiente nos espaços educativos, bem como, a participação do adulto no processo educativo.
       Vários autores reconhecem a Educação Infantil como uma fase importante para o desenvolvimento da criança, porém todos eles demonstram preocupação com o que é oferecido as mesmas, nas instituições.
       Angotti, (2010, p.19) comenta que ”o período da infância é sim uma etapa singular da vida do ser humano, momento mágico, único do desenvolvimento e para tanto deve estar planejado, estruturado”.
       Sendo a prática do professor, um ponto a ser minuciosamente pensado e planejado para um atendimento com qualidade e dependendo de como são organizados os espaços e as atividades, é percebido nitidamente a concepção que o adulto tem da infância.
       Nesse contexto, o objetivo primordial desse estudo é analisar a importância da reflexão na prática do professor de Educação Infantil, desde a organização dos espaços, nas relações que são travadas, na organização do tempo e como as atividades são pensadas.
       Para alcançar os objetivos propostos, utilizou-se como recurso metodológico, a pesquisa bibliográfica, realizada a partir da análise de materiais já existentes na literatura da área.
      O texto final foi fundamentado nas ideias e concepções dos autores como:
 Angotti (2010), Brasil(2007), Oliveira et al(2012).

Desenvolvimento
      A história da Educação infantil no Brasil é muito recente. Até bem pouco tempo o atendimento a crianças nessa faixa etária praticamente não existia, surgindo então a necessidade desse atendimento a partir da abolição da escravatura quando a população migrou do campo para as grandes cidades de forma que surgiu uma melhor condição para o desenvolvimento cultural e tecnológico, iniciando assim, o processo de industrialização e urbanização. Tal fato mudou a estrutura familiar, fazendo com que a mulher, antes que antes era responsável apenas pelo cuidado doméstico, passasse também a ser provedora de recurso para a família. Essa é uma situação que tem se firmado ao longo do tempo e que é cada vez mais presente na realidade das famílias Brasileiras. Daí a importância de oferecer um atendimento com qualidade para as crianças, onde as mesmas sejam estimuladas a vivenciarem experiências diversas. Porém, há de se considerar que um atendimento com qualidade está diretamente ligado ao que é ofertado nas instituições, bem como esse atendimento é planejado e se há uma reflexão acerca do que é trabalhado e como essas vivências são realizadas no ambiente educativo.
        É bom lembrar que o contexto coletivo em que as crianças estão inseridas dentro desses espaços, difere do ambiente familiar e exigem uma organização diferente do que é vivenciado no núcleo familiar.
         É importante que o professor tenha os objetivos claros a serem alcançados com os pequenos, como também conhecer como acontece o processo de desenvolvimento infantil.
        Nesse contexto, fica claro e que a reflexão é muito importante na formação docente e na tomada de decisão quanto a melhoria de sua prática, visando o seu crescimento enquanto profissional que zela pelos direitos das crianças, também passando pela consciência do que é feito no espaço educativo, sua intencionalidade em cada ação que é realizada, valendo destacar o papel da sua auto formação como algo que é de crucial importância.
       Nesse contexto, a ação educativa dentro das instituições que atendem crianças pequenas precisa de muito planejamento por parte de todos os atores envolvidos no processo e o currículo deve ser permeado por ações que contemplem o lúdico, a musicalidade, o movimento, o contato com as diversas linguagens, tendo sempre como premissa a valorização da identidade dos pequenos e construção da autonomia, que é um eixo segundo os Referenciais Curriculares de Educação Infantil (BRASIL, 2007).
       Há uma urgência em se repensar a prática nesses espaços para que o processo educativo aconteça de forma a contemplar as reais necessidades das crianças, onde as mesmas sejam protagonistas, através da participação ativa na construção do seu ambiente, tendo sempre em mente que toda ação, mesmo ela sendo de cuidado é uma ação pedagógica.
Para implementar esse eixo pedagógico principal, as interações e as brincadeiras, é preciso identificar que espaço físicos a creche dispõe, planejar o seu uso, selecionar e organizar os brinquedos e materiais, dispor de equipes que planejem atividades dentro de programas consistentes para as crianças, em conjunto com os pais e a comunidade (BRASIL, 2012, p.109).
       Nessa perspectiva, há de se considerar que o papel do adulto no processo de aprendizagem das crianças é preponderante para o sucesso das mesmas onde a relação professor e aluno deve ser de parceria, em uma constante via de mão dupla baseada na confiança e no respeito e as relações aconteçam dentro de uma linha em que o professor é o mediador da aprendizagem e para isso é imprescindível que o mesmo saiba realmente quais as reais necessidades dos pequenos e com os seus pares sejam organizadas as atividades, o tempo e o espaço onde ocorrerão as vivências pedagógicas.
Diante das constantes adequações no sistema educacional nos últimos anos pela influência das novas tecnologias, há de se pensar que mais do que nunca esse profissional precisa estar antenado com as novas metodologias, porém nunca se esquecendo que trata-se de crianças pequenas, que mais do que acesso a tecnologia, elas precisam ter acesso a uma instituição que se preocupe com o seu bem estar e garanta o seu direito como sujeito ativos e construtores de sua própria história.
       No contexto atual, o educador precisa renovar sua proposta, dando significado as atividades que são oferecidas as crianças, de forma que as mesmas sintam-se parte de um todo organizado e cheio de influências positivas o que contribui diretamente para uma melhor aprendizagem e que, para isso é importante que o mesmo tenha consciência de que é de extrema necessidade uma constante reflexão acerca de sua prática.
       Um ponto a ser observado no ambiente educativo com crianças em fase pré-escolar é conforme diz Oliveira,” para planejar o trabalho na Educação Infantil é preciso conhecer o grupo de crianças, seus interesses, seu desenvolvimento, o grau de autonomia que elas têm para resolver problemas diversos,” (OLIVEIRA et al .2012, p.44).
       Desse modo, não é possível realizar um bom trabalho com crianças pequenas sem ter noção de quem são elas, o que gostam de fazer, onde vivem, suas condições de moradia etc.
       É importante destacar que, além de conhecer os discentes, uma instituição de Educação Infantil que preza pelo bem estar dos seus pequenos, precisa compreender que a qualidade do trabalho realizado passa pela compreensão de que as ações e práticas implementadas precisam ser pensadas de forma coletiva e para isso, deve promover espaços coletivos de estudo, debates e planejamento.
        É importante frisar que o ato educativo envolvendo crianças de 0 a 5 anos de idade está ligado ao ato de cuidar, por isso a relevância do cuidar e educar com algo indissociável e para a realização de um trabalho com eficiência, seja levado em conta que é necessário reconhecer conforme relata Angotti:

Crianças seres íntegros em suas manifestações de singularidade sociabilidade, historicidade e cultura, que, por meio das práticas de educação e cuidado, deverão ter a garantia de seu desenvolvimento pleno, pelas vias da integração entre seus aspectos constitutivos, ou seja, o físico, o emocional, afetivo, cognitivo linguístico e social (ANGOTTI, 2010, p.20).
       É salutar a consciência de que as práticas utilizadas com as crianças de educação infantil, precisam ser vivenciadas de forma integral, de modo que suas especificidades sejam garantidas, não só o aspecto cognitivo seve ser estimulado, mas todos os seus aspectos.
        É importante o reconhecimento de que todas as atividades realizadas com os pequenos devem ser bem planejadas dentro de uma dinâmica que contemplem a organização da rotina de forma flexível, levando em conta a faixa etária dos pequenos e que as atividades da vida diária precisam estar presentes dentro de um processo que as relações sejam valorizadas de forma a assegurar o desenvolvimento dos mesmos, sem reprodução de práticas de outros segmentos. É necessário que o profissional que atua na educação infantil tenha em mente que o trabalho com os pequenos   precisam de uma organização diferente do que é realizado no ensino fundamental.
       A configuração a ser realizada no ambiente educativo precisa ser bem planejado de forma que os espaços da instituição sejam valorizados de forma a contemplar a utilização de todos os ambientes considerando que todos têm o mesmo grau de importância.

Conclusão
        Concluiu-se através do estudo que, a reflexão acerca da prática pedagógica nas unidades de Educação Infantil é muito importante para o sucesso no desenvolvimento das crianças, pois através dos momentos formativos realizados no espaço educativo, tendo como pauta, as relações que são travadas no cotidiano, bem como, a forma como o espaço é organizado na instituição revela a concepção de infância que o adulto tem e que o processo de aprendizagem acontece de forma efetiva, quando há uma relação de confiança entre o adulto e a criança, quando há uma intencionalidade em todas as atividades realizadas dentro de uma lógica de parceria  em que o professor é  o mediador do conhecimento e o seu papel no processo de desenvolvimento das crianças é preponderante para o sucesso das mesmas. A instituição precisa conhecer o grupo de crianças e o contexto que as mesmas estão inseridas, devendo manter em seus quadros profissionais preparados para interagir com os pequenos e cumprir com o papel a que se propõe o segmento da Educação Infantil, aliando o educar e cuidar como algo indissociável.
        É imprescindível que o processo pedagógico com crianças pequenas seja realizado de forma que haja uma valorização do segmento sem que sejam reproduzidas práticas de outro segmento e que  os espaços físicos existentes na instituição, sejam utilizados como palco de atividades ricas sendo eles nas salas de atividades ou nos espaços externos sejam utilizados como palco de atividades ricas dentro de um planejamento com metas claras e objetivas que contemple o lúdico, as interações e as brincadeiras, a musicalidade e que a essas atividades, como também os vários espaços utilizados, seja atribuída o mesmo grau de importância.
       Enfim, um conjunto de esforços empreendidos pelos autores envolvidos no processo de desenvolvimento das crianças, através de momentos reflexivos, sendo individual ou coletivo é um indicativo de que o trabalho é realizado com qualidade quando as inciativas têm como foco unicamente o sucesso dos pequenos, sendo os professores e as crianças beneficiadas pela organização e o planejamento que fortalece as relações travadas no ambiente educativo.


REFERÊNCIAS
ANGOTTI, Maristela. Educação Infantil para que, para quem e por que? In: Angotti, Maristela (Org) Educação infantil para que, para quem e por que? 3 ed. Campinas: Alínea,2010.
BRASIL, Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica, Referencias de Educação Infantil. Brasília: MEC/SEB,2007.
BRASIL, Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica, Brinquedos e Brincadeiras nas creches: manual de orientação pedagógica. Brasília: MEC/SEB, 2012.
OLIVEIRA, Zilma Ramos (Org) et al. O trabalho do professor de Educação Infantil, projetos e práticas. 1 ed. São Paulo: Biruta, 2012.









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