Miranery Amorim Souza
RESUMO
O
Objetivo deste artigo é refletir acerca da importância da reflexão na prática do
professor de educação infantil e visa
investigar como deve ser organizado e utilizado o ambiente das instituições que
atendem crianças de 0 a 5 anos, de forma que seja um espaço estimulador para o
desenvolvimento dos pequenos Realizou-se uma pesquisa bibliográfica
considerando as contribuições de autores como Oliveira (2007), Angotti (2010), entre outros que enfatizam a
importância do planejamento do uso do espaço educativo para que o processo de
desenvolvimento das crianças pequenas aconteça de forma prazerosa e efetiva.
Concluiu-se que é crucial a utilização de todos os espaços existentes na
unidade, que o lúdico precisa estar presente em todos os momentos da rotina e
os autores envolvidos no processo precisam sempre buscar o bem estar das
crianças, e que só é possível obter sucesso tendo um planejamento com metas
claras e alcançáveis, fazendo-se necessária que a instituição que atenda crianças
de educação infantil, promova momentos de estudo e reflexão.
PALAVRAS
CHAVES: Ambiente, Consciência,
Espaço, Reflexão.
Introdução
Esse
artigo analisa o sentido da reflexão na prática do professor de educação
infantil, chamando atenção para a importância de momentos reflexivos no espaço
escolar, passando pela tomada de consciência de que a criança atribui ao espaço
educativo grande importância.
Neste sentido é evidenciado a importância
da reflexão e dos momentos coletivos de estudo e planejamento na Unidade
escolar, tendo como questionamentos:
· Até
que ponto a reflexão acerca da prática pedagógica é importante para o
desenvolvimento das crianças?
· Como
deve ser a participação do adulto no processo de desenvolvimento dos pequenos?
A reflexão em
torno da educação infantil, seja individual ou coletivo acerca do que é trabalhado,
ou seja, a respeito das práticas pedagógicas que são vivenciadas com as
crianças é de crucial importância para a qualidade do trabalho pedagógico do
professor, pois muitas vezes as decisões são domadas isoladamente, de forma
intuitivamente, sem um planejamento prévio que norteei o trabalho, fazendo
surgir equívocos que prejudicam o processo pedagógico com os pequenos. Quando se fala em processo de interação pressupõem-se os estímulos
trocados entre os sujeitos nas relações sociais que desencadearão em
comportamentos negativos ou positivos.
Tendo em vista
que a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional-LDB (Lei n 9.394/96)
determina que o objetivo da Educação infantil é o desenvolvimento integral das
crianças em seus aspectos físicos, cultural e social, é necessário a oferta de
experiências ricas que contemplem os vários aspectos a serem trabalhados nesse
processo. Daí a importância de se refletir acerca do que é ofertado aos
pequenos na instituição, desde a organizado do ambiente nos espaços educativos,
bem como, a participação do adulto no processo educativo.
Vários autores reconhecem a Educação
Infantil como uma fase importante para o desenvolvimento da criança, porém
todos eles demonstram preocupação com o que é oferecido as mesmas, nas
instituições.
Angotti, (2010, p.19) comenta que ”o
período da infância é sim uma etapa singular da vida do ser humano, momento
mágico, único do desenvolvimento e para tanto deve estar planejado,
estruturado”.
Sendo a prática do professor, um ponto a
ser minuciosamente pensado e planejado para um atendimento com qualidade e
dependendo de como são organizados os espaços e as atividades, é percebido
nitidamente a concepção que o adulto tem da infância.
Nesse contexto, o objetivo primordial
desse estudo é analisar a importância da reflexão na prática do professor de
Educação Infantil, desde a organização dos espaços, nas relações que são
travadas, na organização do tempo e como as atividades são pensadas.
Para alcançar os objetivos propostos,
utilizou-se como recurso metodológico, a pesquisa bibliográfica, realizada a
partir da análise de materiais já existentes na literatura da área.
O texto final foi fundamentado nas ideias
e concepções dos autores como:
Angotti (2010), Brasil(2007), Oliveira et
al(2012).
Desenvolvimento
A
história da Educação infantil no Brasil é muito recente. Até bem pouco tempo o
atendimento a crianças nessa faixa etária praticamente não existia, surgindo
então a necessidade desse atendimento a partir da abolição da escravatura
quando a população migrou do campo para as grandes cidades de forma que surgiu
uma melhor condição para o desenvolvimento cultural e tecnológico, iniciando
assim, o processo de industrialização e urbanização. Tal fato mudou a estrutura
familiar, fazendo com que a mulher, antes que antes era responsável apenas pelo
cuidado doméstico, passasse também a ser provedora de recurso para a família.
Essa é uma situação que tem se firmado ao longo do tempo e que é cada vez mais
presente na realidade das famílias Brasileiras. Daí a importância de oferecer
um atendimento com qualidade para as crianças, onde as mesmas sejam estimuladas
a vivenciarem experiências diversas. Porém, há de se considerar que um
atendimento com qualidade está diretamente ligado ao que é ofertado nas
instituições, bem como esse atendimento é planejado e se há uma reflexão acerca
do que é trabalhado e como essas vivências são realizadas no ambiente educativo.
É bom lembrar que o contexto coletivo em que
as crianças estão inseridas dentro desses espaços, difere do ambiente familiar
e exigem uma organização diferente do que é vivenciado no núcleo familiar.
É importante que o professor tenha os
objetivos claros a serem alcançados com os pequenos, como também conhecer como
acontece o processo de desenvolvimento infantil.
Nesse
contexto, fica claro e que a reflexão é muito importante na formação docente e
na tomada de decisão quanto a melhoria de sua prática, visando o seu
crescimento enquanto profissional que zela pelos direitos das crianças, também
passando pela consciência do que é feito no espaço educativo, sua
intencionalidade em cada ação que é realizada, valendo destacar o papel da sua auto
formação como algo que é de crucial importância.
Nesse
contexto, a ação educativa dentro das instituições que atendem crianças
pequenas precisa de muito planejamento por parte de todos os atores envolvidos
no processo e o currículo deve ser permeado por ações que contemplem o lúdico,
a musicalidade, o movimento, o contato com as diversas linguagens, tendo sempre
como premissa a valorização da identidade dos pequenos e
construção da autonomia, que é um eixo segundo os Referenciais Curriculares de
Educação Infantil (BRASIL, 2007).
Há uma urgência em se repensar a prática
nesses espaços para que o processo educativo aconteça de forma a contemplar as
reais necessidades das crianças, onde as mesmas sejam protagonistas, através da
participação ativa na construção do seu ambiente, tendo sempre em mente que
toda ação, mesmo ela sendo de cuidado é uma ação pedagógica.
Para implementar esse eixo pedagógico
principal, as interações e as brincadeiras, é preciso identificar que espaço
físicos a creche dispõe, planejar o seu uso, selecionar e organizar os
brinquedos e materiais, dispor de equipes que planejem atividades dentro de
programas consistentes para as crianças, em conjunto com os pais e a comunidade (BRASIL, 2012, p.109).
Nessa perspectiva, há de se considerar
que o papel do adulto no processo de aprendizagem das crianças é preponderante
para o sucesso das mesmas onde a relação professor e aluno deve ser de
parceria, em uma constante via de mão dupla baseada na confiança e no respeito
e as relações aconteçam dentro de uma linha em que o professor é o mediador da
aprendizagem e para isso é imprescindível que o mesmo saiba realmente quais as
reais necessidades dos pequenos e com os seus pares sejam organizadas as
atividades, o tempo e o espaço onde ocorrerão as vivências pedagógicas.
Diante
das constantes adequações no sistema educacional nos últimos anos pela
influência das novas tecnologias, há de se pensar que mais do que nunca esse
profissional precisa estar antenado com as novas metodologias, porém nunca se
esquecendo que trata-se de crianças pequenas, que mais do que acesso a
tecnologia, elas precisam ter acesso a uma instituição que se preocupe com o
seu bem estar e garanta o seu direito como sujeito ativos e construtores de sua
própria história.
No contexto atual, o educador precisa
renovar sua proposta, dando significado as atividades que são oferecidas as
crianças, de forma que as mesmas sintam-se parte de um todo organizado e cheio
de influências positivas o que contribui diretamente para uma melhor
aprendizagem e que, para isso é importante que o mesmo tenha consciência de que
é de extrema necessidade uma constante reflexão acerca de sua prática.
Um ponto a ser observado no ambiente
educativo com crianças em fase pré-escolar é conforme diz Oliveira,” para
planejar o trabalho na Educação Infantil é preciso conhecer o grupo de
crianças, seus interesses, seu desenvolvimento, o grau de autonomia que elas
têm para resolver problemas diversos,” (OLIVEIRA et al .2012, p.44).
Desse modo, não é possível realizar um
bom trabalho com crianças pequenas sem ter noção de quem são elas, o que gostam
de fazer, onde vivem, suas condições de moradia etc.
É importante destacar que, além de
conhecer os discentes, uma instituição de Educação Infantil que preza pelo bem estar
dos seus pequenos, precisa compreender que a qualidade do trabalho realizado
passa pela compreensão de que as ações e práticas implementadas precisam ser
pensadas de forma coletiva e para isso, deve promover espaços coletivos de
estudo, debates e planejamento.
É
importante frisar que o ato educativo envolvendo crianças de 0 a 5 anos de
idade está ligado ao ato de cuidar, por isso a relevância do cuidar e educar
com algo indissociável e para a realização de um trabalho com eficiência, seja
levado em conta que é necessário reconhecer conforme relata Angotti:
Crianças seres íntegros em suas manifestações
de singularidade sociabilidade, historicidade e cultura, que, por meio das
práticas de educação e cuidado, deverão ter a garantia de seu desenvolvimento
pleno, pelas vias da integração entre seus aspectos constitutivos, ou seja, o
físico, o emocional, afetivo, cognitivo linguístico e social (ANGOTTI, 2010,
p.20).
É salutar a consciência de que as
práticas utilizadas com as crianças de educação infantil, precisam ser vivenciadas
de forma integral, de modo que suas especificidades sejam garantidas, não só o
aspecto cognitivo seve ser estimulado, mas todos os seus aspectos.
É
importante o reconhecimento de que todas as atividades realizadas com os
pequenos devem ser bem planejadas dentro de uma dinâmica que contemplem a
organização da rotina de forma flexível, levando em conta a faixa etária dos
pequenos e que as atividades da vida diária precisam estar presentes dentro de
um processo que as relações sejam valorizadas de forma a assegurar o
desenvolvimento dos mesmos, sem reprodução de práticas de outros segmentos. É
necessário que o profissional que atua na educação infantil tenha em mente que
o trabalho com os pequenos precisam de
uma organização diferente do que é realizado no ensino fundamental.
A configuração a ser realizada no
ambiente educativo precisa ser bem planejado de forma que os espaços da
instituição sejam valorizados de forma a contemplar a utilização de todos os
ambientes considerando que todos têm o mesmo grau de importância.
Conclusão
Concluiu-se
através do estudo que, a reflexão acerca da prática pedagógica nas unidades de
Educação Infantil é muito importante para o sucesso no desenvolvimento das
crianças, pois através dos momentos formativos realizados no espaço educativo, tendo
como pauta, as relações que são travadas no cotidiano, bem como, a forma como o
espaço é organizado na instituição revela a concepção de infância que o adulto
tem e que o processo de aprendizagem acontece de forma efetiva, quando há uma
relação de confiança entre o adulto e a criança, quando há uma intencionalidade
em todas as atividades realizadas dentro de uma lógica de parceria em que o professor é o mediador do conhecimento e o seu papel no
processo de desenvolvimento das crianças é preponderante para o sucesso das
mesmas. A instituição precisa conhecer o grupo de crianças e o contexto que as
mesmas estão inseridas, devendo manter em seus quadros profissionais preparados
para interagir com os pequenos e cumprir com o papel a que se propõe o segmento
da Educação Infantil, aliando o educar e cuidar como algo indissociável.
É
imprescindível que o processo pedagógico com crianças pequenas seja realizado
de forma que haja uma valorização do segmento sem que sejam reproduzidas
práticas de outro segmento e que os
espaços físicos existentes na instituição, sejam utilizados como palco de
atividades ricas sendo eles nas salas de atividades ou nos espaços externos
sejam utilizados como palco de atividades ricas dentro de um planejamento com
metas claras e objetivas que contemple o lúdico, as interações e as
brincadeiras, a musicalidade e que a essas atividades, como também os vários
espaços utilizados, seja atribuída o mesmo grau de importância.
Enfim, um conjunto de esforços
empreendidos pelos autores envolvidos no processo de desenvolvimento das
crianças, através de momentos reflexivos, sendo individual ou coletivo é um
indicativo de que o trabalho é realizado com qualidade quando as inciativas têm
como foco unicamente o sucesso dos pequenos, sendo os professores e as crianças
beneficiadas pela organização e o planejamento que fortalece as relações
travadas no ambiente educativo.
REFERÊNCIAS
ANGOTTI,
Maristela. Educação Infantil para que, para quem e por que? In: Angotti,
Maristela (Org) Educação infantil para que, para quem e por que? 3 ed.
Campinas: Alínea,2010.
BRASIL,
Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica, Referencias de Educação
Infantil. Brasília: MEC/SEB,2007.
BRASIL,
Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica, Brinquedos e
Brincadeiras nas creches: manual de orientação pedagógica. Brasília: MEC/SEB,
2012.
OLIVEIRA,
Zilma Ramos (Org) et al. O trabalho do professor de Educação Infantil, projetos
e práticas. 1 ed. São Paulo: Biruta, 2012.
Nenhum comentário:
Postar um comentário