Mônica Dias de Souza Almeida
Desde
que a instituição escola foi de fato oficializada, muitas mudanças na sociedade
foram vistas. Na atualidade necessitamos
de uma escola viva, significativa, com o conhecimento sendo a cada instante
saboreado pelos protagonistas que dela fazem parte. Dentro desse cenário temos os professores. Como deve ser a
formação dos professores para essa escola?
A formação dos professores na atualidade exige que os
mesmos tenham diversas ações pautadas nos saberes profissionais, na reflexão e
na pesquisa.
Para Souza (2014) o professor do século XXI deve ter
vários objetivos em sua vivência: ser reflexivo, utilizar os saberes docentes,
ter uma formação interdisciplinar, possuir uma boa relação professor-aluno,
utilizar o planejamento como ferramenta para evitar os embaraços do improviso,
saber trabalhar incluindo todos os alunos com necessidades específicas,
transformar os conteúdos em situações de aprendizagem e saber trabalhar em
equipe. São muitos os desafios para os professores na atualidade.
Aqui, iremos abordar o professor reflexivo e a
epistemologia da prática. Segundo Brito (2006), o professor reflexivo traduz-se
na capacidade de ver a prática como espaço/momento de reflexão crítica,
problematizando a realidade pedagógica, bem como analisando refletindo e
reelaborando, criticamente, os caminhos de sua ação de modo a resolver os
conflitos construindo e reconstruindo seu papel no exercício profissional.
O termo profissional reflexivo surge em 1983 através do
livro The Refletive Practitioner de Donald Schön no princípio escrito para
outros profissionais, nele o autor baseado nas ideias de John Dewey, coloca que
os saberes construídos na ação são de grande importância.
De acordo com Dorigon e Romanowski (2008) na concepção de
Dewey, pensamento reflexivo tem uma função instrumental, origina-se no
confronto com situações problemáticas, e sua finalidade e prover o professor de
meios mais adequados de comportamento para enfrentar essas situações.
Situações problema fazem parte da rotina diária das
nossas escolas. Dewey coloca que podemos seguir cinco passos para atuarmos
frente a essas situações de forma a não separar o pensamento e o sentimento da
ação. Assim, em sequência temos: o problema, a análise, a hipótese (possíveis
soluções), o raciocínio e por último a verificação da hipótese.
Quando
não se tem uma experiência reflexiva dificilmente se chegará a uma experiência
significativa.
A
experiência reflexiva é o pensar sobre a ação e o efeito desta, pois quando
pensamos e refletimos sobre a ação e sua consequência, esse elemento de pensar
muda para uma experiência de mais qualidade, mais significativa e, portanto,
reflexiva (DEWEY apud DORIGON; ROMANOWSKI, 2008, p.12).
Donald Schön,
atualmente é apontado por muitos autores pois, suas ideias são de grande
relevância para a área de formação de professores, visto que os mesmos necessitam da análise frequente de suas ações.
Há a
reflexão na ação, a reflexão sobre a ação e a reflexão sobre a ação na ação,
sendo que as duas primeiras são separadas apenas pelo momento que acontecem: a
primeira ocorre durante a prática e a segunda depois do acontecimento da
prática, ou seja, quando a ação é revista e analisada fora do contexto. E nessa
reflexão sobre a ação que tomamos consciência do conhecimento. ( SHÖN apud DORIGON;
ROMANOWSKI, 2008, p. 14).
Desta forma, Schön quando pensa em um ensino reflexivo,
coloca que todos os envolvidos nesse processo devem refletir sobre sua própria
ação e em segundo plano na ação coletiva. “
O desenvolvimento de uma ensino prático reflexivo pode somar-se a novas formas
de pesquisa sobre a prática e de educação para essa prática, para criar um
momento de ímpeto próprio, ou mesmo algo que se transmita por contágio ( SCHÖN
apud DORIGON ; ROMANOWSKI, 2008, p.16).
Até aqui falamos
na necessidade de reflexão constante dos professores em suas ações cotidianas. Outras
ações fazem parte da epistemologia da prática dos profissionais docentes. Entende-se
por “epistemologia da prática profissional o estudo do conjunto dos saberes
utilizados realmente pelos profissionais em seu espaço de trabalho cotidiano
para desempenhar todas as tarefas” (TARDIF, 2000, p. 10). Nesse sentido, epistemologia
da prática seria então a experiência do profissional que deve de fato se dá
conjuntamente teoria x prática.
Dessa
maneira a teoria seria então: os conhecimentos especializados que devem ser
adquiridos por meio de uma longa formação de alto nível, a maioria das vezes de
natureza universitária ou equivalente. Essa formação é sancionada por um
diploma que possibilita o acesso a um título profissional, título esse que
protege um determinado território profissional contra a invasão dos
não-diplomados e dos outros profissionais (TARDIF, 2000, p. 6).
Em contrapartida, muitos estudiosos se
questionam sobre o papel das universidades nesse processo de aquisição das
teorias, uma vez que esse processo em sua grande maioria se dá de forma
disciplinar.
Tardif (2000), nos coloca ainda que, o fazer docente nos
espaços educativos vai muito além das teorias que os mesmos adquirem nas
universidades. Professores são profissionais que se colocam no universo da sua
profissão no momento que iniciam sua escolarização. Assim, já trazem consigo os
saberes profissionais que os formaram no decorrer de suas carreiras. São
saberes pessoais que provém da sua história de vida e cultura, mas são também
adquiridos no decorrer da formação dentro do ambiente escolar.
Os
professores dispõem, evidentemente, de um sistema cognitivo, mas eles não são
somente cognitivos, coisa que muitas vezes esquecidas. Um professor tem uma
história de vida, e um ator social, tem emoções, um corpo, poderes, uma
personalidade, uma cultura, ou mesmo culturas, e seus pensamentos e ações
carregam as marcas dos contextos nos quais são inseridos (TARDIF, 2000, p. 15).
Enfim, uma prática voltada para reflexão é de
suma importância, pois irá refletir na prática do professor, na escola, na
convivência com os demais integrantes da equipe pedagógica e principalmente no
aluno. Bem como os saberes docentes, apontados por Tardif, como primordiais e
que devem ser considerados, quando falamos da formação docente, pois a formação
inicial ou continuada além da acadêmica
requer uma constante mobilização dos saberes adquiridos em diversas situações
de vivência pelo docente.
Referências :
BRITO, A E. Osignificado da reflexão na prática docente e na produção dos saberes profissionais do/a professor/a.
In: Revista Iberoamericana de Educación N° 37/38,2006.
DORIGON, Camargo Thaisa e ROMANOWSKI,
Joana Paulin. Reflective
Approach in Dewey and Schön. Revista Intersaberes. N° 5, p. 8-22, jan/jul, 2008.
SOUZA, Gleicione Aparecida Dias
Bagne. Qual o perfil do professor do
século XXI? Revista Recorte-revista eletrônica. N° 1, p. 3, jan-jun,2014.
TARDIF, Maurice. Saberes profissionais dos professors e conhecimento universitários:
Elementos para uma epistemologia da prática profissional dos professores e suas
consequências em relação à formação para o magistério. Revista Brasileira
de Educação. N° 13, p. 5-13,jan/fev/mar/abr, 2000.
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