terça-feira, 6 de fevereiro de 2018

Educação e Contemporaneidade: Tecnologias de Produção



Marcelo Forte Bezerra
           
            O século XXI demanda do professor inovações metodológicas, como o uso de Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC’s), pois vivemos numa época em que estar conectado às redes sociais e aplicativos que nos trazem as notícias em tempo real é cada vez mais atrativo. Por outro lado, a sociedade capitalista nos cobra uma produtividade cada vez mais intensa (volume de informações), exigindo-nos mais carga horária de serviço e dedicação. Mas será que já paramos para analisar os prejuízos dessa empreitada tecnológica e capitalista? Estamos fazendo bom uso de todo esse aparato?
            Ao chegar numa pizzaria, deparei-me com uma cena inusitada: uma família sentada à mesa, aguardando o seu pedido. Até aí tudo bem. Mas o que me deixou perplexo foi o fato de que cada membro se comunicava  individualmente pelo seu aparelho de celular, e não havia quase interação entre as pessoas que compunham aquele ambiente. As crianças às vezes queriam dirigir alguma pergunta, mas não recebiam muita atenção dos adultos. Pude perceber que dois irmãos conversavam entre si, mas pelo aplicativo de celular.
            Sabemos que durante a história da humanidade, a experiência foi “desclassificada” pelo positivismo, que priorizava a razão, em detrimento dos sentidos. Para Descartes, o que viesse do corpo era maléfico, instigando as pessoas a uma viagem pelas profundezas do pensamento, evitando a experiência. Até hoje ouvimos frases como: “precisamos agir pela razão, e não pela emoção !”. Como se fosse possível fazer uma separação efetiva entre essas duas categorias.
            A complexidade dos dias atuais surge como reveladora de uma mudança na postura do professor, em que paradigmas positivistas precisam ser quebrados. Nasceu a interdisciplinaridade, como forma de enfrentamento dessa realidade, em que não se conseguia mais enxergar o mundo de forma fragmentada, em “compartimentos”, mas necessitava vê-lo como um todo.
            O currículo da educação básica no Brasil é dividido em disciplinas, fragmentado em aulas de cinquenta minutos, que na maioria das vezes não se conectam. Tal situação não permite ao estudante construir um pensamento crítico e ativo perante a sociedade. O capitalismo se beneficia dessa construção curricular, uma vez que gerar mentes passivas e não críticas torna-se mais fácil para que a elite dominante governe o nosso país.
            Precisamos enfrentar a complexidade dos dias atuais, e a simples inserção das tecnologias não trazem inovação. Precisamos indagar como estamos fazendo uso desse aparato. É preciso introduzir práticas pedagógicas que façam uso das TIC’s, como forma de ampliar os espaços de discussão, estabelecendo uma escola democrática, “sem muros”. É necessário, também, questionar a quem estamos servindo: à uma produção em massa (neoliberal), ou à geração de novos conhecimentos realmente relevantes à sociedade.


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