Marcelo Forte Bezerra
O século XXI demanda do professor inovações metodológicas, como o uso
de Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC’s), pois vivemos numa época em
que estar conectado às redes sociais e aplicativos que nos trazem as notícias
em tempo real é cada vez mais atrativo. Por outro lado, a sociedade capitalista
nos cobra uma produtividade cada vez mais intensa (volume de informações),
exigindo-nos mais carga horária de serviço e dedicação. Mas será que já paramos
para analisar os prejuízos dessa empreitada tecnológica e capitalista? Estamos
fazendo bom uso de todo esse aparato?
Ao chegar numa pizzaria, deparei-me com uma cena inusitada: uma
família sentada à mesa, aguardando o seu pedido. Até aí tudo bem. Mas o que me
deixou perplexo foi o fato de que cada membro se comunicava individualmente pelo
seu aparelho de celular, e não havia quase interação entre as pessoas que
compunham aquele ambiente. As crianças às vezes queriam dirigir alguma
pergunta, mas não recebiam muita atenção dos adultos. Pude perceber que dois
irmãos conversavam entre si, mas pelo aplicativo de celular.
Sabemos que durante a história da humanidade, a experiência foi
“desclassificada” pelo positivismo, que priorizava a razão, em detrimento dos
sentidos. Para Descartes, o que viesse do corpo era maléfico, instigando as
pessoas a uma viagem pelas profundezas do pensamento, evitando a experiência.
Até hoje ouvimos frases como: “precisamos agir pela razão, e não pela emoção
!”. Como se fosse possível fazer uma separação efetiva entre essas duas
categorias.
A complexidade dos dias atuais surge como reveladora de uma mudança na
postura do professor, em que paradigmas positivistas precisam ser quebrados.
Nasceu a interdisciplinaridade, como forma de enfrentamento dessa realidade, em
que não se conseguia mais enxergar o mundo de forma fragmentada, em
“compartimentos”, mas necessitava vê-lo como um todo.
O currículo da educação básica no Brasil é dividido em disciplinas,
fragmentado em aulas de cinquenta minutos, que na maioria das vezes não se
conectam. Tal situação não permite ao estudante construir um pensamento crítico
e ativo perante a sociedade. O capitalismo se beneficia dessa construção
curricular, uma vez que gerar mentes passivas e não críticas torna-se mais
fácil para que a elite dominante governe o nosso país.
Precisamos enfrentar a complexidade dos dias atuais, e a simples
inserção das tecnologias não trazem inovação. Precisamos indagar como estamos
fazendo uso desse aparato. É preciso introduzir práticas pedagógicas que façam
uso das TIC’s, como forma de ampliar os espaços de discussão, estabelecendo uma
escola democrática, “sem muros”. É necessário, também, questionar a quem
estamos servindo: à uma produção em massa (neoliberal), ou à geração de novos
conhecimentos realmente relevantes à sociedade.
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