Ilze Braga de
Carvalho Nobre
Gosto
de pensar a experiência a partir da prática, a partir da experiência da
prática. É fácil ouvir tal palavra e remeter aos mais idosos falando e
afirmando: “ eu sei”, “ já passei por isso” “ eu sei o que estou fazendo...” e
até: “você quer saber mais do eu?”. Tais expressões podem revelar sabedoria mas também certa
prepotência quando o saber oriundo das vivencias não passam pelo crivo da
reflexão. Há também aqueles que sabem muito e que sabem silenciar, que refletem antes de despejar suas experiências em cima dos mais
jovens. Esses sim, por causa da “reflexão” sabem o real significado de compartilhar
as experiências. Mas qual foi a causa de iniciar o texto assim? Talvez foram as experiências vividas e
refletidas que me levaram a saber lidar com muitos tipos de pessoas.
Prefiro
pensar a experiência de modo mais simples, partindo de autores e que vêm na
prática, mais especialmente, na práxis,
como um combustível para se chegar a experiência no seu sentido mais profundo. Quando
se compreende a metodologia pensada e utilizada por Paulo Freire em seus processos
de formação, percebe-se sua capacidade de interação com o outros em uma relação
que acontece de forma respeitosa, natural e de reconhecimento do conhecimento
expresso por outrem. É nesta perspectiva que se observa que o conhecimento deve
ser potência de humanos, que humanizam e se deixam humanizar.
Olhando
para o termo experiência e de onde ele vem é possível concordar com Amatuzzi, (2007): Em Psicoterapia e mesmo em educação uma coisa
é clara: O que move a pessoa não são as ideias abstratas, mas a experiência
vivenciada. As ideias podem abrir caminhos, mas dar passos por esses caminhos é
uma questão de experiência.
Em
minhas vivências e experiências como profissional da área de psicologia e de
docente, sempre busquei levar o conhecimento relacionando com coisas que
fizessem sentido aos educandos, buscando sempre relações entre o conhecimento a
ser adquirido e as vivencias/experiências dos educandos. Não só relacionar, mas promover espaços
formativos, pois a “ aprendizagem por via da experiência é um processo material
e intrínseco a essência do ser humano”. (Cavaco, 2009)
Enfim,
pensar a experiência a partira da epistemologia da prática faz todo o sentido,
uma vez que a prática é fundamental
para chegar às vivencias e experiências.
Importante também pensar a reflexão para além dos espaços formativos mas
para espaços de vida: família, trabalho, lazer e escola.
Referências:
ALARCÃO, I. Professores reflexivos em
uma escola reflexiva. São Paulo: Cortez,
2003.
AMATUZZI, M.
Experiência: um termo chave para a Psicologia.
Memorandum, 13, 0815. 2007. Retirado em 13
/10 /2017 da World Wide
Wehttp://www.fafich.ufmg.br/~memorandum/a13/amatuzzi05.pdf
CAVACO,
C. Experiência e formação experiencial: a especificidade dos adquiridos
experienciais. Educação Unisinos 13(3):220-227, setembro/dezembro 2009.
FORTUNA, Volnei. A relação teoria e prática na
educação em Freire. Revista Brasileira de Ensino Superior,
Passo Fundo, v. 1, n. 2, p. 64-72, jan. 2016. ISSN 2447-3944. Disponível em:
<https://seer.imed.edu.br/index.php/REBES/article/view/1056>. Acesso em: 13 out. 2017. doi:https://doi.org/10.18256/2447-3944/rebes.v1n2p64-72.
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